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Agentes de IA redesenham a performance organizacional na nova fronteira do ROI

Empresas que investiram em agentes de IA já têm retorno, mas nível de adoção é desafio

IA: O uso precisa ser visto como uma ferramenta para ampliar, e não substituir, o pensamento crítico, analítico e criativo dos  colaboradores. (d3sign/Getty Images)

IA: O uso precisa ser visto como uma ferramenta para ampliar, e não substituir, o pensamento crítico, analítico e criativo dos colaboradores. (d3sign/Getty Images)

Breno Barros
Breno Barros

CTO e VP de Soluções Digitais da Falconi

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 23h02.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 20h00.

Após o auge dos holofotes em torno da inteligência artificial generativa, o mercado volta-se à pergunta essencial: onde estão os resultados? Para 88% das empresas que adotaram agentes de IA em fases iniciais, eles já aparecem. Segundo o recém-publicado relatório global do Google Cloud, elas registram retorno positivo sobre o investimento (ROI).

Os dados indicam a saída da era das promessas e entrada em tempos de entregas liderada pelos chamados AI agents. No centro dessa inflexão estratégica, os agentes são sistemas capazes de executar tarefas de forma autônoma, com acesso a ferramentas e interfaces de programação (APIs), sob supervisão humana.

Diferenciam-se dos chatbots convencionais pela capacidade de orquestrar fluxos de trabalho complexos, interagir com outros agentes e operar com contextos e objetivos definidos. Trata-se, portanto, de uma evolução que demanda arquitetura técnica, governança de dados e, sobretudo, visão estratégica.

Os resultados já são palpáveis: empresas que incorporaram agentes de IA aos processos centrais relataram ganhos expressivos em produtividade (70%). Elas também tiveram impacto positivo em uma melhor experiência do cliente (63%) e crescimento de receita (56%).

Casos como os da Bayer Consumer Health e do Deutsche Bank demonstram que a hiperautomação orientada por IA não apenas reduz custos, mas também acelera a geração de valor. 51% das organizações respondentes da pesquisa apontaram que já conseguem transformar uma ideia em um produto pronto para o mercado em um intervalo de apenas três a seis meses. Há um ano, somente 47% das empresas tinham a mesma agilidade.

Os impactos não são apenas financeiros. Em 39% das empresas ouvidas pelo Google Cloud, a produtividade individual duplicou com o uso da IA generativa em tarefas como redação de e-mails, preparação de apresentações e análise de dados. Os exemplos de uso vão de agentes que aceleram a tomada de decisões em e-commerce aos que aumentam a eficiência de seus times operacionais.

A adoção, contudo, é desigual. O estudo ainda indicou a existência de três níveis de maturidade. Há quem foque em tarefas simples e aqueles onde a ação nos agentes é em aplicações específicas. Finalmente, temos ambientes colaborativos com múltiplos agentes.

Neste último, 39% dos respondentes disseram que suas empresas operam com mais de 10 agentes em produção, sinalizando amplo espaço para expansão estruturada e estratégica. O dado também revela que a chave para capturar maior ROI com a IA está menos na tecnologia e mais na liderança.

Organizações que contam com apoio consistente da liderança para o uso da tecnologia relatam retorno 78% maior graças à sua adoção. Além disso, 50% dos orçamentos futuros dessas empresas já priorizam agentes, com o investimento alinhado ao valor percebido, e não a tendências passageiras.

Estamos diante de uma oportunidade histórica: redesenhar a arquitetura organizacional para que humanos e máquinas não apenas coexistam, mas colaborem de forma simbiótica. No futuro, o ROI será medido não apenas em pontos percentuais, mas em tempo, criatividade e vantagem competitiva liberados por meio de agentes inteligentes.

A pergunta é: sua organização está preparada para essa nova unidade de performance?