Por que o Showbol ainda é, no máximo, só um show?
Os campeonatos são transmitidos pelo canal esportivo com maior audiência da televisão paga, envolvem o esporte mais amado pela maioria dos brasileiros, tem entre os participantes nomes de times que garantem audiência até em tv aberta e ainda trazem de volta atletas que em um passado recente eram ídolos de milhares de pessoas. Com todos esses ingredientes, por quais motivos o Showbol ainda só consegue ser visto como um show? […] Leia mais
Publicado em 7 de maio de 2013 às, 13h31.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h02.
Os campeonatos são transmitidos pelo canal esportivo com maior audiência da televisão paga, envolvem o esporte mais amado pela maioria dos brasileiros, tem entre os participantes nomes de times que garantem audiência até em tv aberta e ainda trazem de volta atletas que em um passado recente eram ídolos de milhares de pessoas. Com todos esses ingredientes, por quais motivos o Showbol ainda só consegue ser visto como um show?
Porque, ao que parece, assim quer ser visto. Ainda que existam competições como Campeonato Paulista, Carioca, Brasileiro e até um Mundialito, não são disputadas efetivamente entre os clubes. Explicação: a organização do evento reúne ex-atletas, prioritariamente com passagens por times conhecidos nacionalmente, para que disputem as partidas defendendo exatamente as cores desses ex-times. Mas neste caso, o “defender as cores” é no sentido literal, pois efetivamente os clubes não participam das competições. São utilizadas as cores que remetem aos clubes, sem mesmo o uso do escudo de cada um.
O Showbol é organizado por ex-atletas e inicialmente era apresentado como um evento para colocá-los em atividade, inclusive ajudando-os financeiramente. Mas o tempo passou, o Showbol cresceu, possui até um patrocinador de material esportivo de peso (Topper), e ainda não há um acerto entre evento e clubes. Claro que em parte pela dificuldade dos clubes em potencializar atividades com seus atletas aposentados – aliás, triste que isso não tenha nascido dos clubes – mas não se pode negar que o evento também precisa evoluir e entender que utilizam o nome dos clubes para geração de receitas, sem com eles reparti-las justamente.
Com competência, o evento traz até patrocínio nas camisas nos times participantes, mas parte alguma dessa receita chega aos clubes. Mais do que isso, nos últimos dias o absurdo foi atingido: o patrocinador de um time era concorrente direto do patrocinador oficial do clube. Ou seja, enquanto o patrocinador oficial paga milhões para ter sua marca atrelada ao clube, o concorrente vem, paga uma mixaria (proporcionalmente) e consegue exposição em um canal como o SporTV, que experiente e qualificado, não evitou a descabida situação.
O incrível nessa história é insatisfação velada, ao menos oficialmente, que existe. Com o apoio formal dos clubes, o evento teria ainda mais receitas e contaria com uma nova capacidade de divulgação e penetração Brasil afora. Os clubes passariam a ter receitas que hoje não tem e que são suas por direito. Os patrocinados oficiais dos clubes não seriam lesados como tem sido. O público estaria ainda mais interessado no evento, porque além das cores, teria os seus times de coração em ação, com ídolos que ainda estão na sua mente. O SporTV oficializaria a transmissão, que sem a participação formal dos clubes, beira a clandestinidade. Beira, mas não atinge, justamente porque o evento ainda é visto apenas como um show.
Porque um show também tem publicidade vendida, receita de ingressos e realiza parcerias com prefeituras e patrocinadores, exatamente como faz o Showbol. São notórias as capacidades de expansão e audiência televisiva do evento. Ah, claro, as partidas trazem lances belíssimos, além de ser uma delícia rever ídolos fazendo jogadas que não raramente os ídolos atuais já não conseguem fazer.
Mas falta a grande virada. Falta fazer justiça com os clubes, ser transparente nas transmissões e não apenas defender as cores (agora não literalmente) do evento. Falta querer ser o que de fato pode ser: grande. E não querer ser, como tem sido em função dos absurdos que comete, aquém do que com méritos já é: um grande show. Porque o esporte tem que ser show, mas não pode ser só isso.
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