O efeito base e a melhora que virá
É quase lugar comum entre agentes do mercado financeiro afirmar que os preços dos ativos não se movem com fatos, e sim com as expectativas em relação aos fatos. É por isso, dizem, que muitas vezes vemos os mercados não reagirem – ou reagirem timidamente – a noticias incrivelmente relevantes, frustando muitos investidores que nelas […]
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2016 às 12h48.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h14.
É quase lugar comum entre agentes do mercado financeiro afirmar que os preços dos ativos não se movem com fatos, e sim com as expectativas em relação aos fatos. É por isso, dizem, que muitas vezes vemos os mercados não reagirem – ou reagirem timidamente – a noticias incrivelmente relevantes, frustando muitos investidores que nelas apostavam. Simplesmente porque estas já eram em parte esperadas. Foi assim com a reeleição de Dilma, com seu processo de impeachment, com o Brexit, e com inúmeros outros acontecimentos recentes.
A verdade é que o mercado não se move exatamente com as expectativas em si. O mercado se move com a variação destas expectativas. Em linguagem matemática, com a primeira derivada desta variável. Se as expectativas melhoram, os preços seguem esta direção. Se pioram, o mesmo acontece com os preços, normalmente em mesmo ritmo e magnitude. Só que, para confundir um pouco mais o leitor, adivinhem o que faz com que as expectativas mudem? Acertou quem falou “os fatos”. O que, de certa forma, traz de volta uma relação direta entre estes e os preços.
No Brasil, estamos prestes a enfrentar uma mudança radical de expectativas em relação aos mercados, e que será gerada pelo mais simples e corriqueiro dos fatos: o efeito base causado por anos de má performance das empresas e do país. A fotografia atual do país é horrorosa. As margens de lucro são mínimas ou negativas. As vendas são as menores (em termos nominais!) em muitos anos. Os investimentos são poucos, quando existem. Os preços das ações, como consequência de tudo isso, flertam com as mínimas cotações dos últimos dez anos. E, de certa forma, isso é ótimo…
É ótimo porque as notícias que virão serão ótimas. E como ninguém espera noticias ótimas, as expectativas se tornarão – irrealisticamente – ótimas rapidamente, o que fará com que empresas voltem a investir, consumidores voltem a comprar, e o que é irrealístico torne-se real no mais típico exemplo de profecia autorrealizável.
Uma ação que cai de 16 para 2 reais sofreu uma queda de 88%. Até voltar a seu patamar inicial, ela nos dá de presente três manchetes de jornal de que subiu 100%! De dois para quatro, de quatro para oito, e de oito para 16. A margem de lucro de uma empresa que caiu para 1% dobra de valor quatro vezes antes de chegar nos 15%, seu patamar histórico de equilíbrio. E o mesmo raciocínio vale também para o PIB, para os resultados fiscais, e todos os outros números da economia.
É por isso que os mercados andam em tendência. Porque fatos geram manchetes que mudam expectativas que interferem nos fatos. Numa eterna bola de neve maníaco-depressiva, presa num vale entre duas montanhas, subindo e caindo de tempos em tempos de um lado para o outro. Pois bem, apertem os cintos porque estamos começando uma bela subida, que durará alguns bons anos…
É quase lugar comum entre agentes do mercado financeiro afirmar que os preços dos ativos não se movem com fatos, e sim com as expectativas em relação aos fatos. É por isso, dizem, que muitas vezes vemos os mercados não reagirem – ou reagirem timidamente – a noticias incrivelmente relevantes, frustando muitos investidores que nelas apostavam. Simplesmente porque estas já eram em parte esperadas. Foi assim com a reeleição de Dilma, com seu processo de impeachment, com o Brexit, e com inúmeros outros acontecimentos recentes.
A verdade é que o mercado não se move exatamente com as expectativas em si. O mercado se move com a variação destas expectativas. Em linguagem matemática, com a primeira derivada desta variável. Se as expectativas melhoram, os preços seguem esta direção. Se pioram, o mesmo acontece com os preços, normalmente em mesmo ritmo e magnitude. Só que, para confundir um pouco mais o leitor, adivinhem o que faz com que as expectativas mudem? Acertou quem falou “os fatos”. O que, de certa forma, traz de volta uma relação direta entre estes e os preços.
No Brasil, estamos prestes a enfrentar uma mudança radical de expectativas em relação aos mercados, e que será gerada pelo mais simples e corriqueiro dos fatos: o efeito base causado por anos de má performance das empresas e do país. A fotografia atual do país é horrorosa. As margens de lucro são mínimas ou negativas. As vendas são as menores (em termos nominais!) em muitos anos. Os investimentos são poucos, quando existem. Os preços das ações, como consequência de tudo isso, flertam com as mínimas cotações dos últimos dez anos. E, de certa forma, isso é ótimo…
É ótimo porque as notícias que virão serão ótimas. E como ninguém espera noticias ótimas, as expectativas se tornarão – irrealisticamente – ótimas rapidamente, o que fará com que empresas voltem a investir, consumidores voltem a comprar, e o que é irrealístico torne-se real no mais típico exemplo de profecia autorrealizável.
Uma ação que cai de 16 para 2 reais sofreu uma queda de 88%. Até voltar a seu patamar inicial, ela nos dá de presente três manchetes de jornal de que subiu 100%! De dois para quatro, de quatro para oito, e de oito para 16. A margem de lucro de uma empresa que caiu para 1% dobra de valor quatro vezes antes de chegar nos 15%, seu patamar histórico de equilíbrio. E o mesmo raciocínio vale também para o PIB, para os resultados fiscais, e todos os outros números da economia.
É por isso que os mercados andam em tendência. Porque fatos geram manchetes que mudam expectativas que interferem nos fatos. Numa eterna bola de neve maníaco-depressiva, presa num vale entre duas montanhas, subindo e caindo de tempos em tempos de um lado para o outro. Pois bem, apertem os cintos porque estamos começando uma bela subida, que durará alguns bons anos…