Ida de Dani Alves ao São Paulo, neste momento, é um erro. Dos dois lados.
Qual o custo para o clube de manter-se como Soberano com um salário fora de seu equilíbrio? Dani terá ao redor o suficiente para manter-se em alto nível?
Publicado em 3 de agosto de 2019 às, 12h20.
Daniel Alves ainda é, sem dúvida, dos jogadores de futebol com mais qualidade técnica, liderança e capacidade de decisão do mundo. Entre os laterais direitos, na humilde opinião deste que vos escreve, o melhor em sua posição no planeta. Logo, seria de extrema facilidade exclusivamente elogiar sua contratação pelo São Paulo. Há, no entanto, senões a serem pensados.
A começar pelo tricolor paulista, é preciso entender o quanto de seu orçamento mensal será consumido pelo ordenado de Dani Alves. Se estivermos falando de um fixo factível e gatilhos para variáveis a serem alcançadas por questões de marketing, menos mal. Mas fala-se em mais de um milhão de reais apenas no pagamento fixo. O problema não é pagar isso ao jogador que, como já elogiamos, vale. O ponto é entender qual o percentual de seu orçamento será por esse salário consumido.
Mais do que isso, qual o fôlego que o São Paulo terá para, com o restante do orçamento, entregar um elenco compatível com o nível de Daniel Alves? O São Paulo ainda trabalha, de alguma forma, com a aura do Soberano, característica forjada pela própria direção do clube nos últimos anos. Um clube soberano, no entanto, se faz com grande desempenho técnico, vários bons jogadores e consistência. Mesmo que houvesse mais de um Daniel Alves no time, seria suficiente para essa soberania?
Até por isso, é preciso entender o tamanho do fôlego tricolor para compor esse elenco. Dani sobrará em gramado brasileiros, por sua técnica e liderança. Isso é fato. Mas não encontrará hoje um clube ajustado para a sequência de sua vitoriosa carreira. É aqui que vamos ao “senão” Daniel Alves.
Atleta acostumado a conquistar título por onde passa – notem que não escrevi disputar, mas sim conquistar – Daniel não encontrará um elenco capaz de lhe dar a garantia dessa continuidade de patamar. Deixo claríssimo: a história do são Paulo é imensa. Camisa das mais pesadas mundo afora. Mas os últimos anos deixam a desejar. E não é com um jogador como Daniel que voltará a ser o que merece ser. Daniel, ao aceitar o projeto apresentado, aponta um redirecionamento de sua carreira. Sai o devorador de títulos (é maior consquistador de títulos em do futebol em atividade), entra o líder de um modelo em reconstrução. A saber se isso será suficiente para mantê-lo no auge até a Copa de 2022...
São Paulo tem a pessoa certa por um custo que pode custar a própria reconstrução do modelo da equipe. Daniel escolhe ajustar o fio condutor de sua carreira talvez um ou dois anos antes do ideal, em nome de um projeto de longo prazo. Mas o projeto, ao sufocar as finanças do tricolor, conseguirá ser de fato de longo prazo? O brilhante jornalista Rodrigo Capelo apontou, no último mês, que no tricolor o problema não é a falta de dinheiro, mas o mau uso dele. Torço para que eu esteja errado e que esteja em início o período de melhor uso financeiro tricolor. Mas, honestamente, penso que veremos uma análise semelhante de Capelo no próximo ano...