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Um atleta também pode se tornar um influenciador de sucesso

Atletas são admiráveis em qualquer época. Ayrton Senna e Pelé não precisavam de redes sociais para serem vistos como estrelas.

Ayrton Senna, pilo de fórmula 1.
Ayrton Senna, pilo de fórmula 1.
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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 25 de novembro de 2020 às, 11h04.

Por Flávio Santos

Muito provavelmente um dos primeiros influenciadores na sua vida, fora da sua rede familiar ou de amigos, foi um atleta. O esporte faz parte da educação básica no Brasil e não é incomum encontrar crianças que, antes mesmo de falar, já possuem camisas de times, bonés, familiares comemorando jogos ou se reunindo diante da TV para acompanhar esportes.

Apesar de o mundo viver em constante evolução, ele ainda se apega a velhos hábitos e conceitos. Os atletas, por exemplo, desde sempre são admiráveis, invejáveis e influenciadores natos. É a tão conhecida jornada do herói. O atleta percorre a trajetória de esportista e se torna ídolo, referência, formador de opinião e porque não, um influenciador. Pelos corpos, talentos, concentração ou garra, não importa a motivação, atletas tem lugar de destaque na sociedade. O judô pode ajudar em canalizar a raiva, a natação a controlar a respiração, a luta a ter disciplina…. Conceitos repetidos e que reafirmam os praticantes desses esportes, por exemplo, como pessoas especiais.

Assim nasce um influencer: a partir de aspectos admiráveis e que são levados em consideração pela população. E muitos desses ídolos esportistas já entendem que podem potencializar a atenção e até mesmo monetizar através do bom uso das redes sociais. Os passos que colaboram para tal, pelo menos no primeiro momento, exigem cuidado e moderação. Nada que seja superficial demais, nem tão real. Temos observado, por exemplo, um meio termo entre quem deseja sair do lugar comum: encarnar a posição de inspiração, mesmo que isso pareça questionável.

O atleta tem por natureza a fé pública, algo que já o consagra como figura de respeito, elemento que é um diferencial para transformá-lo em uma figura de destaque no ambiente digital. Soma-se a isso, também, a mídia espontânea, uma matéria aqui outra lá para falar sobre vitórias, seu desempenho no esporte e tudo mais. Outro fator que colabora para que atletas possam ser considerados formadores de opinião e influenciadores é a ideia de execução acertada, o culto à saúde e boas práticas de exercícios, em que a mente é equilibrada em função dos objetivos e tudo mais que possa validar tal personagem, como alguém que é exemplo, sem exageros e sem erros.

Atletas são admiráveis em qualquer época. Ayrton Senna e Pelé não precisavam de redes sociais para serem vistos como estrelas. E Ronaldinho (o Fenômeno) com seus cortes de cabelo? Não há ferramenta que possa barrar quem naturalmente se destaca e já sabe tirar proveito disso. Nessa categoria os atletas sempre pontuam. Na escada para “virar” um influencer de sucesso os atletas se encontram alguns degraus acima dos seguidores. Mas para terminar de subir a escada sempre é necessário um pouco mais de esforço, até mesmo para quem já está na parte de cima. E é sobre essa profissionalização do atleta em influenciador que falo aqui.

Estratégia, conteúdo, notícia, pontos de viralização, entre outros, são armas que precisam ser usadas com cautela e de forma assertiva. Esporte é plataforma tal como o Instagram. O que dá destaque é o recurso humano e a admiração causada por ele. A associação de grandes marcas com atletas, hoje em dia, vai muito além da busca tradicional por patrocínio. Tudo o que vimos de licenciamento e participação em eventos já se reinventou. As marcas estão à procura de estratégias que busquem embaixadores que concedam autoridade para a empresa.

As companhias querem que os esportistas emprestem a sua audiência, tendo em vista que os conteúdos que eles produzem podem viralizar com mais facilidade, resultando em maior identificação e engajamento do público. E os critérios de avaliação incluem idade, carisma, mercado de origem, vontade de ser comercializado e apelo de marketing. Isso porque as empresas que utilizam essa estratégia costumam pagar cifras significativas para vincular as imagens dos profissionais dos esportes às suas marcas.

No marketing de influência podemos ver com frequência campanhas com atletas de alto nível, como o Neymar Jr., que tem se aventurado no mundo de e-games e é querido de muitas marcas. Percebemos também que cada vez mais se vê a necessidade de incluir atletas mulheres em ações de marketing de influência. Tanto que nos deparamos cada vez mais com atletas femininas embaixadoras de grandes marcas.

Por isso os atletas têm visto cada vez mais como oportunidade a profissionalização das suas redes sociais. É um caminho paralelo às suas atividades esportivas, para se aproximar do seu público e monetizar com conteúdos patrocinados. Aqueles que enxergam isso e sabem como agir com estratégia em suas redes sociais vencem além dos esportes que praticam.

 

*   Flávio Santos, CEO da MField, empresa especializada em estratégias de ativação de influenciadores e conteúdo nas redes sociais