Exame Logo

Por que os Ovos de Páscoa custam tão caro?

Essa época do ano começam a surgir as famosas comparações entre os preços de ovos de páscoa e das barras de chocolate. Normalmente as comparações procuram mostrar o quanto o chocolate no ovo custa mais caro que o chocolate em barra, como essa feita pela Revista Veja SP no ano passado (veja reportagem aqui). Mesmo sendo do ano passado, ela é válida porque a intenção é discutir a variação desses […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2016 às 17h40.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h44.

Essa época do ano começam a surgir as famosas comparações entre os preços de ovos de páscoa e das barras de chocolate. Normalmente as comparações procuram mostrar o quanto o chocolate no ovo custa mais caro que o chocolate em barra, como essa feita pela Revista Veja SP no ano passado (veja reportagem aqui ).

Comparação feita pela reportagem da VejaSP, em 2015

Mesmo sendo do ano passado, ela é válida porque a intenção é discutir a variação desses dois preços, e não o valor absoluto da mercadoria. Mas para este ano, a Abras estima que o preço dos produtos deva subir 7,8% em média em relação ao ano passado (veja reportagem da Exame aqui ).

Os repórteres dos veículos costumam entrar em contato com as empresas e perguntar o porquê na diferença de preço. Explicações técnicas de escala de produção, custo de logística e custo de embalagem tentam, em vão, explicar as razões das disparidades de preço. Mas então, por que eles custam tão caro?

O preço de um produto tem pouca relação com seu custo de produção. Especialmente em mercados de bens de consumo. Os preços se relacionam com o valor percebido pelos consumidores. Então, de maneira muito rápida e clara: por que os ovos de pascoa custam tão caro? Porque os consumidores veem valor nesse produto o suficiente para que seja pago o preço pedido.

Toda relação de consumo é uma relação de troca. No caso do ovo de páscoa, troca-se um valor em dinheiro pela mercadoria. Se o consumidor acha que a mercadoria tem um valor superior ao do dinheiro que ele tem em mãos, ele faz a troca. Se ele acha que a mercadoria tem um valor inferior ao seu dinheiro, a troca não acontece.

Consumidores escolhem ovos de Páscoa em supermercado

Mas então, como pode se perceber um valor tão superior num mesmo produto, apenas pela alteração de seu formato? A resposta para isso reside no fato que quase nenhuma troca é feita no nosso mundo contemporâneo baseado apenas no valor utilitário do produto. Valor utilitário é aquele dado pela função do produto, ou seja, o que ele efetivamente traz de benefício funcional.

As pessoas não compram o produto pela sua função, elas compram produtos pela sensação associada ao uso do produto. E neste caso, as sensações proporcionadas por um ovo de páscoa são consideravelmente maiores do que aquelas proporcionadas pelas habituais e desinteressantes barras de chocolate.

O valor percebido é uma composição entre o valor utilitário e o valor emocional presente no produto. Então no exemplo do Crunch da foto, o valor do chocolate é R$10,58 – este é o valor funcional do peso do chocolate. Uma vez que o valor do ovo de Pascoa Crunch é R$38,90, podemos dizer que o valor emocional que o formato de ovo traz é a diferença entre os dois, ou seja, R$28,32. O valor emocional do produto vale mais do que o dobro do seu valor funcional.

Esse exemplo mostra uma relação absurda entre o valor emocional e o valor funcional? Se compararmos com casos de outros segmentos, veremos que não.

Se olharmos para outros mercados, como vestuário, joias e relógios, sapatos, ou até mesmo alimentação, veremos disparidades que chegam a proporções ainda maiores. Afinal, qual é o valor funcional de uma bolsa, por exemplo? Carregar objetos pode ser feito de diversas maneiras, e com preços muito baixos dependendo da solução encontrada. No entanto, uma bolsa de grife pode valer dezenas de milhares de reais.

Mas por que então o valor do ovo de páscoa causa tamanho estranhamento? Por que há pessoas revoltadas com o ovo de páscoa, e poucas discutindo o preço abusivo de roupas, bolsas e sapatos de determinadas marcas?

Este caso pode ser explicado em função da relevância que o produto ganha nesta época do ano, e também em função das marcas utilizadas para se vender ovos de páscoa.

Como a Páscoa é um evento sazonal, é natural que ela ganhe maior atenção dos fabricantes, varejistas e, por consequência, dos consumidores e da mídia. O assunto é pauta em diversos meios, e isso causa um maior nível de discussão sobre o tema.

Contudo, a principal explicação se dá em função das marcas utilizadas. Quando pensamos em vestuários, o valor emocional é simbolizado através da marca dos produtos. Uma marca popular custa pouco, e uma marca premium custa muito. Entendemos e aceitamos essa relação. No caso dos ovos de pascoa, as marcas são as mesmas utilizadas nas barras ou caixas de bombons. E isso causa um maior estranhamento, ou uma maior dificuldade do consumidor em justificar o valor adicional pago exclusivamente pela razão emocional, pois ele, ao contrário de em outros mercados, é muito facilmente comparável, como nas contas feitas a partir do Crunch.

A solução para isso? Se o valor do ovo de páscoa enquanto símbolo desta data for diminuído, ele naturalmente vai ter o seu valor percebido reduzido, o que deverá impactar o preço dos produtos oferecidos pelas empresas. Elas irão se adaptar à esse novo patamar de valor. Caso ele continue com a mesma simbologia, o valor para o consumidor continuará presente. E o preço do produto, será o mesmo. Portanto, como tudo em consumo, a mudança depende do consumidor.

Essa época do ano começam a surgir as famosas comparações entre os preços de ovos de páscoa e das barras de chocolate. Normalmente as comparações procuram mostrar o quanto o chocolate no ovo custa mais caro que o chocolate em barra, como essa feita pela Revista Veja SP no ano passado (veja reportagem aqui ).

Comparação feita pela reportagem da VejaSP, em 2015

Mesmo sendo do ano passado, ela é válida porque a intenção é discutir a variação desses dois preços, e não o valor absoluto da mercadoria. Mas para este ano, a Abras estima que o preço dos produtos deva subir 7,8% em média em relação ao ano passado (veja reportagem da Exame aqui ).

Os repórteres dos veículos costumam entrar em contato com as empresas e perguntar o porquê na diferença de preço. Explicações técnicas de escala de produção, custo de logística e custo de embalagem tentam, em vão, explicar as razões das disparidades de preço. Mas então, por que eles custam tão caro?

O preço de um produto tem pouca relação com seu custo de produção. Especialmente em mercados de bens de consumo. Os preços se relacionam com o valor percebido pelos consumidores. Então, de maneira muito rápida e clara: por que os ovos de pascoa custam tão caro? Porque os consumidores veem valor nesse produto o suficiente para que seja pago o preço pedido.

Toda relação de consumo é uma relação de troca. No caso do ovo de páscoa, troca-se um valor em dinheiro pela mercadoria. Se o consumidor acha que a mercadoria tem um valor superior ao do dinheiro que ele tem em mãos, ele faz a troca. Se ele acha que a mercadoria tem um valor inferior ao seu dinheiro, a troca não acontece.

Consumidores escolhem ovos de Páscoa em supermercado

Mas então, como pode se perceber um valor tão superior num mesmo produto, apenas pela alteração de seu formato? A resposta para isso reside no fato que quase nenhuma troca é feita no nosso mundo contemporâneo baseado apenas no valor utilitário do produto. Valor utilitário é aquele dado pela função do produto, ou seja, o que ele efetivamente traz de benefício funcional.

As pessoas não compram o produto pela sua função, elas compram produtos pela sensação associada ao uso do produto. E neste caso, as sensações proporcionadas por um ovo de páscoa são consideravelmente maiores do que aquelas proporcionadas pelas habituais e desinteressantes barras de chocolate.

O valor percebido é uma composição entre o valor utilitário e o valor emocional presente no produto. Então no exemplo do Crunch da foto, o valor do chocolate é R$10,58 – este é o valor funcional do peso do chocolate. Uma vez que o valor do ovo de Pascoa Crunch é R$38,90, podemos dizer que o valor emocional que o formato de ovo traz é a diferença entre os dois, ou seja, R$28,32. O valor emocional do produto vale mais do que o dobro do seu valor funcional.

Esse exemplo mostra uma relação absurda entre o valor emocional e o valor funcional? Se compararmos com casos de outros segmentos, veremos que não.

Se olharmos para outros mercados, como vestuário, joias e relógios, sapatos, ou até mesmo alimentação, veremos disparidades que chegam a proporções ainda maiores. Afinal, qual é o valor funcional de uma bolsa, por exemplo? Carregar objetos pode ser feito de diversas maneiras, e com preços muito baixos dependendo da solução encontrada. No entanto, uma bolsa de grife pode valer dezenas de milhares de reais.

Mas por que então o valor do ovo de páscoa causa tamanho estranhamento? Por que há pessoas revoltadas com o ovo de páscoa, e poucas discutindo o preço abusivo de roupas, bolsas e sapatos de determinadas marcas?

Este caso pode ser explicado em função da relevância que o produto ganha nesta época do ano, e também em função das marcas utilizadas para se vender ovos de páscoa.

Como a Páscoa é um evento sazonal, é natural que ela ganhe maior atenção dos fabricantes, varejistas e, por consequência, dos consumidores e da mídia. O assunto é pauta em diversos meios, e isso causa um maior nível de discussão sobre o tema.

Contudo, a principal explicação se dá em função das marcas utilizadas. Quando pensamos em vestuários, o valor emocional é simbolizado através da marca dos produtos. Uma marca popular custa pouco, e uma marca premium custa muito. Entendemos e aceitamos essa relação. No caso dos ovos de pascoa, as marcas são as mesmas utilizadas nas barras ou caixas de bombons. E isso causa um maior estranhamento, ou uma maior dificuldade do consumidor em justificar o valor adicional pago exclusivamente pela razão emocional, pois ele, ao contrário de em outros mercados, é muito facilmente comparável, como nas contas feitas a partir do Crunch.

A solução para isso? Se o valor do ovo de páscoa enquanto símbolo desta data for diminuído, ele naturalmente vai ter o seu valor percebido reduzido, o que deverá impactar o preço dos produtos oferecidos pelas empresas. Elas irão se adaptar à esse novo patamar de valor. Caso ele continue com a mesma simbologia, o valor para o consumidor continuará presente. E o preço do produto, será o mesmo. Portanto, como tudo em consumo, a mudança depende do consumidor.

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se