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Deu Trump! É pra comprar ou pra vender?

Dia 29 de julho deste ano escrevi um artigo aqui na EXAME explicando porque o candidato Donald Trump se tornaria, contra todos os prognósticos, o novo presidente dos EUA. Disse que quem o elegeria seriam exatamente todos aqueles que estavam se dedicando a divulgar mensagens e artigos carregados de medo em relação a uma eventual […]

BOLSA: a matemática continua sendo uma força motriz poderosíssima para o mercado, e em 2017 deve empurrá-lo para cima / Alexandre Battibugli
BOLSA: a matemática continua sendo uma força motriz poderosíssima para o mercado, e em 2017 deve empurrá-lo para cima / Alexandre Battibugli
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Eduardo Moreira

Publicado em 9 de novembro de 2016 às, 09h26.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h39.

Dia 29 de julho deste ano escrevi um artigo aqui na EXAME explicando porque o candidato Donald Trump se tornaria, contra todos os prognósticos, o novo presidente dos EUA. Disse que quem o elegeria seriam exatamente todos aqueles que estavam se dedicando a divulgar mensagens e artigos carregados de medo em relação a uma eventual vitória do candidato republicano. A maioria conservadora americana adorou ver esse medo, e foi exatamente essa sensação de poder, perdida há décadas, que fez com que a onda Trump ganhasse cada vez mais força até culminar no resultado divulgado hoje. Impérios (e quase todos nós) gostam de poder e de serem temidos, é simples assim.

E agora que Trump foi eleito? O mundo irá acabar, entrar em guerra, as mulheres e estrangeiros serão relegados a segundo plano na sociedade americana e o comércio exterior sofrerá um baque histórico? Nada disso. Quem foi eleito, numa estratégia brilhante, foi o “personagem” Donald Trump. Quem governará será o Donald Trump real. O empresário, bem sucedido, que para chegar onde chegou soube construir pontes, fazer negócios com negros, estrangeiros e mulheres e que conseguiu reunir milhares de colaboradores para remar junto com ele em suas empresas.

Minha posição política era clara, apoiei a senadora Clinton nessas eleições. Mas afirmo com convicção que Trump será uma surpresa positiva para a economia americana e, surpresa, principalmente para a brasileira. A alternância entre políticas liberais e sociais (eu acho essa definição tola e limitada) é saudável para uma nação. Uma gera eficiência, outra gera justiça social. Uma faz o bolo crescer e a outra distribui os pedaços para todos da festa. O problema é que sem bolo não há o que distribuir. Vejam o exemplo da Venezuela. E sem distribuir o bolo não há sentido em fazê-lo crescer.

Trump não será um governo empático aos imigrantes e pobres. Simplesmente porque Trump não é nem um nem outro. Empatia significa estar dentro do sofrimento do outro e Trump nunca vestiu esses sapatos. Mas o que ocorrerá será mais no sentido de conter os avanços de Obama do que um retrocesso em si. Em política existe o conceito de inércia, e não me lembro de um presidente democrático que tenha conseguido mudar radicalmente o que estava em curso em um ou dois mandatos. Mas me lembro de vários que mudaram o que prometeram para manter o que estava sendo feito. Lula foi um deles. Lula foi um Trump ao avesso… O ambiente democrático foi maior que ele e só restou seguir com as políticas de FHC com uma mudança aqui e outra ali e que, adivinhem, foram boas para o país da época. Lula ajudou a dividir o bolo! As coisas pioraram quando o bolo já tinha sido todo dividido e não tinha mais bolo…

A dupla Trump x Temer funciona. Falam uma língua parecida. Querem coisas parecidas. Trump precisa de Temer numa região que ainda tem uma esquerda forte. Nada une mais do que ter um inimigo em comum. Para um mundo com exemplos melhores, mais dignos e com mais compaixão, Trump é um desastre. Por isso seria capaz de jamais apoiá-lo. Para a economia americana e para o futuro próximo desse Brasil que assumiu o poder, Trump foi uma boa. É duro dizer isso, mas é o que será…

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