Colunista
Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 13h30.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 13h32.
O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova política comercial que pode impactar milhões de consumidores e pequenas empresas que compram produtos importados. A decisão prevê o fim da regra de minimis, que permite a entrada de pacotes com valor inferior a US$ 800 sem tarifas. Além disso, foram impostas novas taxas de 25% sobre importações do Canadá e do México e 10% sobre produtos chineses.
A medida tem sido defendida como uma estratégia para proteger a indústria americana, mas especialistas alertam que seus efeitos podem ser bem diferentes do esperado. A tributação sobre pequenos pacotes deve aumentar os preços de milhares de produtos vendidos em plataformas como Shein, Temu e AliExpress, limitando a concorrência e reduzindo a variedade de opções acessíveis ao consumidor.
Compras online devem ficar mais caras
Nos últimos anos, o comércio eletrônico se consolidou como uma alternativa viável para consumidores que buscam preços mais competitivos e maior variedade de produtos.
Com o crescimento dos mercados globais, muitos consumidores passaram a recorrer às plataformas internacionais para encontrar desde itens de moda até eletrônicos e móveis domésticos.
Com o fim da isenção para pacotes de até US$ 800, o cenário pode mudar drasticamente. Uma nova tributação tende a encarecer esses produtos, tornando-os menos acessíveis para o público americano.
As pequenas e médias empresas que utilizam o comércio eletrônico para revender mercadorias também sentem os efeitos da medida, já que os custos mais altos controlam sua margem de lucro e tornam o negócio menos competitivo.
Efeito cascata na economia
O impacto da nova tributação não será sentido apenas no digital, com preços mais altos e menor concorrência, os consumidores terão menos poder de compra, o que pode afetar outros setores da economia. Além disso, o aumento de custos pode impulsionar a inflação, já que muitos itens vendidos por varejistas tradicionais também dependem de cadeias globais de suprimentos.
Embora o governo justifique a mudança como um impulso para a indústria americana, a realidade pode ser diferente. Muitos negócios nos EUA dependem de insumos importados, e o aumento das tarifas pode elevar os custos de produção em diversas áreas. Isso pode levar as empresas a reduzir investimentos ou até mesmo a cortar empregos.
Um caminho incerto para o varejo e os consumidores
As novas regras devem obrigar empresas e consumidores a compensar estratégias de compra e venda. Algumas plataformas de e-commerce podem buscar alternativas logísticas para mitigar os impactos, mas é pouco provável que isso ocorra sem um repasse de custos ao consumidor final.
As restrições ao comércio internacional nem sempre produzem os benefícios esperados. Em vez de contribuir para a produção nacional, medidas como essa podem acabar limitando a concorrência e tornando o mercado menos dinâmico. O grande desafio, agora, será equilibrar a proteção da indústria local sem comprometer o acesso a produtos acessíveis e a variedade de opções para milhões de consumidores.
*Mateus Vitoria Oliveira, da Private Log