Sim à democracia
"Não teremos uma democracia forte enquanto continuarmos a acreditar que todos os políticos são desonestos", diz Mufarrej
Karin Salomão
Publicado em 6 de dezembro de 2020 às 10h35.
“Negacionismo” é um dos termos que o coronavírus disseminou no debate público brasileiro. Refere-se à recusa a aceitar fatos incômodos, que exigem humildade intelectual e gestos corajosos. Insatisfeitos com a mensagem, negacionistas atacam o mensageiro, seja a autoridade sanitária, a curva de contágio ou a fotografia aérea de centenas de covas abertas.
A palavra ganhou as manchetes com a pandemia, mas o comportamento é antigo. Há quem negue o aquecimento e até o formato da Terra, a existência do Holocausto e a do racismo, a eficácia das vacinas e a realidade das contas públicas. E há os negacionistas da democracia.
Como o vírus, a política não depende de nossa crença para existir, mas a forma como nos afeta responde ao tratamento que lhe dispensamos. Não teremos uma democracia forte enquanto continuarmos a acreditar que todos os políticos são desonestos. Pagaremos caro se não confrontarmos a polarização, a intolerância e as mentiras. Não há nação desenvolvida sem líderes capazes de inspirar confiança, respeito e disposição ao diálogo.
Essas conclusões me levaram a criar o RenovaBR em 2017. Talvez você ainda não saiba, mas há uma boa chance de que alguém que te representa tenha se qualificado em nossa escola de formação para futuros políticos. Em 2018, tivemos 17 alunos eleitos por sete partidos. Nessas eleições, saltamos para 151 eleitos em 123 cidades de 20 estados do Brasil, filiados a 25 partidos diferentes, da esquerda à direita. Ao todo, suas regiões comportam quase 60% da população.
O RenovaBR é uma instituição sem fins lucrativos, mantida por doações de milhares de indivíduos e entidades filantrópicas. Os cursos são gratuitos e não exigimos contrapartidas de ex-alunos. Um modelo que desafia a visão de mundo do negacionista da democracia. Maniqueístas ideológicos não são capazes de aceitar que pessoas com profundas discordâncias sentem-se lado a lado na sala de aula.
No domingo de eleição, comemoramos junto com alunos como Iza Vicente (Rede), 25 anos, negra, advogada e vereadora eleita em Macaé/RJ, e Lucielle Laurentino (DEM), filha de feirantes, professora e prefeita eleita em Bezerros/PE. Celebramos 30% de alunos eleitos negros, 22% mulheres e 21% com renda de até três salários mínimos.
Uma semana depois, recebi o link de um blog que os chamava de “jovens a serviço das elites”. No primeiro parágrafo, o autor afirma, simultaneamente, que a lista dos eleitos não foi divulgada e que a maioria deles é de direita. Se tivesse seguido a regra básica do bom jornalismo e consultado a parte citada, poderíamos tê-lo alertado de que os nomes dos alunos eleitos (e seus partidos) já estavam disponíveis em nosso site ( https://alunos.renovabr.org/ ). No outro extremo político, a falácia delirante é que somos globalistas financiados por organizações secretas internacionais.
Este artigo não se propõe a respondê-los. O RenovaBR nunca pretendeu agradar às minorias de cada polo ideológico que desejam o extermínio do lado oposto. Para todos os brasileiros que acreditam na democracia, nossa escola segue de portas abertas.
“Negacionismo” é um dos termos que o coronavírus disseminou no debate público brasileiro. Refere-se à recusa a aceitar fatos incômodos, que exigem humildade intelectual e gestos corajosos. Insatisfeitos com a mensagem, negacionistas atacam o mensageiro, seja a autoridade sanitária, a curva de contágio ou a fotografia aérea de centenas de covas abertas.
A palavra ganhou as manchetes com a pandemia, mas o comportamento é antigo. Há quem negue o aquecimento e até o formato da Terra, a existência do Holocausto e a do racismo, a eficácia das vacinas e a realidade das contas públicas. E há os negacionistas da democracia.
Como o vírus, a política não depende de nossa crença para existir, mas a forma como nos afeta responde ao tratamento que lhe dispensamos. Não teremos uma democracia forte enquanto continuarmos a acreditar que todos os políticos são desonestos. Pagaremos caro se não confrontarmos a polarização, a intolerância e as mentiras. Não há nação desenvolvida sem líderes capazes de inspirar confiança, respeito e disposição ao diálogo.
Essas conclusões me levaram a criar o RenovaBR em 2017. Talvez você ainda não saiba, mas há uma boa chance de que alguém que te representa tenha se qualificado em nossa escola de formação para futuros políticos. Em 2018, tivemos 17 alunos eleitos por sete partidos. Nessas eleições, saltamos para 151 eleitos em 123 cidades de 20 estados do Brasil, filiados a 25 partidos diferentes, da esquerda à direita. Ao todo, suas regiões comportam quase 60% da população.
O RenovaBR é uma instituição sem fins lucrativos, mantida por doações de milhares de indivíduos e entidades filantrópicas. Os cursos são gratuitos e não exigimos contrapartidas de ex-alunos. Um modelo que desafia a visão de mundo do negacionista da democracia. Maniqueístas ideológicos não são capazes de aceitar que pessoas com profundas discordâncias sentem-se lado a lado na sala de aula.
No domingo de eleição, comemoramos junto com alunos como Iza Vicente (Rede), 25 anos, negra, advogada e vereadora eleita em Macaé/RJ, e Lucielle Laurentino (DEM), filha de feirantes, professora e prefeita eleita em Bezerros/PE. Celebramos 30% de alunos eleitos negros, 22% mulheres e 21% com renda de até três salários mínimos.
Uma semana depois, recebi o link de um blog que os chamava de “jovens a serviço das elites”. No primeiro parágrafo, o autor afirma, simultaneamente, que a lista dos eleitos não foi divulgada e que a maioria deles é de direita. Se tivesse seguido a regra básica do bom jornalismo e consultado a parte citada, poderíamos tê-lo alertado de que os nomes dos alunos eleitos (e seus partidos) já estavam disponíveis em nosso site ( https://alunos.renovabr.org/ ). No outro extremo político, a falácia delirante é que somos globalistas financiados por organizações secretas internacionais.
Este artigo não se propõe a respondê-los. O RenovaBR nunca pretendeu agradar às minorias de cada polo ideológico que desejam o extermínio do lado oposto. Para todos os brasileiros que acreditam na democracia, nossa escola segue de portas abertas.