Exame.com
Continua após a publicidade

O maior erro de todo empregado

Em minha última coluna, titulada “O maior erro de toda empresa”, dissertei sobre a empatia e a necessidade de as empresas compreenderem seus clientes. Ressaltei que um produto ou serviço só é bem-sucedido se de alguma forma resolve o problema de alguém. Analogamente, mostrei que os gestores deveriam compreender os anseios e os problemas de […]

FUNCIONÁRIOS DA B2W:  a varejista online perdeu 3.000 reais por minuto em 2016 / Luis Ushirobira
FUNCIONÁRIOS DA B2W: a varejista online perdeu 3.000 reais por minuto em 2016 / Luis Ushirobira
E
Eduardo Moreira

Publicado em 26 de maio de 2016 às, 13h15.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 17h57.

Em minha última coluna, titulada “O maior erro de toda empresa”, dissertei sobre a empatia e a necessidade de as empresas compreenderem seus clientes. Ressaltei que um produto ou serviço só é bem-sucedido se de alguma forma resolve o problema de alguém. Analogamente, mostrei que os gestores deveriam compreender os anseios e os problemas de seus liderados para que possam exercer seu cargo com eficácia.

No texto de hoje, pretendo seguir no tema. Falar um pouco sobre a empatia que os liderados deveriam ter com seus líderes. Algo sobre o qual pouco se fala, talvez pela imagem de opressor atribuída aos gestores e de vítima atribuída aos empregados. É preciso coragem para falar sobre empatia, aos olhos do senso comum, por parte de quem sofre. No entanto, é a falta dessa empatia que atrasa (ou emperra) a carreira de vários talentos, e compreendê-la cedo poderá ser a diferença entre uma caminhada bem-sucedida e outra desastrosa no mundo corporativo.

“Patrões” também sofrem. Arriscaria dizer que, dependendo do momento pelo qual passa a empresa, são os que mais sofrem. Sofrem por eles mesmos; afinal, têm obrigações pessoais, contas a pagar, família para sustentar, sonhos a alcançar. Sofrem pela empresa; dado que é naturalmente atribuído a eles o sucesso ou fracasso dos negócios. E, acredite, boa parte sofre também por seus empregados; afinal, muitos já calçaram aqueles sapatos e sabem como é dura a vida deles. O problema é que na maioria das vezes sofrem sozinhos. O topo costuma ser uma região solitária.

Vejo colaboradores de empresas reclamando de seu salário, dos bônus, das condições de trabalho… Mas poucas vezes vejo esses mesmos colaboradores colocando o chapéu do dono, pensando como seriam capazes de fazer diferente. Se, num passe de mágica, assumissem o papel de seus gestores ou dos donos da empresa, teriam como primeira medida dobrar o salário de todos os funcionários? Diminuiriam as horas de trabalho? Quintuplicariam os bônus de final de ano? Provavelmente não.

Certa vez, numa empresa em que trabalhei, perguntamos aos colaboradores de quanto achavam que deveria ser o bônus de final de ano. Ou seja, o valor justo que deveriam receber pelo que entregaram à empresa ao longo do ano. O resultado? A soma de todos os bônus propostos era igual a cinco vezes o lucro total da empresa. Alguém estava claramente muito errado. Ou talvez todos estivessem.

Aprendi ainda cedo que não convidamos um colaborador a se tornar sócio imaginando que, ao fazê-lo, ele passará a agir como tal. Escolhemos entre os colaboradores que já agem como sócios aqueles que se tornarão os novos donos da empresa. Estes já se provaram capazes, é neles a aposta menos arriscada. Um colaborador ser empático não significa aceitar passivamente o que lhe é imposto. Não quer dizer se acomodar na posição em que está. Apenas significa pensar como dono, agir como dono, sofrer como o dono para, quando menos esperar, virar dono de fato.

EDUARDO-MOREIRA-credito-coluna