Agropecuaristas brasileiros sob tensão
Mas será que o motivo é real ?
profmaurocalil
Publicado em 2 de abril de 2019 às 10h57.
Última atualização em 3 de abril de 2019 às 18h14.
A visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel estreitou os laços entre as duas nações. Eu mesmo estive lá no final de 2018 e início de 2019 e pude presenciar a pujança de uma economia forjada na tecnologia. Esta, por sua vez, forjada no esforço, inteligência e trabalho em equipe de um povo muito disciplinado em atingir objetivos para o bem comum.
Na visita oficial foi anunciado um escritório de representação em Jerusalém e mesmo sem ter confirmado, de imediato, a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, criou-se uma tensão diplomática com as autoridades palestinas e com os países árabes em geral. Lembro que de maneira geral, ainda que já de forma mais amena, os países árabes não aceitam o Estado de Israel, enfim, questões culturais sobre as quais é difícil discorrer.
A repercussão não se restringe à área política e preocupa muito o setor agropecuário brasileiro. Isto porque o Brasil lidera o mercado de carnes para os povos muçulmanos, um mercado com especificidades nas regras sanitárias e religiosas. São mais de US$ 3 bilhões em exportação de carnes de gado e de frango.
Para atender as exigências do mundo árabe, os produtores e frigoríficos brasileiros fizeram grandes investimentos. Tiveram que trazer especialistas na técnica sagrada de abate chamada de halal, exigida pelo consumidor islâmico e descrita no Corão.
O comércio exterior com as nações árabes teve, em 2018, um superávit de US$ 4 bilhões. As exportações e importações com Israel, no mesmo período, tiveram superávit de US$ 840 milhões. São dois grandes mercados no Oriente Médio, que precisam ser tratados com muita atenção e os agropecuaristas estão ansiosos para o encontro dos representantes palestinos com o presidente Bolsonaro, que deve acontecer ainda esta semana.
Se por um lado a suspensão da compra da carne brasileiras afetaria toda a cadeira produtiva nacional, o que poderia desencadear uma onda de desemprego no setor, por outro lado acomunidade islâmica soma mais de 1,8 bilhão de pessoas no mundo. E, vamos combinar que não se substitui um fornecedor confiável de grande volume e alta qualidade em um estalar de dedos.
Em outras ocasiões de embargos à nossas exportações de carne, casos recentes de Rússia e parte da comunidade européia, o que vimos de impacto ao consumidor foi uma queda acentuada de preços da carne no Brasil, causada pela maior oferta interna e, consequente aumento de preços no país que parou de importar, afinal houve queda de oferta por lá.
As leis do mercado simplesmente funcionam. Se você não acredita nisso, repare no que está acontecendo com a Venezuela.
Mauro Calil é Fundador da Academia do Dinheiro
A visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel estreitou os laços entre as duas nações. Eu mesmo estive lá no final de 2018 e início de 2019 e pude presenciar a pujança de uma economia forjada na tecnologia. Esta, por sua vez, forjada no esforço, inteligência e trabalho em equipe de um povo muito disciplinado em atingir objetivos para o bem comum.
Na visita oficial foi anunciado um escritório de representação em Jerusalém e mesmo sem ter confirmado, de imediato, a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, criou-se uma tensão diplomática com as autoridades palestinas e com os países árabes em geral. Lembro que de maneira geral, ainda que já de forma mais amena, os países árabes não aceitam o Estado de Israel, enfim, questões culturais sobre as quais é difícil discorrer.
A repercussão não se restringe à área política e preocupa muito o setor agropecuário brasileiro. Isto porque o Brasil lidera o mercado de carnes para os povos muçulmanos, um mercado com especificidades nas regras sanitárias e religiosas. São mais de US$ 3 bilhões em exportação de carnes de gado e de frango.
Para atender as exigências do mundo árabe, os produtores e frigoríficos brasileiros fizeram grandes investimentos. Tiveram que trazer especialistas na técnica sagrada de abate chamada de halal, exigida pelo consumidor islâmico e descrita no Corão.
O comércio exterior com as nações árabes teve, em 2018, um superávit de US$ 4 bilhões. As exportações e importações com Israel, no mesmo período, tiveram superávit de US$ 840 milhões. São dois grandes mercados no Oriente Médio, que precisam ser tratados com muita atenção e os agropecuaristas estão ansiosos para o encontro dos representantes palestinos com o presidente Bolsonaro, que deve acontecer ainda esta semana.
Se por um lado a suspensão da compra da carne brasileiras afetaria toda a cadeira produtiva nacional, o que poderia desencadear uma onda de desemprego no setor, por outro lado acomunidade islâmica soma mais de 1,8 bilhão de pessoas no mundo. E, vamos combinar que não se substitui um fornecedor confiável de grande volume e alta qualidade em um estalar de dedos.
Em outras ocasiões de embargos à nossas exportações de carne, casos recentes de Rússia e parte da comunidade européia, o que vimos de impacto ao consumidor foi uma queda acentuada de preços da carne no Brasil, causada pela maior oferta interna e, consequente aumento de preços no país que parou de importar, afinal houve queda de oferta por lá.
As leis do mercado simplesmente funcionam. Se você não acredita nisso, repare no que está acontecendo com a Venezuela.