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CEO da beuty'in
Publicado em 11 de julho de 2025 às 14h40.
Florianópolis vem ganhando destaque nacional como um dos principais polos de tecnologia do Brasil, com um impacto econômico que já representa 25% do PIB da cidade — o maior índice entre as capitais brasileiras. Para efeito de comparação, São Paulo, maior centro financeiro do país, registra 12,5% do seu PIB oriundo do setor tecnológico. Esse crescimento acelerado, que ganhou força a partir de 2015, tem raízes que remontam à década de 1980, quando a cidade vivia predominantemente do setor público e do turismo sazonal, que durava apenas três meses por ano.
Um Cenário Singular e Oportunidades Estratégicas
A geografia de Florianópolis impõe limitações importantes: cerca de 70% da ilha é área de preservação permanente, o que restringe a instalação de indústrias tradicionais. Diante desse cenário, empreendedores locais optaram por apostar na tecnologia como matriz econômica, aproveitando a presença de instituições de ensino de excelência, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que tem sido fundamental para a formação de talentos e o fomento à inovação.
Um marco histórico para o desenvolvimento tecnológico da cidade foi a criação, em 1986, do Centro Empresarial de Laboratórios de Tecnologias Avançadas — a primeira incubadora de empresas de tecnologia do Brasil. Posteriormente, em 2010, foi inaugurado o Sapiens Parque, um grande polo de inovação que impulsionou ainda mais o ecossistema local.
Crescimento Exponencial e Perfil das Empresas
De 600 empresas de tecnologia em 2010, Florianópolis saltou para mais de 6.100 atualmente. A maioria dessas empresas tem perfil B2B (business to business), focando no desenvolvimento de produtos, soluções e serviços para outras companhias. O ecossistema é predominantemente composto por pequenas empresas lideradas por jovens empreendedores, que têm impulsionado a inovação e a competitividade da região.
Um exemplo emblemático desse sucesso é a RD Station, fundada em Florianópolis em 2011, que foi adquirida pela Totvs em 2021 por R$ 2 bilhões. Um dos fundadores, Eric Santos, paulista de origem, escolheu a UFSC para sua formação, evidenciando a capacidade da cidade de atrair e formar talentos de todo o país.
Apesar do crescimento, Florianópolis enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à oferta de mão de obra qualificada. Estima-se
que entre 1.800 e 2.000 vagas no setor de tecnologia estejam abertas atualmente, com uma previsão de necessidade de 100 mil profissionais até 2030. Para mitigar esse déficit, a Prefeitura firmou parcerias estratégicas com entidades como a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), promovendo capacitação desde adolescentes de 14 anos até pessoas com mais de 60 anos. Em seu terceiro ano, esses programas já formaram milhares de novos talentos.
Outro desafio é a retenção desses profissionais, que frequentemente recebem propostas atraentes de empresas no exterior. A competitividade global exige que Florianópolis continue investindo em qualidade de vida, inovação e oportunidades para manter seu capital humano.
A trajetória de Florianópolis demonstra que o Brasil possui o DNA empreendedor necessário para se destacar no setor tecnológico. A combinação de políticas públicas, investimento em educação, infraestrutura de inovação e espírito empreendedor tem transformado a cidade em um exemplo a ser seguido.
O Sapiens Parque e outras iniciativas locais mostram que, com visão estratégica e colaboração, é possível construir um ecossistema robusto e sustentável. Para empreendedores e investidores, Florianópolis representa uma oportunidade única de participar de um mercado em expansão, que alia tecnologia, inovação e qualidade de vida.
Empreender liberta e não tem fronteiras. Mãos e mentes à obra.