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A (im)provável relação entre Big Data e o Big 3 do tênis masculino

Atualmente, a estratégia de jogo conta com análises de Big Data, machine learning e Inteligência Artificial nos treinamentos dos grandes competidores

Djokovic: o tenista número 1 do mundo  quer reformar o esporte e ajudar os atletas na parte inferior do ranking (Karim Sahib/Getty Images)
Djokovic: o tenista número 1 do mundo quer reformar o esporte e ajudar os atletas na parte inferior do ranking (Karim Sahib/Getty Images)
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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 21 de junho de 2021 às, 09h52.

* Por Fernanda Baggio

Os melhores jogadores passam por extensos programas de preparação para chegar em torneios em suas melhores formas física, mental e, atualmente, tecnológica. O tenista Novak Djokovic, por exemplo, venceu a última disputa, em Roland Garros, e encostou ainda mais na luta para assumir o posto de maior vencedor de grand slans. 

REUTERS/Pascal Rossignol/File Photo (Pascal Rossignol/Reuters Business)

Isso, por si só, já seria capaz de atrair bastante atenção para o tenista. Porém, ele vem se destacando sob diferentes tópicos. Djokovic foi o protagonista também da conquista histórica na edição de 2019 de Wimbledon, tradicional campeonato que acontece na Inglaterra. Com cerca de 5h de duração, a final do atual número 1 do mundo com Roger Federer foi a partida mais longa assistida no templo sagrado de All-England Club. 

Além de toda a capacidade técnica e de condicionamento físico dos atletas, o record na duração de uma partida final pode ser também um reflexo da utilização cada vez maior da tecnologia no esporte. Atualmente, a estratégia de jogo conta com análises de Big Data, machine learning e Inteligência Artificial nos treinamentos dos grandes competidores, fazendo com que as derrotas representem perdas de investimento ainda maiores aos atletas. 

Rafael Nadal (à esq.) e Roger Federer (Getty Images/Getty Images)

À primeira vista pode causar estranheza, mas, há alguns anos, os principais atletas da modalidade, como o big 3 do tênis masculino composto por Djokovic, Nadal e Federer, contam com cientistas de dados, matemáticos e até economistas em suas equipes. O objetivo deixou de ser apenas ter um scout mais bem detalhado. A ideia é, após monitorar, compilar e analisar profundamente os dados coletados, definir qual é a melhor estratégia para enfrentar aquele determinado oponente, favorecendo a tomada das decisões para conquistar o melhor resultado em cada ponto disputado. Afinal, além do prestígio, conquistas estão atreladas a alguns milhões de dólares como prêmio e patrocínios. 

Utilizando modelos estatísticos e algoritmos customizados, a tecnologia está revolucionando também o esporte. Mais do que mostrar os pontos fortes e aqueles precisam ser melhorados, analisando a fundo os dados, é possível prever como cada jogador agirá quando exposto a uma determinada situação, seja de posição de quadra, momento do jogo, placar da partida ou mesmo stress emocional. Uma das teorias mais disseminadas, e que segue essa tese, é a “árvore de estatísticas”. 

Serena Williams comemora título do Aberto da Austrália, dia 28/1/17

Serena Williams comemora título do Aberto da Austrália (Edgar Su/Reuters)

Um estudo trazido pela Big Data Tennis, empresa que detém uma modelagem preditiva proprietária que contém mais de 600 mil partidas de tênis, afirma que, muito provavelmente, a Serena Williams, uma das melhores tenistas da história, seria capaz de vencer nove dos 10 homens mais bem colocados no ranking em março de 2019. Não porque ela possui mais ou menos habilidades, potência, resistência, velocidade ou algo do tipo. O conceito por traz da pesquisa considera que conhecer muito bem seus competidores, saber lidar com suas fraquezas, utilizar seus pontos fortes, corrigir possíveis equívocos, saber o momento certo de agir e qual é a maneira mais adequada, permite que você alcance resultados que, nem nos melhores dos cenários, seriam imagináveis. 

É possível replicar essa analogia para o mundo corporativo. Big Data Analytics, Inteligência Artificial e Machine Learning são diferenciais competitivos de importância única no planejamento dos próximos desafios. Os dados são ativos muito valiosos e estratégicos. A tecnologia tem o poder de tornar qualquer história ainda mais brilhante e vitoriosa. 

Entretanto, vale ressaltar que o papel primordial e preponderante no sucesso - ou não - de um plano de negócios (ou de jogo), é, e sempre será, do profissional que tomará a decisão final. Nada adianta ter acesso às melhores informações estratégicas, equipamentos e ferramentas, se o executor não estiver apto para usufruir de tudo isso.  

Gustavo Kuerten, além de ser o maior tenista brasileiro de todos os tempos, é muito ligado à tecnologia. Uma das frases inspiradoras do ídolo nacional é “jogue tênis todo dia, com saúde e alegria”. Certamente, esse pensamento fez dele o vencedor que conhecemos. Porém, diante do que estamos vivendo, seja no esporte ou negócios, talvez a melhor frase seja “jogue tênis todo dia, com saúde, alegria e tecnologia”.

*Fernanda Baggio é Chief Marketing Officer da Neoway