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Precisamos medir nossas esteiras de desenvolvimento digitais

Precisamos medir nossos times de desenvolvimento e sustentação das soluções digitais - pois, se não medimos, não gerenciamos

Corrida: não se trata apenas de checar a produtividade (Getty Images/Getty Images)
Corrida: não se trata apenas de checar a produtividade (Getty Images/Getty Images)

Nestes tempos digitais acelerados, às vezes é preciso parar para refletir sobre o óbvio. E o óbvio é que precisamos medir nossos times de desenvolvimento e sustentação das soluções digitais - pois, se não medimos, não gerenciamos. Contudo, muitas empresas não estão olhando para isso da forma que deveriam. Se hoje somos todos, de certa forma, uma empresa de software, é preciso que os gestores avaliem continuamente a performance e o destravamento de valor das operações de tecnologia, principalmente com a adoção de trabalhos remotos nessa área, assim como fazem em relação a outras funções críticas de negócios, como vendas ou operações.

A crença de que é impossível medir essas “esteiras” digitais é um dogma que precisa ser alterado. A engenharia de software evolui junto com novos métodos, práticas, ferramentas e indicadores. Hoje é possível rastrear todo o processo, contando com benchmarks com as métricas DORA – iniciais de DevOps Research and Assessments, um conjunto de quatro métricas desenvolvidas pelo Google para avaliar o desempenho da entrega de software. Elas são uma ótima referência quando se precisa medir se os times estão performando como deveriam. Há também as métricas SPACE, criadas pelo time de pesquisa da Microsoft, ótimas para avaliar o grau de otimização dos times. Enfim, há uma série de métricas que o mercado oferece como referência.

Não se trata apenas de checar a produtividade. Vale, principalmente, verificar o alinhamento estratégico atual destes times digitais, se todos ainda são necessários, se outros são necessários ou se o que é preciso é de mudança de rotas. Também é fundamental ficar de olho na composição destes times. Assim como benchmarks de produtividade, há diversas fontes de referências globais que ajudam a dimensionar o tamanho ideal dos times. Falando de (mau) dimensionamento, o fenômeno é claro: quando há um número superdimensionado de pessoas, a complexidade e a exigência por recursos crescem, enquanto a eficiência e padronização diminuem.

Resultados avaliados em empresas que estão com esse olhar indicam uma redução na casa de 15-20% na linha base de gastos nos times de tecnologia, sem perder a entrega contínua de valor e ainda trazendo o aumento de qualidade. Um ganho financeiro que, para além da redução de gastos em si, pode ser usado para financiar novas frentes de transformação.

Detalhe importante: quando começamos a acompanhar essa métricas, além de produtividade, alinhamento estratégico e composição, ficamos mais aptos a analisar se os times estão fazendo suas entregas com qualidade de maneira contínua. É preciso frisar que isso também permite saber se o time está engajado e feliz, porque ninguém gosta de ficar trabalhando somente corrigindo problemas em softwares o tempo todo. Para não falar dos bons insights sobre se há risco de perda de conhecimento, por meio de previsão de turnover.

Enquanto isto, na ponta, sabemos que, quando se conta com um software com qualidade, teremos um cliente feliz e recorrente. Enquanto temos redução de 25% a 30% em defeitos e aumento de 20% a 25% no engajamento dos colaboradores, em termos de satisfação dos clientes, o crescimento é superior a 50%. Dado o momento atual que exige foco em crescimento eficiente e no ROI, mais que nunca este tema, aparentemente óbvio, se reveste de mais e mais importância. Deixo aqui a provocação: em que pé está a sua capacidade de otimizar a performance dos nossos talentos de tecnologia e suas entregas de valores reais, na medida certa, com qualidade e engajamento?