Exame.com
Continua após a publicidade

Como seria a moeda única de países comunistas?

A moeda única no Mercosul , é uma utopia permanentemente ameaçada pelas pragas do populismo e comunismo.

BOLSONARO E MACRI, EM BRASÍLIA: o governo brasileiro apoia a reeleição de Macri, e ambos concordam em pontos como ter um Mercosul mais enxuto / Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo)
BOLSONARO E MACRI, EM BRASÍLIA: o governo brasileiro apoia a reeleição de Macri, e ambos concordam em pontos como ter um Mercosul mais enxuto / Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo)
E
Etiqueta Financeira

Publicado em 10 de junho de 2019 às, 15h48.

MOEDA ÚNICA PARA BRASIL E ARGENTINA DEVE DEMORAR - Se é que virá!

A proposta de uma moeda única para Brasil e Argentina é embrionária desde a criação do MErcosul. A ideia foi relançada pelo presidente Jair Bolsonaro na sua viagem à Argentina. Bolsonaro chegou a dar o nome à nova moeda: Peso Real. A proposta deve ganhar corpo, mas sua implantação ainda dependerá de muitos estudos técnicos por parte da equipe econômica, que mostra-se reticente.

Sejamos claros, objetivos e pragmáticos. Ambos os países entraram em crise por conta do populismo comunista que se instalou democraticamente. Imagine uma moeda única cuja emissão seja administrada por um banco central Bi-Nacional. Agora agrave esta situação, afinal o bi-nacional aqui está dentro da América Latina, uma região onde a praga do populismo e do comunismo ainda encontram refúgio.

Imagine de em um dos dois países, com  a suposta moeda comum, a inflação disparar como hoje acontece na Argentina ou na Venezuela, o que acontecerá com o outro país?

Mas a ideia foi lançada e futuramente, talvez, Uruguai e Paraguai também possam vir a ser incluídos no plano, o que, teoricamente (bem teoricamente), poderia fortalecer Mercosul.

O presidente Bolsonaro disse que a unificação monetária pode ser comparado a um casamento: "você ganha de um lado e perde de outro, mas o Brasil tem mais a ganhar do que perder", prevê. Na minha opinião, pessoas independentes e capazes só perdem com o casamento, mas essa é outra história.

Em 2008, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, publicou um artigo onde defendia uma moeda única para toda América Latina, sugerindo o mesmo nome lançado por Bolsonaro na Argentina: Peso Real. Na ocasião, justificou que a unificação poderia deflagrar um ciclo de reformas nas área tributária, trabalhista e previdenciária, com efeitos positivos em todo continente.    

Antes de viabilizar uma nova moeda são necessários alguns ajustes como aconteceu com o Euro, que até ser implantado, precisou passar por um processo forte de integração econômica, livre comércio e liberdade de mão de obra. Vamos lembrar que o Euro está na EU-RO-PA, e os índices inflacionários de todos os países eram muito próximos, entre outras coisas.

O Euro, lançado em janeiro de 2002, é a moeda de  dezenove países da Europa. Mesmo num continente em que a economia é preponderantemente forte, o Euro não é uma unanimidade. O Reino Unido, por exemplo, que recente mente votou pela saída da União Europeia,  sempre optou por manter a sua moeda tradicional, a libra esterlina (pound), por considerar que isto lhe garantia maior autonomia.

Aqui, em nosso continente, Brasil e Argentina têm uma ligação (alguns diriam rivalidade) longa e histórica nas mais diferentes áreas seja na economia, na cultura, agricultura ou turismo. Os dois países representam 63% da área total da América do Sul, 60% de sua população e 61% de seu PIB. O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, e a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Tantos pontos em comum, mas a unificação monetária é ainda uma incógnita.

Não conte com isso em seus planos para os próximos anos.

Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro