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A caxirola nos representa?

A caxirola foi chancelada pelo Ministério dos Esportes e pela FIFA como instrumento oficial da Copas das Confederações e da Copa do Mundo. O instrumento, espécie de chocalho feito de palha e sementes, foi inventado pelo bom músico, e agora inventor de gosto duvidoso, Carlinhos Brown. A produção, sob responsabilidade da Braskem, é feita com plástico verde, a base de cana-de-açúcar, e lembra muito, mas muito mesmo, o caxixi. Comercialmente, […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2013 às 13h21.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h00.

A caxirola foi chancelada pelo Ministério dos Esportes e pela FIFA como instrumento oficial da Copas das Confederações e da Copa do Mundo. O instrumento, espécie de chocalho feito de palha e sementes, foi inventado pelo bom músico, e agora inventor de gosto duvidoso, Carlinhos Brown. A produção, sob responsabilidade da Braskem, é feita com plástico verde, a base de cana-de-açúcar, e lembra muito, mas muito mesmo, o caxixi. Comercialmente, é difícil negar, foi uma ideia excelente. Porque se até antes da Copa do Mundo FIFA de 2010 na África do Sul, instrumentos musicais não faziam sucesso, as inesquecíveis vuvuzelas deram por lá, literalmente, o ritmo da competição.

E sendo o instrumento oficial das competições, a expectativa de venda de caxirolas não era pequena. Estimava-se até 50 milhões de unidades, vendidas a R$ 29,90 cada – embora exista a defesa de distribuição gratuita de parte dessa quantidade pelo governo federal. Pra facilitar seu cálculo, caro leitor, se vendidas todas as fabricadas: R$ 1.490.000.000,00. E agora pra facilitar a contagem dos zeros: Um bilhão, quatrocentos e noventa milhões de reais. Mas notem a escrita do “estimava-se”. Sim, porque o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo  de 2014 anunciou nesta segunda-feira a proibição da “caxirola” nos jogos da Copa das Confederações, que começará no próximo dia 15 de junho.

Contrariando a ideia de Carlinhos Brown, que queria promover a “primeira ola sonorizada do mundo” – sim, porque todos os torcedores ficam em absoluto silêncio durante a ola-, o diretor de segurança do COL, Hilário Medeiros, garantiu que será proibida a entrada das caxirolas nos estádios durante a competição. “Não é permitida a entrada de torcedores com qualquer instrumento musical, e a caxirola entra neste quesito”, esclareceu.

Foto: Divulgação / Ministério do Esporte

O sinal amarelo acendeu em uma partida do Campeonato Baiano, quando torcedores do Bahia, irritados com a derrota para o rival Vitória, lançaram centenas de caxirolas no gramado da Arena Fonte Nova. Fosse como a africana vuvuzela, já tradicional em alguns países do continente africano, teríamos tido uma grande onda de reclamações logo após o veto. Mas não vimos sequer uma marolinha… Até o momento, os únicos desgostosos com o veto  devem ser a Braskem, o governo federal, e principalmente, Brown.

Reitero o respeito à ideia sob o ponto de vista comercial. Faria muito sentido aproveitar o grande evento para popularizar mundo afora algo típico de nossa cultura. Mas poderíamos, então, popularizar instrumentos que já fossem estritamente ligados à vida dos brasileiros. E se não encontrássemos algum que pudesse ser produzido em série, que fabricássemos outra lembrança, que não um instrumento, como lembranças da passagem dos turistas por cada uma de nossas cidades-sede. Sendo uma coleção, poderia até vender mais. A caxirola… a caxirola, não.

Já é pouco animador que o principal evento futebolístico do mundo aconteça aqui e tenhamos que chamar um tatu bola de Fuleco, que abdiquemos (ainda há esperança!) do nome Mané Garrincha, um dos grandes jogadores da história do nosso futebol, para chamarmos o estádio do Distrito Federal de Arena Nacional. O provável atropelamento à nossa cultura musical seria, como ainda pode ser (o veto restringiu o uso apenas na Copa das Confederações, não da Copa da Mundo em 2014) melancólico. Porque somos sim musicais! Cada brasileiro gosta de um ritmo, de um estilo diferente. Quanta diversidade! A música está em cada canto do país e efetivamente nos representa. A caxirola não. E isso não tem como forjar ou comprar. Muito menos por promocionais R$ 29,90.

Siga-nos no Twitter: @viniciuslord e/ou @EXAME_EsporteEx

A caxirola foi chancelada pelo Ministério dos Esportes e pela FIFA como instrumento oficial da Copas das Confederações e da Copa do Mundo. O instrumento, espécie de chocalho feito de palha e sementes, foi inventado pelo bom músico, e agora inventor de gosto duvidoso, Carlinhos Brown. A produção, sob responsabilidade da Braskem, é feita com plástico verde, a base de cana-de-açúcar, e lembra muito, mas muito mesmo, o caxixi. Comercialmente, é difícil negar, foi uma ideia excelente. Porque se até antes da Copa do Mundo FIFA de 2010 na África do Sul, instrumentos musicais não faziam sucesso, as inesquecíveis vuvuzelas deram por lá, literalmente, o ritmo da competição.

E sendo o instrumento oficial das competições, a expectativa de venda de caxirolas não era pequena. Estimava-se até 50 milhões de unidades, vendidas a R$ 29,90 cada – embora exista a defesa de distribuição gratuita de parte dessa quantidade pelo governo federal. Pra facilitar seu cálculo, caro leitor, se vendidas todas as fabricadas: R$ 1.490.000.000,00. E agora pra facilitar a contagem dos zeros: Um bilhão, quatrocentos e noventa milhões de reais. Mas notem a escrita do “estimava-se”. Sim, porque o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo  de 2014 anunciou nesta segunda-feira a proibição da “caxirola” nos jogos da Copa das Confederações, que começará no próximo dia 15 de junho.

Contrariando a ideia de Carlinhos Brown, que queria promover a “primeira ola sonorizada do mundo” – sim, porque todos os torcedores ficam em absoluto silêncio durante a ola-, o diretor de segurança do COL, Hilário Medeiros, garantiu que será proibida a entrada das caxirolas nos estádios durante a competição. “Não é permitida a entrada de torcedores com qualquer instrumento musical, e a caxirola entra neste quesito”, esclareceu.

Foto: Divulgação / Ministério do Esporte

O sinal amarelo acendeu em uma partida do Campeonato Baiano, quando torcedores do Bahia, irritados com a derrota para o rival Vitória, lançaram centenas de caxirolas no gramado da Arena Fonte Nova. Fosse como a africana vuvuzela, já tradicional em alguns países do continente africano, teríamos tido uma grande onda de reclamações logo após o veto. Mas não vimos sequer uma marolinha… Até o momento, os únicos desgostosos com o veto  devem ser a Braskem, o governo federal, e principalmente, Brown.

Reitero o respeito à ideia sob o ponto de vista comercial. Faria muito sentido aproveitar o grande evento para popularizar mundo afora algo típico de nossa cultura. Mas poderíamos, então, popularizar instrumentos que já fossem estritamente ligados à vida dos brasileiros. E se não encontrássemos algum que pudesse ser produzido em série, que fabricássemos outra lembrança, que não um instrumento, como lembranças da passagem dos turistas por cada uma de nossas cidades-sede. Sendo uma coleção, poderia até vender mais. A caxirola… a caxirola, não.

Já é pouco animador que o principal evento futebolístico do mundo aconteça aqui e tenhamos que chamar um tatu bola de Fuleco, que abdiquemos (ainda há esperança!) do nome Mané Garrincha, um dos grandes jogadores da história do nosso futebol, para chamarmos o estádio do Distrito Federal de Arena Nacional. O provável atropelamento à nossa cultura musical seria, como ainda pode ser (o veto restringiu o uso apenas na Copa das Confederações, não da Copa da Mundo em 2014) melancólico. Porque somos sim musicais! Cada brasileiro gosta de um ritmo, de um estilo diferente. Quanta diversidade! A música está em cada canto do país e efetivamente nos representa. A caxirola não. E isso não tem como forjar ou comprar. Muito menos por promocionais R$ 29,90.

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