Exame.com
Continua após a publicidade

Neymar em bola dividida com patrocinadores

A Volkswagen lançou sua nova campanha publicitária que traz uma parceria com ícones do futebol nacional: Pelé, Rivellino, Raí, Cafu e Lucas. Eles se juntam a Neymar, garoto propaganda desde 2012 (e com contrato até 2016). Segundo a montadora, “o sexteto de craques também vestirá a camisa da marca”. No último sábado, no entanto, uma situação inusitada fez com que Neymar vestisse uma camisa com a marca de uma concorrente. […] Leia mais

V
Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 19 de março de 2013 às, 17h27.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h06.

A Volkswagen lançou sua nova campanha publicitária que traz uma parceria com ícones do futebol nacional: Pelé, Rivellino, Raí, Cafu e Lucas. Eles se juntam a Neymar, garoto propaganda desde 2012 (e com contrato até 2016). Segundo a montadora, “o sexteto de craques também vestirá a camisa da marca”.

No último sábado, no entanto, uma situação inusitada fez com que Neymar vestisse uma camisa com a marca de uma concorrente. E essa camisa era a do Santos, que na partida disputada contra o Guarani, exibia a logo da concorrente Chery, montadora chinesa que está patrocinando o time da Vila Belmiro durantes três jogos. Ah, o jogo era do Campeonato Paulista 2013, que com o patrocínio de outra marca de carros, a Chevrolet, foi batizado de Paulistão Chevrolet 2013.

Assessoria de Imprensa da Volks

Site SantosFC

O Santos, responsável pela gestão da carreira do atleta, não aponta nenhum impedimento na ação e argumenta que são contratos distintos: um individual da Volks com o jogador e outro da Chery diretamente com o clube. Ainda, o clube aponta que não só a Volks, mas todos os patrocinadores do Neymar sabem que ele atua pelo clube, que eventualmente pode ser patrocinado por uma marca concorrente. Tecnicamente, o clube está certíssimo. Mas é inegável que a situação não deve ser das mais agradáveis para a Volks; como também não seria para a Chery, caso o contrato com o Santos fosse mais longo (as partes conversam para isso), ter a principal estrela do clube em campanhas de uma concorrente.

O cálculo de investimento e retorno de exposição para cada uma das ações (Volks com Neymar e Chery com o Santos), cabe às empresas. Mas situações conflitantes como essa pedem pra ser evitadas. Porque se a conquista de exposição é alvo em uma campanha de marketing bem trabalhada, a exposição com exclusividade é o sonho. E os patrocinadores não gastam pouco para isso. Ainda que no caso de Neymar, que soma mais de uma dezena de patrocinadores em diversos segmentos, o raciocínio natural seja o seguinte: é preferível tê-lo sem exclusividade, a não tê-lo. Mas justo entre empresas do mesmo setor?

Essa bola dividida em que o atleta se meteu existe exatamente em função do aumento de interesse das fabricantes de veículos no patrocínio ao esporte e, mais especificamente, ao futebol. O mercado automobilístico é dos mais acirrados no país e é natural que as montadoras busquem o esporte como plataforma de aproximação com seu público. Apelo e interesse, claro, não faltam. Jogadores e clubes agradecem. Consequentemente, não é difícil de imaginar que em mercados acirrados, algumas empresas possam pensar em patrocínios específicos apenas para tirar a exclusividade da concorrente.

Assim, talvez seja mais natural daqui em diante que vejamos casos inusitados como este ocorrido com o Neymar. Espera-se apenas que quem cuida da imagem dos clubes e das carreiras dos atletas tenham sensibilidade para evitá-las. E que também tenham a mesma habilidade que Neymar tem em campo para escapar de divididas sem se machucar. Porque lesões na imagem, mesmo as mais simples, podem fazer doer muito mais, e em uma região que nem patrocinadores, nem clubes e muito menos atletas vão querer sentir: no bolso.