Vitória gamer: mulheres chegam em cargos de liderança em um segmento ainda machista
Apesar de enfrentar dificuldades, surgem empresas no ramo de eSports lideradas por mulheres
Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às, 16h34.
O mercado gamer no Brasil ultrapassou em 2020 mais de 67 milhões de consumidores, segundo pesquisa encomendada pela BGS e Instituto Datafolha. Deste total, 47% é constituído pelo público feminino. Mundialmente, o número de mulheres gamers totaliza 1 bilhão, em segmento que atingiu U$$ 160 bilhões em vendas ao longo do ano passado.
Infelizmente, apesar de representarem quase a metade dos gamers, ainda são poucas as mulheres que conseguem ocupar cargos de liderança na indústria dos games, como é o resultado da pesquisa “Global Gaming Gender Balance Scorecard”, divulgada em 2020 pela Forbes: dos 144 executivos das 14 maiores empresas relacionadas aos games, apenas 23 são mulheres. Cinco dessas companhias não possuem nenhuma mulher em cargos executivos, o que pode gerar problemas em fidelizar o crescente número de consumidoras do gênero feminino ao redor do mundo.
No cenário nacional. Karina Rui do Amaral é exemplo de empreendedora que enxergou a relevância do mercado de esportes eletrônicos. Sua trajetória profissional se iniciou na moda, no ramo de importação e venda para lojas multimarcas. Em 2013, resolveu sair do setor devido às questões cambiais, e decidiu que queria buscar uma nova área que permitisse conciliar o tempo com seus dois filhos pequenos e o trabalho. “Meu filho um dia me perguntou ‘mamãe, quando você vai se aposentar?’, e aquilo me tocou, nunca mais esqueci disso”, diz Karina. A empresária abriu os olhos para o crescente mercado de eSports, do qual seus filhos eram adeptos.
Hoje CEO da Overclock, Karina criou uma bebida focada na suplementação de gamers, que promete maior desempenho em atividades que exigem alta concentração. “Até mesmo o nome tem história e significado. Overclock é um processo utilizado pelos entusiastas da tecnologia que, com pequenas alterações e ajustes, conseguem aumentar a performance de diversos componentes de suas máquinas, como CPU, placa de vídeo, memória e até monitores. Sabia que faltava algo, natural e seguro, que aumentasse a performance da peça mais importante: o próprio jogador”, explica Karina.
Além dos feedbacks, a empresária contou com nutricionistas e engenheiros de alimentos, junto de pesquisas científicas que consultou para entender sobre cada componente de seus produtos. “Sou eu que toco a empresa, que faço os negócios. Para entender o público consumidor, tive que aprender muito sobre o mundo dos games, o que eles gostam de assistir, de tomar, de jogar, que linguagem eles utilizam… Cada dia aprendo mais, e me apaixonei por esse setor”, complementa.
Em relação às perspectivas para 2021, o mercado está otimista. A pandemia fez com que muitos que já jogavam passassem a jogar mais, e aqueles que não jogavam começaram a praticar. O mercado de eSports continua em ascensão no Brasil. Em janeiro deste ano, a Overclock se tornou patrocinadora oficial de um dos maiores times mundiais de Counter Strike, o MIBR. O acrônimo, que significa “Made in Brasil”, é um dos responsáveis pelo fortalecimento do eSport brasileiro. Com esse patrocínio, a Overclock pretende triplicar as vendas no primeiro trimestre de 2021,