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Negócio bom pra cachorro: o futuro da indústria pet

Um dos mais promissores do país, o setor movimentou, só em 2021, mais de R$ 51 bilhões, segundo relatório do Instituto Pet Brasil

 (Don Mason/Getty Images)
(Don Mason/Getty Images)
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Bora Varejo

Publicado em 25 de maio de 2022 às, 18h28.

Por Alfredo Soares

Um dos mais promissores do país, o mercado pet movimentou, só em 2021, mais de R$ 51 bilhões, segundo relatório do Instituto Pet Brasil (IPB). No primeiro trimestre de 2022, o setor cresceu 27% quando comparado com o mesmo período do ano anterior, impulsionado sobretudo pelo pequeno empreendedor. Os números colocam o Brasil entre os 10 maiores do mundo neste tipo de segmento. Para falar sobre essa enorme janela de oportunidade, convidamos o time da Petland&CO para um bate papo sobre o tema.

Quais os maiores desafios para o empresário que quer começar a investir no setor em 2022?

A gestão de pessoas, de dados e dos processos em geral são a base sustentável para o sucesso de toda empresa. 

No varejo pet, um dos desafios também é conseguir ter uma condição de compra diferenciada, onde grande parte dos itens comercializados são commodities (ração e medicamento). Assim, o lojista precisa ter o sortimento de produtos adequado na região em que vai atuar, entregando aos clientes o que é do interesse deles e com boas condições de preço. Um dos gargalos é o lojista não ter um bom controle do mix de produtos ,que acabam ficando “encalhados” na prateleira e no estoque.

Por outro lado, ter uma marca própria é uma vantagem competitiva no varejo multimarca, onde o lojista tem melhores condições de margem e o cliente a opção de ter um produto exclusivo, ou seja, maior fidelização! O sucesso da Pet Choice, nossa marca exclusiva de produtos, vem sendo comprovado desde o lançamento, em 2018. O portfólio tem atualmente 15 linhas de produtos entre itens de higiene, snacks, shampoo e condicionador,caminhas e acessórios e representa 21% de penetração em vendas nas categorias que temos produtos disponíveis.

E toda esta engrenagem só vai funcionar bem com sistemas de BI (Business Intelligence) e CRM (Customer Relationship Management), onde a base atualizada de dados da operação é estratégica para as tomadas de decisão.

O mercado pet está cada vez mais profissionalizado e, por isso, torna-se também mais competitivo.

Números recentes apontaram que o mercado pet cresceu 30% no Brasil durante a crise do coronavírus. Quais são as expectativas para o setor no cenário pós-pandemia?

O crescimento do mercado pet no Brasil é contínuo, na ordem de dois dígitos/ano. Isso se deve à mudança na relação  “humanizada”  com os animais de estimação, que refletem no aumento de consumo de produtos e serviços. 

Com o advento da pandemia, despertou em muitas pessoas o desejo de ter a companhia de um pet e quem já tinha um animal de estimação também  quis aumentar a “família” com mais um cão ou gato. Neste período, o mercado registrou números surpreendentes. Por isso, não tenho dúvidas que as projeções são de continuar em expansão, mesmo na pós-pandemia. Considerando que a média de vida de um cão, por exemplo, é de 10 a 12 anos, temos uma projeção de gastos / consumo por este período. 

Outro movimento interessante em alguns nichos do varejo, como Carrefour, Tok&Stok e Louis Vuitton, é ampliar a área das lojas para a venda de produtos e/ou serviços pet. Isso demonstra o grande potencial de crescimento do setor.

Uma pesquisa da CVA Petcare 2022 apontou que, cada vez mais, o setor de serviços e produtos para pets têm migrado de comerciantes de bairro e hipermercados comuns para megastores especializadas. A própria Shopee já está de olho no mercado eletrônico de animais de estimação. Com players tão poderosos, como o pequeno empresário pode continuar atuando e lucrando?

O nosso modelo de negócios nasceu para resolver este problema. Temos a missão de empoderar o pequeno empresário, fazendo ele entender que os "gatilhos" da operação estão na qualidade do atendimento e do serviço. 

A pesquisa que realizamos com mais de mil clientes em 14 estados trouxe alguns “recortes” muito interessantes.

O cliente que vai a uma megaloja busca preço, variedade, auto serviço e estacionamento. Já o cliente de bairro quer atendimento personalizado, serviço de banho e tosa, conveniência da loja estar próxima da sua casa e praticidade. É que temos como referência as lojas de bairro Pão de Açúcar Minuto e Americanas. 

Acrescentaria também a maior fidelização de clientes com as marcas engajadas nas causas sociais, que é um dos pilares da Petland nos 19 países onde atua.

Como a tecnologia pode ajudar o empresário desse segmento a crescer? Alguma dica?

A oferta de tecnologia é abundante, há muitas opções em ferramentas de TI e sistemas para cada tipo de aplicação. O desafio é saber usar a tecnologia a seu favor. Coletar os dados e interpretá-los corretamente. 

Temos investido em sistemas de web e agenda digital de serviços, app, CRM, e-commerce e BI para a gestão de dados de toda a rede Petland e clínicas veterinárias Dr.Mei. Nosso diferencial em relação à concorrência é ter soluções próprias e integradas, o que facilita bastante o dia a dia do lojista e do cliente.

Pets são tratados como filhos pela maior parte das pessoas. Com tantos casos de abuso, maus tratos ou venda de produtos adulterados por parte de empresas por todo país, como o cliente pode identificar previamente se o serviço ou produto é seguro?

Quem quer o melhor para o seu animal de estimação também busca por empresas que tenham boa reputação. O animal de estimação é quem “manda” e, por isso, o cliente tem que levá-lo a lugares onde seu pet é bem tratado. 

Quais são as regiões do país que mais consomem produtos pet hoje?

Baseado na operação das nossas lojas nas regiões Sudeste e Nordeste, a relação das pessoas com o pet é mais para “filho” e, o que se reflete na melhor performance dessas unidades. Já nas regiões Centro-Oeste e Sul a relação é mais como animal de estimação.