INFLAÇÃO – Péssimo para você e ótimo para o governo
O mundo real nos mostra um PIB em queda de 3,8%, o IGPM de 12,08% no acumulado de 12 meses, e a dívida do Brasil crescendo. Entre a decisão de conter a inflação ou estimular a economia, o COPOM – comitê de política econômica – decidiu manter a taxa de juros básicas (SELIC) em 14,25% ao ano. Há quem diga que foi para não combalir ainda mais o PIB. Há […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2016 às 17h17.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h45.
O mundo real nos mostra um PIB em queda de 3,8%, o IGPM de 12,08% no acumulado de 12 meses, e a dívida do Brasil crescendo. Entre a decisão de conter a inflação ou estimular a economia, o COPOM – comitê de política econômica – decidiu manter a taxa de juros básicas (SELIC) em 14,25% ao ano. Há quem diga que foi para não combalir ainda mais o PIB. Há quem diga que por acreditar que essa taxa aliada à recessão conterá a inflação.
Minha opinião é de que não importa o caminho (ou o não caminho) adotado na taxa de juros, nada vai mudar. O fato é que a inflação que é péssima para nós, é ótima para o governo. Por isso o governo priorizou ao não conter a inflação. Por conta disso veremos o IPCA aumentar, devendo passar de 11% nas próximas leituras e podendo chegar a 15% em 2016. Torçam para eu estar errado.
Repare que ultimamente uma onda de racionalização otimista quase nos faz acreditar que o aumento do desemprego, causaria diminuição no consumo e, por conta disso, o comércio pararia de aumentar seus preços para continuar a vender e manter suas portas abertas.
Eu grifei a palavra quase pois, isso não passa de um sofisma econômico. Na prática os custos dos comerciantes como aluguéis, salários, impostos pagos, aumento de preços de mercadorias seja por conta do clima, de cartéis ou da simples inércia inflacionária (leia-se indexação) continuarão em elevação. O repasse ao consumidor acontecerá pois, se não ocorrer o comerciante não pagará suas contas.
O mesmo ocorre com o assalariado. Veja na tabela o que ocorre com um assalariado que hoje tem a vida equilibrada. Recebe 4.000,00 gasta 3.500,00 e ainda tem uma reposição salarial de 5% ao ano. Algo muito próximo do que vemos na prática, no mundo real.
Com uma inflação de 10,5% ao mês comendo solta sobre seus gastos corriqueiros (água, telefone, luz, material escolar, roupas, alimentos, etc.) em 36 meses sua vida estará endividada e, portanto desequilibrada. Sua única saída seria aumentar a renda que, ao contrário do governo faz isso por decreto, demandaria muito esforço e trabalho.
Mas por quê é ótimo para o governo? A inflação é ótima para o governo pois suas contas a receber (impostos) são indexados, ou seja, conta de luz sobe, os impostos arrecadados sobre o valor pago é maior. E o mesmo ocorre em absolutamente tudo que se consome.
Ao mesmo tempo as contas a pagar do governo, ao contrário das nossas, não são indexadas tão diretamente. Aumentos de gastos com salários, investimentos, projetos e até programas sociais dependem de aprovações no legislativo. Próprio reajuste do salário mínimo considera a fórmula de inflação + média de crescimento do PIB dos dois últimos anos. E quanto cresceu a o PIB? Zero em 2015 e temos projeção de queda de 3% em 2016.
Ou seja, a inflação que é péssima para você é ótima para o governo.
O mundo real nos mostra um PIB em queda de 3,8%, o IGPM de 12,08% no acumulado de 12 meses, e a dívida do Brasil crescendo. Entre a decisão de conter a inflação ou estimular a economia, o COPOM – comitê de política econômica – decidiu manter a taxa de juros básicas (SELIC) em 14,25% ao ano. Há quem diga que foi para não combalir ainda mais o PIB. Há quem diga que por acreditar que essa taxa aliada à recessão conterá a inflação.
Minha opinião é de que não importa o caminho (ou o não caminho) adotado na taxa de juros, nada vai mudar. O fato é que a inflação que é péssima para nós, é ótima para o governo. Por isso o governo priorizou ao não conter a inflação. Por conta disso veremos o IPCA aumentar, devendo passar de 11% nas próximas leituras e podendo chegar a 15% em 2016. Torçam para eu estar errado.
Repare que ultimamente uma onda de racionalização otimista quase nos faz acreditar que o aumento do desemprego, causaria diminuição no consumo e, por conta disso, o comércio pararia de aumentar seus preços para continuar a vender e manter suas portas abertas.
Eu grifei a palavra quase pois, isso não passa de um sofisma econômico. Na prática os custos dos comerciantes como aluguéis, salários, impostos pagos, aumento de preços de mercadorias seja por conta do clima, de cartéis ou da simples inércia inflacionária (leia-se indexação) continuarão em elevação. O repasse ao consumidor acontecerá pois, se não ocorrer o comerciante não pagará suas contas.
O mesmo ocorre com o assalariado. Veja na tabela o que ocorre com um assalariado que hoje tem a vida equilibrada. Recebe 4.000,00 gasta 3.500,00 e ainda tem uma reposição salarial de 5% ao ano. Algo muito próximo do que vemos na prática, no mundo real.
Com uma inflação de 10,5% ao mês comendo solta sobre seus gastos corriqueiros (água, telefone, luz, material escolar, roupas, alimentos, etc.) em 36 meses sua vida estará endividada e, portanto desequilibrada. Sua única saída seria aumentar a renda que, ao contrário do governo faz isso por decreto, demandaria muito esforço e trabalho.
Mas por quê é ótimo para o governo? A inflação é ótima para o governo pois suas contas a receber (impostos) são indexados, ou seja, conta de luz sobe, os impostos arrecadados sobre o valor pago é maior. E o mesmo ocorre em absolutamente tudo que se consome.
Ao mesmo tempo as contas a pagar do governo, ao contrário das nossas, não são indexadas tão diretamente. Aumentos de gastos com salários, investimentos, projetos e até programas sociais dependem de aprovações no legislativo. Próprio reajuste do salário mínimo considera a fórmula de inflação + média de crescimento do PIB dos dois últimos anos. E quanto cresceu a o PIB? Zero em 2015 e temos projeção de queda de 3% em 2016.
Ou seja, a inflação que é péssima para você é ótima para o governo.