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É justo que a Conmebol puna o Corinthians?

“As partidas do Corinthians como mandante na Copa Bridgestone Libertadores serão disputadas de portões fechados. Nos jogos em que o clube for visitante, seus torcedores não terão acesso a ingressos”, comunicou por escrito no final da noite desta quinta-feira o porta-voz da Conmebol, Nestor Benítez. Isso porque na última quarta-feira em Oruro, na Bolívia, durante uma partida de futebol, frise-se, um esporte, Kevin Douglas Beltran Espada, um jovem torcedor local […] Leia mais

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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 22 de fevereiro de 2013 às, 13h33.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h08.

“As partidas do Corinthians como mandante na Copa Bridgestone Libertadores serão disputadas de portões fechados. Nos jogos em que o clube for visitante, seus torcedores não terão acesso a ingressos”, comunicou por escrito no final da noite desta quinta-feira o porta-voz da Conmebol, Nestor Benítez.

Isso porque na última quarta-feira em Oruro, na Bolívia, durante uma partida de futebol, frise-se, um esporte, Kevin Douglas Beltran Espada, um jovem torcedor local de 14 anos, foi atingido por um sinalizador disparado por um integrante da torcida do time paulista, durante a comemoração (?) de um gol e faleceu. A medida adotada pela Conmebol é cautelar e vale até que seja apresentada a decisão final, o que segundo a entidade, ocorrerá em até 60 dias. O Corinthians tem até 03 dias para apresentar sua defesa. Mas, ao apresentá-la, deveria apenas esclarecer os fatos, sem questionar a punição.

Porque o que aconteceu na Bolívia é irracional. Claro, já há manifestações de torcedores, corinthianos ou não, contrários à medida. Compreensivelmente, apontam que sem a presença dos torcedores, a competição fica relativizada. E é exatamente isso. O time da Bolívia, o San Jose, desde o último jogo, não terá em nenhuma de suas partidas daqui em diante, e não apenas durante a Libertadores, a presença do garoto que foi até o estádio apenas para acompanhar uma partida de futebol, frise-se novamente, um esporte. A competição já ficou relativizada.

O Corinthians, atual campeão mundial, precisa acatar a punição. Naturalmente haverá um substancial prejuízo financeiro para o clube em função da ausência de seus torcedores, considerando que quase 100 mil ingressos já haviam sido vendidos antecipadamente e terão que ser reembolsados. Contudo, muito maior que o prejuízo, é o exemplo. Não é possível ser grande (tamanho), sem ser plenamente grande (postura). E sendo grande de verdade, o prejuízo será minimizado. É a chance do Corinthians mostrar o tamanho que quer ter.

Mas é também a chance da Conmebol fazer valer a punição e passar a ser rigorosa, inclusive, quando não houver mortes. Consideremos a hipótese do adolescente boliviano não ter morrido. Só o fato de uma torcida de um clube (de qualquer esporte) disparar contra outra um objeto que pode levar à morte já é absurdo. Causar a morte é inadmissível. Mas a entidade responsável pelo futebol sul-americano só agiu agora, acuada, porque houve morte.

E as brigas que ocorrem nas arquibancadas com pessoas machucadas? E as torcidas que jogam pilhas e chinelos nos atletas? E a segurança falha oferecida pelo próprio San Jose, que permitiu a entrada do tal sinalizador no estádio? Tudo isso, sempre, sem apurações da tradicionalmente apática Conmebol.  A punição dada é justa, desde que seja só o começo e não seja isolada. Caso contrária, a punição não terá valido a pena. Porque outros atos de violência sem mortes virão, certos da impunidade. E todos continuaremos a presenciar covardias sem propósito como a dessa última quarta feira. Todos, menos um adolescente boliviano que foi assistir a uma partida de futebol que, esperamos nunca mais ter que frisar, é um esporte.

PS: Este blog espera estar errado, mas acredita que infelizmente haverá alguma mudança, ainda que não imediata, na punição dada.