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Como lidar com o apagão tecnológico? - por Cristina Junqueira, do Nubank

A demanda por profissionais de tecnologia aumentou, e com ela a dificuldade em formar profissionais na mesma proporção, segundo cofundadora do Nubank

Escritório do Nubank: Para combater o "apagão tecnológico", no ano passado, lançamos o “DiversiDados”, um curso de ciência em dados em parceria com a Reprograma, AfroPython e Educatransforma. Além disso, há pouco tempo, anunciamos o primeiro curso do NuLab — nosso Hub de tecnologia em Salvador — em parceria com a Cubos Academy e com a Allura, incentivando o desenvolvimento de talentos para além do eixo Rio-São Paulo (Germano Lüders/Exame)
Escritório do Nubank: Para combater o "apagão tecnológico", no ano passado, lançamos o “DiversiDados”, um curso de ciência em dados em parceria com a Reprograma, AfroPython e Educatransforma. Além disso, há pouco tempo, anunciamos o primeiro curso do NuLab — nosso Hub de tecnologia em Salvador — em parceria com a Cubos Academy e com a Allura, incentivando o desenvolvimento de talentos para além do eixo Rio-São Paulo (Germano Lüders/Exame)
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Cristina Junqueira

Publicado em 24 de setembro de 2021 às, 12h29.

A expressão “apagão tecnológico” pode ser ainda desconhecida por alguns, mas quem trabalha no universo corporativo com certeza já ouviu falar nela. Com o aumento significativo da procura por serviços de tecnologia, a quantidade de profissionais disponíveis no mercado para ocupar essas posições se tornou cada vez mais latente, dada a  dificuldade em formar pessoas na mesma proporção em que elas são necessárias.

Esse cenário de baixa oferta e alta demanda traz consequências de curto, médio e longo prazo ao mercado de trabalho. E quanto mais cedo começarmos a solucionar o problema, mais rápido teremos uma estabilidade. É sobre isso que Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, fala na coluna desta quinzena.

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Cenário Atual

A pandemia afetou a vida de muita gente, além de diversos setores da indústria. A área de tecnologia também não passou imune. Ao contrário de muitas outras indústrias, no entanto, como passamos a depender da tecnologia para tudo de um dia para o outro, vimos uma verdadeira evolução do setor nesse período.

De acordo com um estudo realizado pela McKinsey & Company, por conta da pandemia do Covid-19, a digitalização de empresas e consumidores avançou, em 8 semanas, o equivalente a 5 anos. Para manter a normalidade e a rotina, mesmo aqueles que ainda eram resistentes às soluções tecnológicas precisaram se digitalizar. O distanciamento social e o trabalho remoto foram os principais motores dessa digitalização.

Assim, apesar do aumento nos níveis de desemprego, o setor de tecnologia sozinho abriu cerca de 60 mil vagas a mais no ano de 2020, se comparado a 2019. Esse número é reflexo do crescimento da demanda por soluções digitais. Com o surgimento de novos problemas, tivemos que adaptar certas ferramentas ou até criar novas. Um bom exemplo disso é a telemedicina — consultas médicas via chamadas de vídeo ou chat online não eram uma realidade do cotidiano de boa parte dos brasileiros.

Com o aumento da demanda, os times de tecnologia nas empresas também cresceram. Mesmo assim, cerca de 65% das equipes de TI não conseguem concluir todos os projetos pedidos pela área de negócios por falta de profissionais para ocupar as posições necessárias. Com esse processo cada vez mais acelerado, não estamos formando tantas pessoas como precisaríamos, o que gera o tal apagão tecnológico.

Por onde começar?

Em um mundo ideal, todos os jovens e adolescentes teriam uma noção de programação ao sair da escola, certo? Mas essa ainda não é a nossa realidade. Então, o que podemos fazer?

A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) afirmou que o Brasil forma 46 mil profissionais da área de tecnologia todos os anos. Mas, também segundo a associação, o setor irá demandar cerca de 420 mil profissionais até 2024. Assim, se mantivermos esse ritmo, teremos um déficit de profissionais dessa área podendo chegar a 300 mil pessoas em apenas 3 anos, segundo uma pesquisa realizada pelo Brazil LAB e pela Fundação Brava.

É claro que precisamos formar mais profissionais, mas de que modo? Algumas empresas começaram a oferecer bolsas de estudo a grupos sub-representados, atacando dois problemas: aumentar a quantidade de profissionais capacitados no mercado e ampliar a diversidade dentro de um setor majoritariamente branco e masculino. Segundo a Brasscom, a área de TI conta apenas com 37% de mulheres e 30% de pretos ou pardos.

O próprio Nubank já possui algumas iniciativas desse tipo. No ano passado, lançamos o “DiversiDados”, um curso de ciência em dados em parceria com a Reprograma, AfroPython e Educatransforma. Além disso, há pouco tempo, anunciamos o primeiro curso do NuLab — nosso Hub de tecnologia em Salvador — em parceria com a Cubos Academy e com a Allura, incentivando o desenvolvimento de talentos para além do eixo Rio-São Paulo.

E com o objetivo de diminuir o gap de gênero e ter times mais diversos, o Nubank criou há alguns anos o programa “Yes, she codes”, com foco na contratação de mulheres para nosso time de engenharia de software. Sem limite de vagas, aproveitamos para trazer todas as candidatas que se encaixem no nosso time, precisando apenas ter algum nível de experiência em desenvolvimento de software.

Desafios

Como acontece com toda novidade, temos alguns obstáculos pela frente até equilibrarmos o mercado de tecnologia. Mesmo após superarmos o desafio de formação de profissionais, a tecnologia é viva e está em constante transformação, ou seja, estamos lidando com uma área que exige capacitação contínua. Além disso, como o avanço da tecnologia é muito mais rápido do que o dos demais setores, é muito fácil um profissional ficar ultrapassado.

Estamos falando de uma questão complexa, mas os profissionais que ingressarem no setor agora tem um grande potencial de crescimento nos próximos anos, sendo as carreiras da área de tecnologia algumas das mais promissoras do mercado.

O caminho é longo e é preciso união das empresas, universidades e poder público para promover cada vez mais capacitações.

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