(Exponential Summit/Divulgação)
CEO da beuty'in
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 10h35.
Alguns serviços, e talvez até profissões, deixarão de existir na nova era do A-Commerce. Estamos entrando em um momento em que as marcas não vendem mais para pessoas, mas para algoritmos inteligentes que tomam decisões por nós.
Recentemente, estive na Exponential Summit, organizado pelo B2BMatch, nos dias 7 a 9 de outubro, evento em que tive a oportunidade de participar não só como painelista, mas como espectadora atenta e fui profundamente impactada por uma palestra que delineou um cenário que muitos ainda não enxergam: a transição silenciosa do E-Commerce para o A-Commerce (comércio automatizado), e como isso redefine não apenas o comportamento do consumidor, mas o próprio papel humano em decisões de negócio.
Por décadas, o E-Commerce foi o símbolo de autonomia digital. O consumidor visitava sites, comparava produtos, lia avaliações, era influenciado por criadores de conteúdo e, por fim, decidia com base na emoção, no desejo ou no impulso. Essa lógica humana dá lugar a uma lógica algorítmica no A-Commerce: um agente de IA encarregado de ler rótulos, comparar ingredientes, avaliar reputações de marca, considerar o histórico de satisfação de clientes e automatizar compras recorrentes tudo com base em dados, sem emoção. Nesse cenário, não é o consumidor que “escolhe” no sentido tradicional: ele delega.
A consequência mais disruptiva é que a fidelidade deixa de ser sentimento e passa a ser métrica. A “lealdade” à marca é substituída pela confiança algorítmica, quem performa bem no radar da IA permanece no “mapa de escolhas”, quem não entrega dados consistentes, desaparece. Marcas que não dominarem essa interface com agentes inteligentes serão invisíveis. É o “data-telling”, contar uma história com números, tornando-se tão ou mais estratégico que o storytelling tradicional.
Já há sinais concretos de que os LLMs (Modelos de Linguagem de Grande Escala), como o ChatGPT, deixaram de ser apenas ferramentas de bate-papo e se tornaram formadores de opinião. De acordo com o Accenture Consumer Pulse Research 2025, essas inteligências já figuram entre as principais fontes de recomendação de compra, disputando espaço com lojas físicas e influenciadores humanos. E não é surpresa que o Brasil esteja entre os três países que mais utilizam o ChatGPT, segundo dados da OpenAI: utilizamos a IA com naturalidade, talvez mais do que reconhecemos. Esse movimento revela uma migração de confiança: do carisma humano para a precisão algorítmica.
No tocante à aplicação prática, empresas globais e nacionais já demonstram o poder dessa revolução:
Ainda assim, segundo o Boston Consulting Group, apenas 5% das empresas globais estudadas extraem valor real e mensurável de seus investimentos em IA até hoje. Isso significa que muitos negócios ainda estão “testando” IA e, nesse atraso, estão perdendo território estratégico.
Por sua vez, o relatório Stanford AI Index 2025 aponta que 78% das organizações já usavam IA em 2024, um salto frente aos 55% do ano anterior. A adoção é rápida, mas o domínio ainda é restrito.
O futuro próximo oferece oportunidades e perigos:
A grande pergunta que deixo é ousada, para ecoar na reflexão dos líderes e empreendedores:
Se a IA começa a decidir por nós, nossas compras, aprendizados e emoções, estamos evoluindo ou terceirizando nossa capacidade de pensar?
O futuro não será sobre quem usa IA, mas sobre quem ainda sabe questionar, liderar e pensar em meio ao algoritmo.