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Anatomia de um golpe

Seja pela minha caixa postal, Twitter ou Facebook, recebo diariamente consultas sobre diversos temas financeiros. Um tema em especial, de um novo golpe financeiro, chamou a minha atenção nos últimos meses, pois tem aumentado. Essas mensagens chegam de diversas partes do país e com características muito próximas, por vezes até idênticas. Funciona assim: alguém próximo à potencial vítima comenta sobre os maravilhosos investimentos que está fazendo com um grupo de […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 18h56.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h01.

Seja pela minha caixa postal, Twitter ou Facebook, recebo diariamente consultas sobre diversos temas financeiros. Um tema em especial, de um novo golpe financeiro, chamou a minha atenção nos últimos meses, pois tem aumentado. Essas mensagens chegam de diversas partes do país e com características muito próximas, por vezes até idênticas.

Funciona assim: alguém próximo à potencial vítima comenta sobre os maravilhosos investimentos que está fazendo com um grupo de empresários da cidade. Empresta dinheiro a juros para a elite, que remunera 4% ao mês (às vezes mais) e recebe certinho. Com prestação de contas, todos os meses, o investidor sabe o quanto possui. Não há risco, afinal, são pessoas que possuem reconhecida reputação e alto patrimônio.

A vítima se interessa e pergunta sobre as garantias. Sempre ouve dois tipos de respostas, primeiro que o negócio tem contrato registrado em cartório e, inclusive, chega a ver o documento, com as firmas reconhecidas e os carimbos de cartório. “Não há erro”, pensa a vítima.

A segunda resposta é de que essas pessoas, consideradas influentes, não aceitam emprestar dinheiro para qualquer um. É preciso uma indicação e uma entrevista com um representante do grupo para checar se você entende e tem condições de participar deste seleto grupo que, afinal, não é para qualquer um.

A aura de sedução em fazer bons e rentáveis negócios, obter o lucro e entrar na alta roda da sociedade local é grande, assim, a vítima começa a insistir com seu amigo para que este sugira seu nome para a entrevista. Após algumas semanas, a vítima é entrevistada e entrega R$ 20 mil, R$ 50 mil, ou outra quantia e assina um contrato que terá sua firma reconhecida em cartório e já faz planos do que irá comprar quando sacar o dinheiro.

Todos os golpes possuem algumas características comuns e este não é diferente. Primeiro precisa de uma promessa de ganho fácil e elevado que valha e turve a visão dos riscos, neste caso, juros de 4% ao mês vindo dos bolsos da elite da cidade. Segundo, precisa ter características de garantia, por exemplo, um contrato registrado em cartório e com firma reconhecida de um devedor muito rico. O terceiro elemento é o aliciador e o quarto, uma vítima gananciosa.

Mas, neste caso, onde está o golpe afinal? Vamos dissecá-lo.

Todo conto do vigário reside no fato de que a vítima é gananciosa e se julga muito mais esperta que o vigarista, por isso é chamado de “otário” pelo golpista. O contrato registrado e com firma reconhecida, assinatura esta que pode ser de um homônimo e não do próprio empresário, nada mais é do que uma prova inconteste que a vítima é um agiota, ou seja, um criminoso perante as leis brasileiras (Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951, Art. 4º, Letra a). No Brasil, emprestar dinheiro a juros é crime e, portanto, a vítima nunca poderá reclamar seu dinheiro a menos que queira se explicar ao Ministério Público.
A única alternativa, já arquitetada pelo golpista, será trazer outro “investidor” para receber uma parcela do que for investido pela próxima vítima, ou seja, formar uma pirâmide financeira, o que é outra ilegalidade.

Todos sabem que não existe uma receita mágica para ganhar bons lucros. Sendo assim, aqueles que desejam prosperar financeiramente devem buscar conhecimento especializado, entender sobre os produtos financeiros e sempre procurar ajuda profissional. Por isso, atenção a qualquer promessa de ganho fácil!

Seja pela minha caixa postal, Twitter ou Facebook, recebo diariamente consultas sobre diversos temas financeiros. Um tema em especial, de um novo golpe financeiro, chamou a minha atenção nos últimos meses, pois tem aumentado. Essas mensagens chegam de diversas partes do país e com características muito próximas, por vezes até idênticas.

Funciona assim: alguém próximo à potencial vítima comenta sobre os maravilhosos investimentos que está fazendo com um grupo de empresários da cidade. Empresta dinheiro a juros para a elite, que remunera 4% ao mês (às vezes mais) e recebe certinho. Com prestação de contas, todos os meses, o investidor sabe o quanto possui. Não há risco, afinal, são pessoas que possuem reconhecida reputação e alto patrimônio.

A vítima se interessa e pergunta sobre as garantias. Sempre ouve dois tipos de respostas, primeiro que o negócio tem contrato registrado em cartório e, inclusive, chega a ver o documento, com as firmas reconhecidas e os carimbos de cartório. “Não há erro”, pensa a vítima.

A segunda resposta é de que essas pessoas, consideradas influentes, não aceitam emprestar dinheiro para qualquer um. É preciso uma indicação e uma entrevista com um representante do grupo para checar se você entende e tem condições de participar deste seleto grupo que, afinal, não é para qualquer um.

A aura de sedução em fazer bons e rentáveis negócios, obter o lucro e entrar na alta roda da sociedade local é grande, assim, a vítima começa a insistir com seu amigo para que este sugira seu nome para a entrevista. Após algumas semanas, a vítima é entrevistada e entrega R$ 20 mil, R$ 50 mil, ou outra quantia e assina um contrato que terá sua firma reconhecida em cartório e já faz planos do que irá comprar quando sacar o dinheiro.

Todos os golpes possuem algumas características comuns e este não é diferente. Primeiro precisa de uma promessa de ganho fácil e elevado que valha e turve a visão dos riscos, neste caso, juros de 4% ao mês vindo dos bolsos da elite da cidade. Segundo, precisa ter características de garantia, por exemplo, um contrato registrado em cartório e com firma reconhecida de um devedor muito rico. O terceiro elemento é o aliciador e o quarto, uma vítima gananciosa.

Mas, neste caso, onde está o golpe afinal? Vamos dissecá-lo.

Todo conto do vigário reside no fato de que a vítima é gananciosa e se julga muito mais esperta que o vigarista, por isso é chamado de “otário” pelo golpista. O contrato registrado e com firma reconhecida, assinatura esta que pode ser de um homônimo e não do próprio empresário, nada mais é do que uma prova inconteste que a vítima é um agiota, ou seja, um criminoso perante as leis brasileiras (Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951, Art. 4º, Letra a). No Brasil, emprestar dinheiro a juros é crime e, portanto, a vítima nunca poderá reclamar seu dinheiro a menos que queira se explicar ao Ministério Público.
A única alternativa, já arquitetada pelo golpista, será trazer outro “investidor” para receber uma parcela do que for investido pela próxima vítima, ou seja, formar uma pirâmide financeira, o que é outra ilegalidade.

Todos sabem que não existe uma receita mágica para ganhar bons lucros. Sendo assim, aqueles que desejam prosperar financeiramente devem buscar conhecimento especializado, entender sobre os produtos financeiros e sempre procurar ajuda profissional. Por isso, atenção a qualquer promessa de ganho fácil!

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