O não calendário esportivo de início do ano
“O problema do futebol brasileiro é o calendário”. Eis uma máxima dita, propagada e assumida como verdade por muitos. Sobre o assunto, não são poucas as tentativas de se achar a solução. A mais recente tem origem no Bom Senso FC, organizado por atletas em atividade, já contando com apoio de alguns clubes. Atletas revoltados, entre tantas outras coisas, com a quantidade de partidas ao longo de cada ano e […] Leia mais
Publicado em 3 de janeiro de 2014 às, 09h08.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h40.
“O problema do futebol brasileiro é o calendário”. Eis uma máxima dita, propagada e assumida como verdade por muitos. Sobre o assunto, não são poucas as tentativas de se achar a solução. A mais recente tem origem no Bom Senso FC, organizado por atletas em atividade, já contando com apoio de alguns clubes. Atletas revoltados, entre tantas outras coisas, com a quantidade de partidas ao longo de cada ano e também a distribuição dessa quantidade entre as equipes brasileiras.
Ainda no já tão distante ano de 2013, também foi realizado o interessante seminário “Calendário do Futebol Brasileiro”, promovido pela Brasil Sport Market (BrSM), e organizado pela Trevisan Escola de Negócios e Pluri Consultoria. Ao longo de dois dias foram trazidas discussões sobre o calendário do futebol no Brasil e suas implicações para a boa gestão dos clubes, tanto em relação à saúde financeira como naquelas relativas ao campo, como a preparação dos jogadores.
Este blog não pode ter a pretensão de trazer então a solução definitiva. Mas tem como obrigação trazer elementos para compor a discussão. E um deles, naturalmente atrelado ao ajuste do calendário brasileiro àquele praticado na Europa, é o não uso dos dias iniciais do ano, justamente quando considerável parte das famílias brasileiras está em férias, para a realização de grandes eventos esportivos. Falamos aqui do exemplo futebol, mas não falamos exclusivamente deste esporte.
Na Inglaterra, onde o campeonato de futebol local não para totalmente para as festas de fim de ano, a rodada do dia 01 de janeiro sempre traz emoções aos torcedores, ainda que estes estejam nitidamente de ressaca pela bebida ingerida na noite anterior. Ir a um evento esportivo no primeiro dia do ano, contudo, já é uma tradição e os estádios ficam todos lotados.
Mas vem dos Estados Unidos a comparação mais curiosa principalmente se as adversidades climáticas desse período do ano forem dadas como argumento. Se nesse período do ano no Brasil o calor ultrapassa em vários momentos o limite do suportável, por lá boa parte do território sofre com o frio. Bastante frio. E diante de uma temperatura inferior a 15 graus negativos, mais de 105 mil pessoas compareceram ao também já tradicional jogo válido pela NHL Winter Classic, partida especial da National Hockey League realizada sempre no dia 1º de janeiro de cada ano, em estádio aberto. As imagens impressionam.
Isso não quer dizer que qualquer evento realizado nesse período aqui no Brasil terá garantia de sucesso. Mas quer dizer que é possível olharmos melhor para as janelas esportivas existentes no calendário. Evidente que o futebol pode fazer isso. Mas os esportes que atualmente estão atrás na preferência dos brasileiros têm obrigação de fazê-lo se o futebol não fizer. Querem ou não querem crescer justamente no público “família”?
Claro que é uma questão que também passa pela cultura de um povo. Mas o povo brasileiro não gosta, em sua maioria, de esportes? Com a natural resposta sim, fica nítido que a dúvida não é essa. Mas os esportes realmente gostam e estão prontos para os brasileiros os acompanhando? Ou será melhor mantê-los à distância, para que não seja visto tão de perto o descaso?
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