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Moraes pediu que senadores tentassem antecipar sabatina

Manobra de senadores da base aliada tinha como objetivo blindar Moraes de críticas

Brasília - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no Ministério da Fazenda (Marcelo Camargo)
Brasília - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no Ministério da Fazenda (Marcelo Camargo)
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Brasília em Pauta

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às, 17h37.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h17.

A manobra de senadores da base aliada para antecipar a sabatina de Alexandre de Moraes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi uma resposta a um pedido do próprio ministro licenciado.

Ao Brasília em Pauta, parlamentares da base governista afirmaram que, após ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes solicitou que os senadores articulassem para dar celeridade ao processo de aprovação de seu nome.

“Para não dar margem para críticas, Moraes pediu que os senadores agissem para antecipar a sabatina e a deliberação sobre sua indicação no plenário. Tudo isso foi articulado para evitar que a oposição tivesse tempo para fazer uma tempestade de críticas contra Moraes. Não funcionou”, afirmou um membro da CCJ ao blog.

Manobra irritou Temer

Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), que é líder do PMDB no Senado, e Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, tentaram antecipar na CCJ a sabatina de Moraes para esta quarta-feira (15). Jucá defendeu, com base em casos anteriores, que a sabatina fosse realizada em 24 horas. De acordo com o regimento, é necessário um intervalo de cinco dias úteis entre a apresentação do parecer do relator Eduardo Braga (PMDB-AM) e o interrogatório do ministro licenciado.

O tiro de Renan e Jucá saiu pela culatra. O vice-presidente da CCJ Antônio Anastasia (PSDB-MG) manteve o prazo e disse que o intervalo entre a leitura do relatório sobre o indicado e a sabatina não serve apenas para os senadores, mas também para que a população tenha oportunidade de conhecer melhor o currículo e os posicionamentos do candidato a ministro do Supremo. A sabatina está marcada para a próxima terça-feira (21).

A iniciativa dos parlamentares não agradou o presidente Michel Temer (PMDB), que classificou a manobra como desnecessária. O que não é possível saber é se Temer já sabia que o pedido partiu de Moraes.