Um Brasil que Sonha Grande
A capacidade de planejamento e execução foi impressionante e nos mostra o potencial desta moçada para articular, engajar e mobilizar
allanluciana
Publicado em 8 de maio de 2017 às 18h44.
Última atualização em 8 de maio de 2017 às 18h48.
(*) Luciana Maria Allan
Não é novidade que a educação segue como um dos principais desafios do Brasil para retomada do crescimento e o desenvolvimento social e econômico. Os últimos números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no final de 2016 são uma triste constatação do quanto o País segue atrasado no campo educacional.
Há 10 anos que estamos estacionados entre os países com pior desempenho e no último estudo registramos quedas nas três áreas de conhecimento, ficando, entre os 72 países avaliados, na 63a posição em ciências, na 59a em leitura e na 66a em matemática. Nesta disciplina, sete entre dez alunos brasileiros com entre 15 e 16 anos não têm sequer o conhecimento básico.
Pois bem. Se este é o cenário então é melhor enterrarmos de vez nossas esperanças de melhorar nossa educação? Mergulhados na crise, não temos saída para reverter estes índices? Não contem comigo. Eu prefiro não incentivar a prática do hobby predileto de boa parte dos brasileiros de se debruçar aos prantos sobre o muro das lamentações e manter firme a fé na moçada que acredita e coloca as mãos na massa.
Recentemente fui positivamente surpreendida por um grupo de 75 jovens brasileiros estudantes do MIT e de Harvard, alguns advindos de escolas públicas, que me fizeram reforçar minha crença em um Brasil que, sim, dá certo.
Precisei passar alguns poucos dias, vejam só, fora do País para estufar o peito de orgulho e reconhecer que nossos jovens têm, sim!, competência, resiliência, foco, ética, espírito solidário e muito combustível para colocar o País em posição de destaque no cenário global, deixando de lado o complexo de que nada na terra de Macunaíma pode dar certo.
Tive a satisfação de ser convidada por Rodrigo Paiva, CIO da Wide, a acompanhar em Boston a Brazil Conference, organizada mês passado por estudantes brasileiros do MIT e de Harvard. Minha principal manifestação neste post, e que sirva para nos despir das vestes pessimistas que acometeu o país nos últimos tempos, é o quanto fiquei muito bem impressionada com o primor da organização do evento.
Apenas para situar o leitor que não ouviu falar da Brazil Conference, durante dois dias foi aberto um espaço para lideranças em diversas áreas discutirem sobre o futuro do Brasil, seu papel no mundo e como construir uma Nação melhor, mais empreendedora, inovadora, socialmente desenvolvida, com infraestrutura e educação condizentes com o potencial da maior economia da América Latina e uma das maiores do mundo.
A conferência procurou responder os questionamentos em 4 pilares: Imaginação - como a criatividade pode mudar a realidade do País?; Fundações – Quais são as bases institucionais políticas e econômicas necessárias para o desenvolvimento do Brasil?; Mundo - Em um mundo cada vez mais integrado, onde a sustentabilidade se impõe como uma agenda global, o que é o papel do Brasil no cenário internacional?; e Pessoas - Saúde, educação, pobreza, segurança pública. O que o Brasil tem a ensinar e a aprender sobre como melhorar a vida das pessoas comuns?
Somente para citar algumas, a conferência contou com a participação de diferentes personalidades do cenário nacional, entre elas Marina Silva, que fez a palestra de abertura do evento; Eduardo Suplicy, Gilmar Mendes, Kaká, Luiza Helena Trajano, Claudia Costin, Luciano Huck, Armínio Fraga, Sergio Moro, Dilma Rousseff, Deltan Dallagnol e Jorge Paulo Lemann.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a participação dos jovens. A capacidade de planejamento e execução foi impressionante e nos mostra o potencial desta moçada para articular, engajar e mobilizar.
Sem esta de dizer que nossos jovens são apáticos e não são participativos. O que falta, não tenho receio em sublinhar, é dar a eles oportunidades para promover ações mais concretas que contribuam com o exercício da cidadania em busca de melhores condições sociais, econômicas, de saúde e qualidade de vida para a população brasileira.
Os jovens foram onipresentes em toda organização. Estavam na mediação dos debates e no advocacy por causas relacionadas à justiça, à promoção social e à educação. Foi muito estimulante observar e participar da agenda que eles criaram, como planejaram cada momento, como pensaram em cada detalhe, inclusive de ter o cuidado de permitir a cada um o acesso democrático às palestras mais concorridas, já que não era possível acomodar todos os convidados no auditório principal.
A preocupação em manter um diálogo produtivo e respeitoso também foi a tônica do evento, o que fez com que estes jovens produzissem cartazes e espalhassem pelo auditório para serem levantados nos momentos mais polêmicos. Por fim, vale destacar a atenção e preocupação de todos eles com os convidados. Em toda a parte, era possível encontrar jovens voluntários que, extremamente solícitos, estavam sempre prontos a ajudar no que fosse necessário.
A Brazil Conference reafirmou minha esperança em um País melhor, mais ético, justo, solidário e educado. Jovens como Tábata Amaral, Fernanda Almeida, Bebeto Nogueira, Patrícia Ellen, Flávio Augusto e Venâncio Velloso, que deram sangue e suor na organização, irão levar desta experiência uma grande bagagem de conhecimentos e competências para influenciar e implementar projetos de grande relevância social e econômica.
No fechamento do evento, a jovem Larissa Maranhão fez questão de evidenciar a participação dos jovens na organização do evento e recordou uma das célebres frases de Jorge Paulo Lemann, que nunca é demais repetir: “Sonhar grande ou sonhar pequeno dá o mesmo trabalho”.
Então vamos arregaçar as mangas e parar de jogar a pá de cal na esperança para acreditar e construir o Brasil que Sonha Grande. Vem com a gente!
(*) Diretora do Instituto Crescer para a Cidadania e
Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com
especialização em tecnologias aplicadas à educação
(*) Luciana Maria Allan
Não é novidade que a educação segue como um dos principais desafios do Brasil para retomada do crescimento e o desenvolvimento social e econômico. Os últimos números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no final de 2016 são uma triste constatação do quanto o País segue atrasado no campo educacional.
Há 10 anos que estamos estacionados entre os países com pior desempenho e no último estudo registramos quedas nas três áreas de conhecimento, ficando, entre os 72 países avaliados, na 63a posição em ciências, na 59a em leitura e na 66a em matemática. Nesta disciplina, sete entre dez alunos brasileiros com entre 15 e 16 anos não têm sequer o conhecimento básico.
Pois bem. Se este é o cenário então é melhor enterrarmos de vez nossas esperanças de melhorar nossa educação? Mergulhados na crise, não temos saída para reverter estes índices? Não contem comigo. Eu prefiro não incentivar a prática do hobby predileto de boa parte dos brasileiros de se debruçar aos prantos sobre o muro das lamentações e manter firme a fé na moçada que acredita e coloca as mãos na massa.
Recentemente fui positivamente surpreendida por um grupo de 75 jovens brasileiros estudantes do MIT e de Harvard, alguns advindos de escolas públicas, que me fizeram reforçar minha crença em um Brasil que, sim, dá certo.
Precisei passar alguns poucos dias, vejam só, fora do País para estufar o peito de orgulho e reconhecer que nossos jovens têm, sim!, competência, resiliência, foco, ética, espírito solidário e muito combustível para colocar o País em posição de destaque no cenário global, deixando de lado o complexo de que nada na terra de Macunaíma pode dar certo.
Tive a satisfação de ser convidada por Rodrigo Paiva, CIO da Wide, a acompanhar em Boston a Brazil Conference, organizada mês passado por estudantes brasileiros do MIT e de Harvard. Minha principal manifestação neste post, e que sirva para nos despir das vestes pessimistas que acometeu o país nos últimos tempos, é o quanto fiquei muito bem impressionada com o primor da organização do evento.
Apenas para situar o leitor que não ouviu falar da Brazil Conference, durante dois dias foi aberto um espaço para lideranças em diversas áreas discutirem sobre o futuro do Brasil, seu papel no mundo e como construir uma Nação melhor, mais empreendedora, inovadora, socialmente desenvolvida, com infraestrutura e educação condizentes com o potencial da maior economia da América Latina e uma das maiores do mundo.
A conferência procurou responder os questionamentos em 4 pilares: Imaginação - como a criatividade pode mudar a realidade do País?; Fundações – Quais são as bases institucionais políticas e econômicas necessárias para o desenvolvimento do Brasil?; Mundo - Em um mundo cada vez mais integrado, onde a sustentabilidade se impõe como uma agenda global, o que é o papel do Brasil no cenário internacional?; e Pessoas - Saúde, educação, pobreza, segurança pública. O que o Brasil tem a ensinar e a aprender sobre como melhorar a vida das pessoas comuns?
Somente para citar algumas, a conferência contou com a participação de diferentes personalidades do cenário nacional, entre elas Marina Silva, que fez a palestra de abertura do evento; Eduardo Suplicy, Gilmar Mendes, Kaká, Luiza Helena Trajano, Claudia Costin, Luciano Huck, Armínio Fraga, Sergio Moro, Dilma Rousseff, Deltan Dallagnol e Jorge Paulo Lemann.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a participação dos jovens. A capacidade de planejamento e execução foi impressionante e nos mostra o potencial desta moçada para articular, engajar e mobilizar.
Sem esta de dizer que nossos jovens são apáticos e não são participativos. O que falta, não tenho receio em sublinhar, é dar a eles oportunidades para promover ações mais concretas que contribuam com o exercício da cidadania em busca de melhores condições sociais, econômicas, de saúde e qualidade de vida para a população brasileira.
Os jovens foram onipresentes em toda organização. Estavam na mediação dos debates e no advocacy por causas relacionadas à justiça, à promoção social e à educação. Foi muito estimulante observar e participar da agenda que eles criaram, como planejaram cada momento, como pensaram em cada detalhe, inclusive de ter o cuidado de permitir a cada um o acesso democrático às palestras mais concorridas, já que não era possível acomodar todos os convidados no auditório principal.
A preocupação em manter um diálogo produtivo e respeitoso também foi a tônica do evento, o que fez com que estes jovens produzissem cartazes e espalhassem pelo auditório para serem levantados nos momentos mais polêmicos. Por fim, vale destacar a atenção e preocupação de todos eles com os convidados. Em toda a parte, era possível encontrar jovens voluntários que, extremamente solícitos, estavam sempre prontos a ajudar no que fosse necessário.
A Brazil Conference reafirmou minha esperança em um País melhor, mais ético, justo, solidário e educado. Jovens como Tábata Amaral, Fernanda Almeida, Bebeto Nogueira, Patrícia Ellen, Flávio Augusto e Venâncio Velloso, que deram sangue e suor na organização, irão levar desta experiência uma grande bagagem de conhecimentos e competências para influenciar e implementar projetos de grande relevância social e econômica.
No fechamento do evento, a jovem Larissa Maranhão fez questão de evidenciar a participação dos jovens na organização do evento e recordou uma das célebres frases de Jorge Paulo Lemann, que nunca é demais repetir: “Sonhar grande ou sonhar pequeno dá o mesmo trabalho”.
Então vamos arregaçar as mangas e parar de jogar a pá de cal na esperança para acreditar e construir o Brasil que Sonha Grande. Vem com a gente!
(*) Diretora do Instituto Crescer para a Cidadania e
Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com
especialização em tecnologias aplicadas à educação