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Opinião pessoal de Vice expõe CBF encurralada pelo assunto Neymar

Falar sobre Neymar passa a ser uma obrigação nas falas da entidade

 (Getty Images/Reprodução)
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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 5 de junho de 2019 às, 14h55.

Nesta terça-feira, Francisco Noveletto, vice-presidente da CBF, trouxe importantes pensamentos sobre a acusação de estupro que paira sobre Neymar. Entre suas falas, que garantiu serem pessoais e não pela instituição CBF, algumas relevantes, como a de que “tem muito mais coisa para aparecer”, e de que, “apostaria que Neymar pediria licença”. Em outro momento, ponderou sobre a inexistência de “condições psicológicas de Neymar para enfrentar uma Copa América e um batalhão de jornalistas”.

Mas de tudo que falou, duas frases foram ainda mais marcantes. Na primeira, aponta que “Neymar já deixou a desejar na Copa do Mundo”. Ao trazer à tona o desempenho de Neymar na Copa de 2018, Noveletto pode sim ter emitido uma opinião estritamente pessoal. Mas permite escapar o que pode ser um pensamento mais amplo da cúpula da CBF sobre Neymar e, dessa vez, sobre seu desempenho dentro das quatro linhas. O Neymar que era unanimidade entre os brasileiros talvez tenho deixado de sê-lo também dentro da CBF.

Na sequência, uma fala do VP sobre o grupo: “todo mundo sai ganhando se ele não vier jogar”. Quando remete a todos, não exclui de seu raciocínio a gestão técnica (Tite é a referência) e administrativa da CBF. Inclui, também, o próprio jogador. Rogério Caboclo, presidente da CBF, precisou comentar sobre as falas de seu vice e, além de reiterar ser uma opinião pessoal e não da CBF, garantiu a presença de Neymar na Copa América. O presidente precisando garantir a permanência de um atleta para a disputa de uma competição por questões que não são estritamente técnicas ou físicas é um mal sinal.

Porque Neymar sempre apareceu para ser solução. Foi talhado para isso. Solução para jogos difíceis. Solução no relacionamento com os fãs de seus clubes. Solução para seus patrocinadores. Neymar esteve sempre acostumado a resolver problemas e, recentemente, passou lidar com a realidade de que agora é um deles.