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Um dia, há quatro anos

É quando a política parece andar para trás que o RenovaBR se torna mais necessário

No Brasil, vivemos um momento em que a política parece andar para trás (ANDRé RIBEIRO/FUTURA PRESS/Agência Estado)
No Brasil, vivemos um momento em que a política parece andar para trás (ANDRé RIBEIRO/FUTURA PRESS/Agência Estado)
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Eduardo Mufarej

Publicado em 15 de outubro de 2021 às, 19h56.

Por: Eduardo Mufarej

Há quatro anos, no dia 7 de outubro, o RenovaBR começou sua jornada improvável pela construção de um país melhor. Todos sabemos quanto há a fazer pelo Brasil, mas o Renova já nasceu com um foco claro: a renovação da classe política. As pessoas que se uniram para criar nossa escola de democracia entendem – e isso se prova a cada dia – que só políticos bem formados, movidos pelo ideal de deixar uma marca coletiva, e não individual, serão capazes de dar combate à desigualdade e à pobreza, criar condições para crescimento econômico sustentável, contribuir para a solidez das instituições e assim fazer o país avançar.

É nisso que eu acredito, ainda hoje, e cada vez com mais convicção.

Nos cursos do Renova, selecionamos pessoas incríveis e desenvolvemos suas habilidades. Explicamos como se organiza uma campanha política limpa e ensinamos políticas públicas com base em evidências. Recebemos alunos de todos os partidos, pois o importante para nós sempre foi elevar o sarrafo para todos. Não foi simples nem fácil. Enfrentamos ceticismo e resistência, mas colecionamos histórias de sucesso e nos fortalecemos.

Nesses quatro anos, já formamos cerca de 2000 alunos, gente de todo o Brasil, de todos os tons políticos, homens e mulheres, brancos, pretos, amarelos e indígenas. Nas eleições de 2018, nossa primeira prova de fogo, 18 ex-alunos do Renova elegeram-se para as Assembleias Legislativas de seus estados, a Câmara Federal e o Senado. Vários deles foram considerados excelentes por institutos sérios que avaliam a atuação parlamentar.

Em 2020, 156 foram eleitos em 123 cidades de Norte a Sul depois de passar pelas salas de aula – virtuais e presenciais – do Renova. Entre eles, doze prefeitos, alguns em cidades grandes como Joinville (SC) e São Vicente (SP), outros de municípios menores como Bezerros (PE) e Araguari (MG). Muitos ex-alunos integraram-se à administração pública e vão se mostrando ninjas em suas áreas – um bom exemplo é Renan Ferreirinha, que deixou a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, para onde se elegeu em 2018, e assumiu a secretaria de Educação da capital fluminense, sob o governo de Eduardo Paes. Num evento recente, aliás, Paes se referiu às iniciativas de renovação política como um presente para a sociedade, destacando o papel positivo do Renova no processo de qualificação da política nacional. Entre secretários, subsecretários e membros do gabinete da prefeitura do Rio, são dez egressos do Renova.

Uma escola como o Renova dificilmente nasceria na Noruega. No entanto, em países onde a classe política está desacreditada, iniciativas como a nossa encontram seu espaço, e não falo apenas do Brasil. Outras nações emergentes têm nos procurado com demandas para criar escolas à semelhança do Renova, notadamente Colômbia, Paraguai e Peru. É um desafio enorme adaptar nosso modo de atuar a contextos políticos e culturais diferentes, mas estamos empolgados e compartilhamos o conhecimento que acumulamos nesses quatro anos com alegria e vigor.

No Brasil, vivemos um momento em que a política parece andar para trás. Atores políticos, movidos por interesses pessoais ou paroquiais, elevam sua influência e promovem retrocessos na área social, ambiental e no combate à corrupção. Nossa educação segue patinando, enquanto o mundo anda a passos largos. Mais do que nunca, precisamos atrair os bons para as funções legislativas e executivas. Queremos que os cargos políticos sejam ocupados pelos melhores quadros do país, por pessoas de quem nos orgulhemos e que nos representem de verdade. Que o Renova siga firme, trabalhando para consolidar essa ideia na nossa sociedade.