Suando a camisa em Interlagos
Pilotar Porsche com câmbio manual em autódromo é prova de resistência física
Guilherme Dearo
Publicado em 18 de agosto de 2020 às 07h30.
Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 19h33.
Cheguei cedo ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo, em um belo dia de sol e céu azul, com a missão de colocar uma série de modelos da Porsche para dançar na pista, sem me preocupar com limites de velocidade e radares (ossos do ofício, eu sei…).
Sem querer me gabar diante da audiência, o portfólio era simplesmente este: Porsche Turbo S, um colosso de agilidade, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,7 segundos; Cayenne Turbo S E-Hybrid, SUV ecológico, que de lerdo nunca poderá ser acusado; Macan GTS, esportivo na medida que atinge até 260 km/h; e 718 Cayman GTS, dotado de motor aspirado de 400 cavalos de potência — mas este não era seu único indicativo de esportividade pura. O 718 ali dando sopa tinha como o grande atrativo o câmbio manual de seis velocidades, avis rara em um mercado dominado pela transmissão automática e suas variáveis.
Advinha qual era o meu objeto de desejo naquele momento? Sim, sou o tipo de, vá lá, piloto raiz, que aprendeu a dirigir e a se divertir ao volante trocando de marchas com a própria mão, sentindo a batida e o tempo do motor com o ouvido (não, naquele tempo não havia conta-giros no painel para indicar o momento certo de avançar e recuar com os pés no acelerador e na embreagem, mas, quer saber?, nem fazia falta…).
Bem, primeiro a obrigação, depois a diversão. Assim que deslizei com o Porsche Turbo S por aquela pista de patins do automobilismo, avaliando o lançamento do dia, saltei direto para dentro do 718, que, até o momento, não está previsto de ser vendido no Brasil com aquele câmbio, digamos, mais artesanal. Estava curioso não só para sentir como era domar um bólido com transmissão manual daquele naipe, mas também para saber como seria fazer aquilo (pilotar) ali (em pleno autódromo de Interlagos), um circuito rechegado de curvas, que teriam quer ser parcialmente contornadas muitas vezes com uma única mão ao volante, enquanto a outra cuidasse das trocas de marcha.
Espiei aquela alavanca ali do meu lado, ajeitei o cinto de segurança, liguei o motor, engatei a primeira e parti. Resumindo: foram quatro voltas no traçado de 4.309 metros de extensão, composto por 15 curvas, umas leves e outras beeem acentuadas, domando uma máquina que acelera de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e atinge 290 km/h — não, não cheguei a essa velocidade máxima nem na reta dos boxes, e a bem da verdade nem precisou para saber do que aquele rapaz calçado de rodas era capaz de fazer.
Quanto ao câmbio manual, trata-se de uma peça de resistência para os fortes! Foi uma verdadeira prova dos nove em um atípico dia de verão tropical em pleno inverno, reunindo no mesmo ambiente sol, calor, balaclava e capacete. Ficou evidente que eu preciso melhorar meu condicionamento físico — e também as minhas manobras.
Chico Barbosa é jornalista, escritor e editor da CBNEWS
Cheguei cedo ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo, em um belo dia de sol e céu azul, com a missão de colocar uma série de modelos da Porsche para dançar na pista, sem me preocupar com limites de velocidade e radares (ossos do ofício, eu sei…).
Sem querer me gabar diante da audiência, o portfólio era simplesmente este: Porsche Turbo S, um colosso de agilidade, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,7 segundos; Cayenne Turbo S E-Hybrid, SUV ecológico, que de lerdo nunca poderá ser acusado; Macan GTS, esportivo na medida que atinge até 260 km/h; e 718 Cayman GTS, dotado de motor aspirado de 400 cavalos de potência — mas este não era seu único indicativo de esportividade pura. O 718 ali dando sopa tinha como o grande atrativo o câmbio manual de seis velocidades, avis rara em um mercado dominado pela transmissão automática e suas variáveis.
Advinha qual era o meu objeto de desejo naquele momento? Sim, sou o tipo de, vá lá, piloto raiz, que aprendeu a dirigir e a se divertir ao volante trocando de marchas com a própria mão, sentindo a batida e o tempo do motor com o ouvido (não, naquele tempo não havia conta-giros no painel para indicar o momento certo de avançar e recuar com os pés no acelerador e na embreagem, mas, quer saber?, nem fazia falta…).
Bem, primeiro a obrigação, depois a diversão. Assim que deslizei com o Porsche Turbo S por aquela pista de patins do automobilismo, avaliando o lançamento do dia, saltei direto para dentro do 718, que, até o momento, não está previsto de ser vendido no Brasil com aquele câmbio, digamos, mais artesanal. Estava curioso não só para sentir como era domar um bólido com transmissão manual daquele naipe, mas também para saber como seria fazer aquilo (pilotar) ali (em pleno autódromo de Interlagos), um circuito rechegado de curvas, que teriam quer ser parcialmente contornadas muitas vezes com uma única mão ao volante, enquanto a outra cuidasse das trocas de marcha.
Espiei aquela alavanca ali do meu lado, ajeitei o cinto de segurança, liguei o motor, engatei a primeira e parti. Resumindo: foram quatro voltas no traçado de 4.309 metros de extensão, composto por 15 curvas, umas leves e outras beeem acentuadas, domando uma máquina que acelera de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e atinge 290 km/h — não, não cheguei a essa velocidade máxima nem na reta dos boxes, e a bem da verdade nem precisou para saber do que aquele rapaz calçado de rodas era capaz de fazer.
Quanto ao câmbio manual, trata-se de uma peça de resistência para os fortes! Foi uma verdadeira prova dos nove em um atípico dia de verão tropical em pleno inverno, reunindo no mesmo ambiente sol, calor, balaclava e capacete. Ficou evidente que eu preciso melhorar meu condicionamento físico — e também as minhas manobras.
Chico Barbosa é jornalista, escritor e editor da CBNEWS