A fácil “mágica” dos juros compostos.
Viver de renda é objetivo de muitos, ou seja, ter um patrimônio tal, que a simples remuneração deste patrimônio seja suficiente
Publicado em 16 de junho de 2013 às, 19h18.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às, 10h46.
Viver de renda é objetivo de muitos senão de todos os brasileiros, ou seja, ter um patrimônio tal, que a simples remuneração deste patrimônio seja suficiente para pagar as contas e sobrar algum dinheiro para as extravagâncias que de vez em quando gostamos de fazer.
O termo genérico “renda” pode vir de imóveis alugados, receita por participação em empresas, ou aplicações financeiras que geram juros mensalmente.
Em minha opinião os juros em aplicações financeiras constituem o tipo de renda que nos traz mais liberdade de atuação, afinal não temos que lidar com inquilinos ou sócios e requer pouco manejo diário com o patrimônio.
A independência financeira é alcançada quando sua renda líquida de juros supera suas despesas no mesmo período de tempo. Por exemplo: você gasta R$8.500,00/mês e tem uma renda líquida, proveniente de juros, também líquidos, em aplicações financeiras, maior que R$8.500,00/mês. Ou seja, para viver dentro de seu padrão não é necessário trabalhar nem mexer no patrimônio acumulado, os juros pagam tudo.
Outro benefício dos juros é percebido quando estes são compostos, ou seja, ao reaplicar os juros recebidos passamos a receber mais no período seguinte, é o que popularmente chamamos de juros sobre juros. Veja um exemplo: R$10.000,00 a uma taxa de 2% ao mês com reaplicação de juros:
Mês 1= 10.000,00 x 2% = 200,00 => valor total de 10.200,00
Mês2= 10.200,00 x 2% = 204,00 => Valor total de 10.404,00
Mês3 = 10.404,00 x 2% = 208,08 => Valor total de 10.612,08
Se continuarmos com essa operação, ao final de 12 meses teremos R$12.682,41 ou 26,82% a mais que o valor original.
Hoje, é possível conseguir na renda fixa algo em torno de 0,4% a.m. líquidos, o que corresponde a uma remuneração de R$40,00 ao mês para cada R$10.000,00 aplicados. Mas na renda fixa temos pouco ou nenhum poder de atuação.
Já na bolsa de valores é possível operar com derivativos e remunerarmos nosso patrimônio a juros maiores, 2% a 4% a.m. em alguns casos. Esta operação é o ‘lançamento coberto de opções’, também chamado de ‘financiamento com opções’ e que envolve os riscos inerentes a renda variável, como a queda dos preços dos ativos usados como garantia da operação. Estes riscos devem ser tomados em consideração caso o investidor queira aumentar sua receita de juros. É sempre bom conversar com seu corretor antes de operar.
Turbinar a renda variável é muito sedutor,veja abaixo o que ocorre com o aumento dos juros compostos para o mesmo valor de R$10.000,00 aplicados em 12 meses:
2,0% a.m. = R$12.682,41 ou 26,82% em 12 meses
2,5% a.m. = R$13.448,88 ou 34,49% em 12 meses
3,0% a.m. = R$14.257,60 ou 42,57% em 12 meses
3,5% a.m. = R$15.110,68 ou 51,10% em 12 meses
4,0% a.m. = R$16.010,32 ou 60,10% em 12 meses
4,5% a.m. = R$16.958,81 ou 69,58% em 12 meses
Há muito tempo a Academia do Dinheiro ensina os processos operacionais deste tipo de operação que são simples e como mencionei incorrem nos riscos do mercado de renda variável. Além disso, por conta da liquidez do mercado brasileiro poucas são as ações que podem dar suporte e garantia (cobertura) a este tipo de operação com valores pequenos como o que mostramos.
Na prática do lançamento coberto de opções significa que você assumiu o compromisso de vender determinado ativo, a determinado preço e em determinada data. Para assumir este compromisso alguém te pagou uma quantia de dinheiro (prêmio). Ao fazer este lançamento coberto, e com o dinheiro recebido comprando mais ações para lançar mais opções e repetir este processo seguidamente você estará “fabricando”, seus juros compostos.
Um risco desta operação é assumir que venderá por R$30,00 um ativo que hoje valha R$26,00 e, no dia X determinado o ativo atingir o preço de R$33,00, por exemplo. Seu compromisso é de vendê-lo a R$30,00 e terá que fazer isso. Outro risco é ver o ativo, que ainda é seu, e que hoje vale 26,00 no dia X combinado ter se desvalorizado a R$22,00. Em ambos os casos o prêmio ficou garantido e já está no bolso e você terá que refazer contas em seu planejamento, talvez retardando um pouco o enriquecimento e a independência financeira.
Por falar em planejamento, é extremamente importante ter um objetivo claro para fabricar seus juros ( 2%, 3% ou 4% ao mês, por exemplo) e manter-se firme dentro do planejamento revendo-o quando algum revés inerente aos riscos de da renda variável o atingirem.
Assim, ao receber o prêmio do lançamento coberto compra-se mais papéis e repete-se a operação de lançamento coberto com mais papéis, e assim sucessivamente forjando os juros compostos. Com o passar dos anos, com muita disciplina e atenção ao mercado acionário você pode chegar mais rápido à sua independência financeira.
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