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Enquanto a vacina não vem…

Efeitos no comportamento do consumidor de eventos ao vivo aponta para um prolongamento da crise no setor, mesmo ao fim da quarentena

Futebol, NBA, NFL e até tênis: o esporte na mira da guerra do streaming (Visionhaus//Getty Images)
VL

Vinicius Lordello

Publicado em 26 de abril de 2020 às 08h36.

Última atualização em 26 de abril de 2020 às 08h36.

* Por Bruno Maia

A segunda e a terceira parte dos efeitos do Corona vírus na indústria do entretenimento e dos eventos ao vivo começa a ser discutida. Consagrada a primeira etapa, de cancelamento de quase todas as competições ao redor do mundo, vem a segunda, que é pensar como pode ser a retomada desta rotina em territórios que consigam sair da quarentena, e a terceira que é como o consumidor vai reagir.

No futebol brasileiro, a maioria dos clubes já anunciou a prorrogação das férias dos atletas. Alguns ainda cogitam retomar atividades dia 20 de abril, imaginando que as competições possam ser retomadas em maio. Para o Campeonato Brasileiro, discute-se a possibilidade de se iniciar a competição com portões fechados. A Alemanha retomou a rotina de treinos em vários clubes, ainda sem data para retomar a competição. Além disso, as confederações começam a estipular prazo para que competições possam terminar antes de decidirem pelo cancelamento das edições correntes, como a UEFA fez com a Champions League.

Todo esse estudo de cenários e análise de evolução social da pandemia são relevantes e ainda vivemos uma era de incertezas, poucas afirmações foram feitas. Enquanto desenvolve-se essas hipóteses e tenta-se controlar os riscos, começa-se a pensar também na terceira fase, na qual a pergunta chave é: qual será o comportamento do consumidor quando tudo isso passar?

Uma pesquisa apresentada esta semana pela Setor Hall Sports Poll, afirma que 70% dos norte-americanos é contra o começo da próxima temporada da NFL, se ainda houver restrições de aproximação social e que 72% do público que frequenta os jogos da liga norte-americana não se mostra disposto a retornar às arenas antes que uma vacina contra a Covid-19 esteja disponível. E tudo isso é a respeito de uma agenda que, se não for afetada, só seria reativada em setembro, com o início dos jogos. 20% dos entrevistados disse que até aceitaria que os jogos fossem iniciados, mas se fosse dado aos jogadores a possibilidade de não entrarem em campo e apenas 6% acham que o campeonato deve começar de qualquer maneira.

Este comportamento aponta um cenário positivo para os detentores de direitos, já que 76% das pessoas dizem que optariam por seguir a liga através de assinaturas de.serviços de tv/mobile/ott - o que pode ajudar a recuperar o impacto das perdas que as plataformas dependentes de esporte tiveram no período sem jogos.

A ideia de se diminuir a capacidade de pessoas no estádio, mantendo a distância entre elas, como acontece, por exemplo, em supermercados que seguem funcionando, não vem sendo considerada, tanto pela característica de interação social inerente ao jogo - seria difícil manter as pessoas distantes - e pelos efeitos que o jogo causa na mobilidade das cidades em que acontecem.

De qualquer forma, é imperioso pensar que, passada a sensação de abstinência e demanda reprimida que se suponha que teríamos ao fim do período de restrição, se impõe a perspectiva de uma mudança traumática do comportamento do usuário a respeito de aglomerações, sobretudo enquanto vacinas não estiverem disponíveis. Os efeitos podem se prolongar e afetar diretamente o esporte durante muito tempo. Este foi, inclusive, um dos pontos levantados por Toshiro Muito, CEO do Comitê Tóquio-2020, quando afirmou que ainda é cedo para garantir que os jogos conseguirão ser realizados em 2021, como previsto.

Passado um mês do início da quarentena massiva no ocidente, as perguntas começam a evoluir, mas as respostas ainda seguem muito incertas. De certo, apenas que teremos novos cenários para trabalhar dentro da indústria esportiva durante um bom tempo.

* Bruno Maia, ex-vice-presidente de Marketing do Vasco da Gama, CEO da 14, agência de conteúdos estratégicos e digital, e especialista em negócios e novas tecnologias no esporte

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* Por Bruno Maia

A segunda e a terceira parte dos efeitos do Corona vírus na indústria do entretenimento e dos eventos ao vivo começa a ser discutida. Consagrada a primeira etapa, de cancelamento de quase todas as competições ao redor do mundo, vem a segunda, que é pensar como pode ser a retomada desta rotina em territórios que consigam sair da quarentena, e a terceira que é como o consumidor vai reagir.

No futebol brasileiro, a maioria dos clubes já anunciou a prorrogação das férias dos atletas. Alguns ainda cogitam retomar atividades dia 20 de abril, imaginando que as competições possam ser retomadas em maio. Para o Campeonato Brasileiro, discute-se a possibilidade de se iniciar a competição com portões fechados. A Alemanha retomou a rotina de treinos em vários clubes, ainda sem data para retomar a competição. Além disso, as confederações começam a estipular prazo para que competições possam terminar antes de decidirem pelo cancelamento das edições correntes, como a UEFA fez com a Champions League.

Todo esse estudo de cenários e análise de evolução social da pandemia são relevantes e ainda vivemos uma era de incertezas, poucas afirmações foram feitas. Enquanto desenvolve-se essas hipóteses e tenta-se controlar os riscos, começa-se a pensar também na terceira fase, na qual a pergunta chave é: qual será o comportamento do consumidor quando tudo isso passar?

Uma pesquisa apresentada esta semana pela Setor Hall Sports Poll, afirma que 70% dos norte-americanos é contra o começo da próxima temporada da NFL, se ainda houver restrições de aproximação social e que 72% do público que frequenta os jogos da liga norte-americana não se mostra disposto a retornar às arenas antes que uma vacina contra a Covid-19 esteja disponível. E tudo isso é a respeito de uma agenda que, se não for afetada, só seria reativada em setembro, com o início dos jogos. 20% dos entrevistados disse que até aceitaria que os jogos fossem iniciados, mas se fosse dado aos jogadores a possibilidade de não entrarem em campo e apenas 6% acham que o campeonato deve começar de qualquer maneira.

Este comportamento aponta um cenário positivo para os detentores de direitos, já que 76% das pessoas dizem que optariam por seguir a liga através de assinaturas de.serviços de tv/mobile/ott - o que pode ajudar a recuperar o impacto das perdas que as plataformas dependentes de esporte tiveram no período sem jogos.

A ideia de se diminuir a capacidade de pessoas no estádio, mantendo a distância entre elas, como acontece, por exemplo, em supermercados que seguem funcionando, não vem sendo considerada, tanto pela característica de interação social inerente ao jogo - seria difícil manter as pessoas distantes - e pelos efeitos que o jogo causa na mobilidade das cidades em que acontecem.

De qualquer forma, é imperioso pensar que, passada a sensação de abstinência e demanda reprimida que se suponha que teríamos ao fim do período de restrição, se impõe a perspectiva de uma mudança traumática do comportamento do usuário a respeito de aglomerações, sobretudo enquanto vacinas não estiverem disponíveis. Os efeitos podem se prolongar e afetar diretamente o esporte durante muito tempo. Este foi, inclusive, um dos pontos levantados por Toshiro Muito, CEO do Comitê Tóquio-2020, quando afirmou que ainda é cedo para garantir que os jogos conseguirão ser realizados em 2021, como previsto.

Passado um mês do início da quarentena massiva no ocidente, as perguntas começam a evoluir, mas as respostas ainda seguem muito incertas. De certo, apenas que teremos novos cenários para trabalhar dentro da indústria esportiva durante um bom tempo.

* Bruno Maia, ex-vice-presidente de Marketing do Vasco da Gama, CEO da 14, agência de conteúdos estratégicos e digital, e especialista em negócios e novas tecnologias no esporte

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