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Nordeste além da água de coco

Empreendedorismo e privatizações são a solução, não o governo

 (Pixabay/Reprodução)
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Etiqueta Financeira

Publicado em 25 de abril de 2019 às, 10h59.

Última atualização em 25 de abril de 2019 às, 10h59.

Neste momento que escrevo este artigo, estou em um intervalo entre palestras que faço no Nordeste.  Esta região é a que possui o maior número de estados do Brasil, nove no total: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Se caracteriza por quatro paisagens naturais diferentes, claro que paisagem e clima guardam uma correlação muito íntima. São: o Meio-Norte, prolongamento da Amazônia; o Sertão, que corresponde à área mais seca; a Zona da Mata, ocorre nos trechos mais úmidos no litoral e finalmente, o Agreste, transição entre as áreas secas e úmidas. Desde os séculos XVI e XVII, a região destaca-se na produção da cana de açúcar, mas também cultiva soja, algodão, cacau e feijão.

Mas são o coco e as frutas tropicais como a manga, o abacaxi, o caju, a banana, a acerola e a goiaba que já ganharam até fama internacional. Sim a exportação de frutas é forte na região e, faz parte do agronegócio com muito valor agregado, longe de ser uma commoditie como a soja, por exemplo.

A água de coco faz parte do cenário das encantadoras praias nordestinas, destino de milhões de turistas brasileiros e estrangeiros todos os anos. E quem nunca provou os abacaxis da Paraíba, famoso em todos o País? Também é preciso lembrar da produção das deliciosas uvas de mesa cultivadas em pleno sertão nordestino, como no Vale do São Francisco, com temperaturas que chegam a 40ºC. Além da fruta, são produzidos vinhos e espumantes de grande qualidade.

Usando até tecnologia importada de Israel, a atividade vem gerando emprego e renda. Interessante destacar que a tecnologia tem driblado até mesmo os climas mais hostis. Israel, por exemplo, tem, na agricultura, um dos aspectos econômicos mais desenvolvidos, se você um dia for a Telaviv, visite o museu da independência, lá saberá que as pessoas que idealizaram o país sabiam da importância da segurança alimentar. Impossível manter pessoas em uma terra que não nasceram se passarem fome. Foram tão bem sucedidos que hoje inclusive exportam vários produtos hortifruti, cultivados em solos desérticos e com pouca chuva. Apenas 20% das terras daquele país são aráveis. Israel é líder mundial em pesquisa agrícola e boa parte desse conhecimento vem sendo empregado no nordeste brasileiro, principalmente no que se refere à irrigação.

Só mais um exemplo de que a necessidade é amiga da criatividade e nos tira do conforto.

Mesmo diante dos avanços oportunizados por novas tecnologias, boa parte do nordeste ainda enfrenta as conseqüências da seca. É preciso investir mais em saneamento para que os habitantes do sertão tenham melhor acesso à água, um bem indispensável para a sobrevivência de milhares de pessoas, além da produção agrícola e agropecuária.

Os investimentos públicos para melhorar as condições das estradas, tanto para a locomoção, como para o escoamento da produção parecem ser insuficientes. Que tal seria inserir privatizações rodoviárias e ferroviárias na região? Nesse aspecto, convém lembrar a importância de outras alternativas de transporte como o fluvial e, para as grandes distâncias, as ferrovias.  

No mais, o nordeste possui um potencial turístico ímpar, com praias paradisíacas, de tonalidades variadas, sol o ano inteiro, piscinas naturais, os lençóis maranhenses, as dunas, os passeios de dromedário, de buggy, de jangada ou escuna. Tem, ainda, a sua variada gastronomia que vai dos fast-foods como a tapioca e o acarajé até pratos requintados com lagosta e camarão. E o artesanato? Quanta criatividade! Por falar nisso, que tal deitar-se numa rede, bebendo água de coco, à sombra de um coqueiro e apreciando as belezas naturais do nordeste?

Turismo, exportação de frutas podem ser muito fomentados no Nordeste, isso pode ser a base natural do desenvolvimento de vocações e talentos de empreendedores locais.

Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro