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Os pontos que garantem uma operação de tecnologia eficiente e alinhada aos negócios

Medidas simples de governança e otimização garantem eficiência e alinhamento estratégico, evitando questões como o custo excessivo de nuvem

tecnologia da informação (Thinkstock)

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Breno Barros
Breno Barros

CTO da Falconi

Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 18h10.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2025 às 18h50.

Quando o custo com serviços de nuvem dispara, as lideranças se desesperam e analisam com lupa o extrato e o contrato de uso da tecnologia. A missão é clara: entender a causa do gasto excessivo e elaborar um plano de ação para reduzir despesas, até mesmo trocando de fornecedor. Só que essa abordagem, amarga, pode resultar em mais problemas de ordem técnica e financeira. Por isso, o melhor caminho é mitigá-la com medidas simples da prática conhecida como Operação Eficiente de Tecnologia da Informação.

Essas medidas são, basicamente, quatro pontos a serem seguidos. Ressaltam a importância da análise cuidadosa de detalhes que parecem óbvios, mas que geralmente são ignorados. Entre eles, além de custos com a nuvem, estão a identificação de recursos mal configurados, a falta de entendimento de modelos de precificação e a ausência de estratégias de otimização da cloud.

Se seguidas, essas ações resultam em uma gestão dos recursos de tecnologia capaz de identificar erros antes de uma catástrofe técnica ou financeira acontecer. Algo extremamente útil para empresas que pretendem operar com contas bem controladas e indicadores positivos de eficiência na TI. A estratégia também resolve uma das principais dores de 91% dos CIOs e CTOs, segundo pesquisa da Forrester Research: a melhoria da margem operacional.

Vamos às medidas:

  • Combater a má gestão e otimizar recursos:

Os fornecedores de nuvem geralmente são responsáveis por tarefas como habilitar e incentivar o uso de ferramentas apropriadas para o gerenciamento de custos, bem como para a previsão, relatórios e transparência de gastos. Mas essa responsabilidade também precisa ser parte da governança do cliente, ou seja, estar na rotina da equipe que cuida das finanças da empresa – só assim se obtém mais e mais eficiência. E a liderança precisa apoiar, incentivar e acompanhar esse trabalho.

A ineficiência no gerenciamento de recursos e a ausência de estratégias de otimização da cloud são os dois principais ingredientes dos custos excessivos de nuvem. Sem trabalhar nessas questões, lideranças vão se deparar com recursos subutilizados. Ou com provisionamento além do necessário que, no fim do dia, significa dinheiro jogado fora - por exemplo, com armazenamento sem uso.

  • Planejar custos de Inteligência Artificial:

Inteligência artificial (IA) traz benefícios, isso já sabemos. Mas, se seu uso for mal planejado, pode se transformar num devorador de custos. Em minhas conversas com clientes, é normal ouvir sobre como a IA Generativa é uma voraz consumidora dos serviços de nuvem, elevando a despesa de TI até se tornar inviável. Lideranças, portanto, têm desafios de como aprender, desenvolver e gerenciar adequadamente o uso da tecnologia.

Como colocar tudo isso em prática? Garantindo a governança, restringindo acessos, revisando cargas de trabalho e alinhando investimentos com os objetivos do negócio, de forma a evitar desperdícios e garantir eficiência operacional. Além do bom planejamento financeiro, é crucial capacitar a equipe para avaliar custos e benefícios de modelos e serviços, equilibrando inovação com sustentabilidade financeira. Mais: a gestão deve alinhar investimentos em IA com os objetivos estratégicos da empresa, para impacto real e previsibilidade nos gastos.

  • Avaliar a transformação digital:

Custos excessivamente altos de nuvem acontecem, geralmente, por desenvolvimento inadequado do plano de transformação digital da empresa. Muitos exemplos são encontrados em iniciativas de migração de serviços para nuvem que estão desalinhadas da estratégia de negócios. Quando isso acontece, elas tendem a levar a planos com provisionamento acima do necessário, ou, pior, a grande dispersão de recursos com a cloud.

A boa governança exige uma avaliação constante do processo de transformação digital, com visão estratégica e alinhamento com os objetivos do negócio. Além da tecnologia adequada, lideranças devem priorizar uma cultura de inovação e, sobretudo, a capacitação do time. Só assim se conquista mudança organizacional contínua, garantindo a adoção e a escalabilidade das soluções digitais.

  • Não usar nuvem sem estratégia definida:

Adotar a nuvem sem uma estratégia pré-estabelecida pode resultar em descontrole de despesas e desperdício de recursos. A falta de um plano claro para implantação, manutenção e expansão pode fazer com que as despesas aumentem rapidamente. Da mesma forma, sem análise detalhada do custo total de propriedade e práticas de FinOps para otimizar gastos com tecnologia, é difícil maximizar o valor comercial dos investimentos e tomar decisões baseadas em dados - o que pode comprometer tanto a eficiência operacional quanto a sustentabilidade financeira da organização.

Uma estratégia de nuvem bem estruturada permite avaliar as implicações financeiras em relação aos objetivos de negócio, com a expectável justificativa comercial. Além disso, é essencial estabelecer uma base de nuvem robusta, que inclua segurança, governança, conformidade regulatória e automação, garantindo um ambiente escalável e sustentável para atender às demandas atuais e futuras.

Assim, podemos concluir que, anos atrás, quando as empresas operavam data centers físicos com um custo fixo, era relativamente fácil alinhar os custos da operação à estratégia empresarial.  A nuvem mudou o jogo e exige um cuidado financeiro maior e em tempo real. Se a liderança entender os padrões de consumo de cloud da organização e otimizar conforme as demandas de negócios, nada sairá do controle... e o risco de contas exorbitantes será ínfimo.

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