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É absurdo desmerecer a decisão de greve dos atletas do Figueirense

A profissionalização do esporte nacional precisa ser um assunto desejado pelos próprios torcedores, capazes de cobrar quem luta de forma contrária

VL

Vinicius Lordello

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 14h57.

Na noite de ontem, os jogadores do Figueirense se recusam a jogar contra o Cuiabá, na casa do adversário. Os atletas reclamam salários atrasados. O direito de imagem do elenco, por exemplo, está atrasado desde maio. Os vencimentos em carteira também estão pendentes, assim como o recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).Uma notificação extrajudicial assinada por 31 jogadores foi enviada antes da disputa ao presidente da Elephant (gestora do futebol do clube) e já manifestava a intenção dos atletas de não treinar ou jogar até que os acertos fossem realizados.Em julho, o elenco ficou sem treinar e o presidente prometeu quitar as pendências, o que não ocorreu. Agora, veio a recusa ao campo de jogo.

Pior que o atraso por parte da gestão, está a tentativa de coibir ou mesmo jogar a torcida contra os atletas, trabalhadores, diante da greve. O clube trata a paralisação como "falta ao trabalho" e tenta pressionar o elenco. Os jogadores, via nota oficial, reiteram a responsabilidade da diretoria que, segundo eles, “além de não se comprometer com os contratos assumidos, não abriu nenhum diálogo e não procurou nenhuma forma de acordo”.

Aqui entra um fator fundamental: a compreensão da torcida do Figueira e do mercado esportivo. É importante que seus fãs e os públicos envolvidos percebam que antes de falarmos de uma engenharia gigantesca de entretenimento, o esporte também é um empregador e, como tal, tem suas responsabilidades. A principal delas, nesse sentido, é remunerar seus contratados. Se bem ou mal, muito ou pouco, é outra história. Mas da feita que um contrato é assumido, precisa ser cumprido ou, ao menos, renegociado. Diante da negativa dos jogadores, parte da torcida ou mesmo vozes do Esporte atacam os jogadores, como se não respeitassem a história do clube. Quem desrespeita a história do Fiqueira é quem por ele responde e deixa de remunerar seus contratados. É fundamental que a torcida perceba que os atletas, ao se recusarem jogar, se negam a pisar na história do clube, e não o contrário.

Menos mal que, ao chegarem no aeroporto, de volta pra casa, o elenco do Figueirense foi recebido com aplausos por parte da torcida. Mas ainda há muita gente desejando que sejam sumariamente expulsos do clube e punidos com suspensão do futebol. Entre os atletas, o temor é pela sequência da carreira. Recebem indícios de retaliações e promessas de violência via redes sociais. A profissionalização do esporte nacional precisa ser um assunto comprado e desejado pelos próprios torcedores, que é a parte envolvida capaz de cobrar quem luta de forma contrária. São esses que precisam entender e apoiar que nosso esporte deixe de ser conduzido de forma amadora. É hora da torcida mostrar que, nesse luta contra a corrupção, desmandos e até crimes no futebol, está do lado do esporte e de quem o realmente faz existir. É hora de ser melhor além da boca pra fora.

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Na noite de ontem, os jogadores do Figueirense se recusam a jogar contra o Cuiabá, na casa do adversário. Os atletas reclamam salários atrasados. O direito de imagem do elenco, por exemplo, está atrasado desde maio. Os vencimentos em carteira também estão pendentes, assim como o recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).Uma notificação extrajudicial assinada por 31 jogadores foi enviada antes da disputa ao presidente da Elephant (gestora do futebol do clube) e já manifestava a intenção dos atletas de não treinar ou jogar até que os acertos fossem realizados.Em julho, o elenco ficou sem treinar e o presidente prometeu quitar as pendências, o que não ocorreu. Agora, veio a recusa ao campo de jogo.

Pior que o atraso por parte da gestão, está a tentativa de coibir ou mesmo jogar a torcida contra os atletas, trabalhadores, diante da greve. O clube trata a paralisação como "falta ao trabalho" e tenta pressionar o elenco. Os jogadores, via nota oficial, reiteram a responsabilidade da diretoria que, segundo eles, “além de não se comprometer com os contratos assumidos, não abriu nenhum diálogo e não procurou nenhuma forma de acordo”.

Aqui entra um fator fundamental: a compreensão da torcida do Figueira e do mercado esportivo. É importante que seus fãs e os públicos envolvidos percebam que antes de falarmos de uma engenharia gigantesca de entretenimento, o esporte também é um empregador e, como tal, tem suas responsabilidades. A principal delas, nesse sentido, é remunerar seus contratados. Se bem ou mal, muito ou pouco, é outra história. Mas da feita que um contrato é assumido, precisa ser cumprido ou, ao menos, renegociado. Diante da negativa dos jogadores, parte da torcida ou mesmo vozes do Esporte atacam os jogadores, como se não respeitassem a história do clube. Quem desrespeita a história do Fiqueira é quem por ele responde e deixa de remunerar seus contratados. É fundamental que a torcida perceba que os atletas, ao se recusarem jogar, se negam a pisar na história do clube, e não o contrário.

Menos mal que, ao chegarem no aeroporto, de volta pra casa, o elenco do Figueirense foi recebido com aplausos por parte da torcida. Mas ainda há muita gente desejando que sejam sumariamente expulsos do clube e punidos com suspensão do futebol. Entre os atletas, o temor é pela sequência da carreira. Recebem indícios de retaliações e promessas de violência via redes sociais. A profissionalização do esporte nacional precisa ser um assunto comprado e desejado pelos próprios torcedores, que é a parte envolvida capaz de cobrar quem luta de forma contrária. São esses que precisam entender e apoiar que nosso esporte deixe de ser conduzido de forma amadora. É hora da torcida mostrar que, nesse luta contra a corrupção, desmandos e até crimes no futebol, está do lado do esporte e de quem o realmente faz existir. É hora de ser melhor além da boca pra fora.

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