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A realidade além da propaganda

Há um certo burburinho no mercado alardeando que o desempenho da Bolsa possa repetir o crescimento registrado no período de 1992 a 1994 pós afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello. Para dar força a esta propaganda, usa-se o resultado dos últimos meses do Ibovespa. Pura falácia! A situação atual remete a algumas similaridades no campo político. Na economia, o quadro é muito distinto. Naquela época, por exemplo, a […] Leia mais

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Etiqueta Financeira

Publicado em 20 de maio de 2016 às, 18h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h39.

Há um certo burburinho no mercado alardeando que o desempenho da Bolsa possa repetir o crescimento registrado no período de 1992 a 1994 pós afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello. Para dar força a esta propaganda, usa-se o resultado dos últimos meses do Ibovespa. Pura falácia! A situação atual remete a algumas similaridades no campo político. Na economia, o quadro é muito distinto. Naquela época, por exemplo, a inflação mensal passava de 30%, contra uma inflação anual de pouco mais de 10% dos dias atuais.

Vale lembrar que o governo recém afastado tem apoio de partidos com abrangência nacional e que são fortes e aguerridos: PT e PC do B, além de simpatizantes à causa ideológica como o Psol e o Rede. O Collor pertencia a um partido inexpressivo para a época – o PRN – e que nem existe mais. Foi uma coalização partidária que elegeu o então candidato do Estado de Alagoas a presidente da República.
Pode ser que haja um entusiasmo passageiro no tocante a investimentos em bolsa. Ele seria resultado do fluxo de capital externo. Mas esse movimento não tende a durar. Na quinta feira 12/05, por exemplo, o Ibovespa teve alta de 0,9% (fechou em 53.241,32 pontos) e o dólar também subiu: 0,79% e fechou em R$3,473 para venda.

A economia atual atravessa uma enormidade de problemas graves. Os mais agudos seriam: recessão profunda (PIB negativo por mais de dois anos consecutivos), inflação elevada e, brutal desemprego: mais de 11 milhões de trabalhadores. Há indicadores de que 100 mil pessoas/mês integram o contingente de desempregados. Em paralelo, há a situação falimentar de inúmeras empresas e cresce o endividamento das famílias afetadas pela perda do emprego e da renda. Finalmente, a inflação corrói o poder aquisitivo de todos, sem exceção.

Mas, a crise atual vai além. União, Estados e municípios estão completamente endividados. A máquina pública mega inchada, o descontrole das contas públicas e a corrupção quebraram a economia nacional. Todos esses problemas precisam ser equacionados e o tratamento não é nada simples. Boa parte das soluções dependem de medidas a serem aprovadas em votações no Congresso. Na época do Itamar Franco, sucessor de Collor, era “apenas” o Plano Real a ser aprovado.

O novo governo chega com desafios enormes e um prazo muito curto para começar a apresentar resultados. Alguns analistas estimam que esse tempo seja pouco maior do que 100 dias, ou seja, três meses e alguns dias. Assim, Brasília deve começar a estimular a economia através de moderada redução de juros. Antes desse movimento, o investidor pode se beneficiar. Como?

Como disse, não acredito nas ações, mas sim na renda fixa em taxas pré fixadas. Isso garante, por período maior, as elevadas taxas de juros do momento. Uma outra ação – que inclui renda variável – é aplicar em Fundos Imobiliários (FII). Eles pouco sofrem as influências negativas da atual conjuntura e devem apresentar recuperação mais rápida nas cotações em bolsa com medidas econômicas mínimas. Como existem muitos tipos de FII, quero deixar claro que me refiro aqui àqueles cujo lastro é de recebíveis imobiliários, com carteira formada com os altos juros dos últimos anos, devem apresentar rentabilidade melhor e recuperação mais rápida dos valor das cotas.

Ultima dica: Só não fique parado esperando as coisas melhorarem por si só. Faça a sua mudança acontecer.

Sonho