Insights da NRF 2023
Os Estados Unidos sempre estiveram à frente em diversos aspectos, mas ficar imerso nas tendências do varejo ampliou meu olhar para 2023
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 20h45.
Por Manuela Mendes
Meu primeiro ano de NRF, e muitos insights para dividir com vocês. Os Estados Unidos sempre esteve na frente em diversos aspectos, mas acompanhar de perto e ficar imerso nas tendências do varejo, com certeza fez ampliar meu olhar para 2023. Depois de andar na feira, trocar com diversas pessoas, de diversos lugares do mundo, você passa a ter um olhar muito mais clínico ao entrar em uma loja física. Uma aula de varejo é o outlet Woodbury, que fica uns 40 minutos de NY – Manhattan. Já imaginaram outlet de luxo? Lá você encontra mais de 220 lojas e todas as “High Brands” com grandes descontos.
Ao entrar na Moncler, por exemplo, as placas de precificação são em dois idiomas: inglês e chinês, nota-se então que o grande público deles é asiático e que eles estão tendo uma clareza sobre quem é o cliente final deles. Outro exemplo que pude notar, é que grande parte das lojas concedem descontos (bem relevantes) caso você passe seu e-mail para cadastro ou baixe o aplicativo da marca, demonstrando a preocupação em ter uma ferramenta para se aproximar do seu cliente, e poder proporcionar experiências futuras para eles, sem falar que o desconto é ótimo para a experiência do momento, afinal, somos atraídos por bom preço e descontos sempre.
Outra coisa que me chamou atenção é a preocupação pelo bom atendimento. Lembro que muitos anos atrás quando eu ia em outlet, era praticamente um autosserviço, você mesmo procurava pelos produtos dentro da loja. Hoje não. Hoje as filas que você vê para entrar nas lojas, principalmente as de alto valor, é para ter um vendedor direcionado para cada cliente. Não sei até que ponto isso é bom para o consumidor, pois na era que vivemos de tudo ser muito rápido, as filas vão na contramão.
Saindo do Woodbury e indo para a 5th Avenue, a Uniqlo (marca japonesa de fast fashion), dá uma aula de tecnologia e experiências. Eles conseguem entregar preço, produto e principalmente suprirem a maior dor de toda loja, o check out. Já vi diversas lojas com self check out, mas a de lá possuía uma tecnologia de check out, pagamento, antifurto incrível. Você simplesmente coloca os produtos dentro da máquina, e ali já lia automaticamente quantos itens tinha, quais itens era, já dava o valor, você passava o cartão, e logo após o cartão, você recebe uma mensagem que suas peças já estavam sem o alarme antifurto.
Tudo isso em questão de segundos... Brasil deveria começar a adotar isso por aqui... Bom, voltando para a feira, conseguimos perceber diversos temas e discussões que chamaram atenção. Vale ressaltar, que muitos desses insights eu também tive na gravação do Podcast Bora Varejo, dirigido pelo Alfredo Soares, referência no assunto no Brasil, que aconteceu na sede da Vtex em NY, uma plataforma brasileira que está presente em todo o mundo, onde acompanhei dois dias de gravação, com convidados de peso e várias dessas pautas foram discutidas por lá.
Sustentabilidade e Diversidade
Tema que já vem sendo discutido há alguns anos, porém agora conseguimos visualizar ações efetivas. Muitas marcas aderindo o resale e repair. Um exemplo é a Patagônia, que dedica um andar inteiro para esse consumo consciente. Hoje os consumidores estão optando por marcas que valorizem a sustentabilidade. Quando o assunto é diversidade, foi notório a presença de mais mulheres nos palcos e em papéis de destaque. E as empresas atribuindo a diversidade com criatividade. Entendendo que um time diverso tem mais capacidade criativa.
Policrises
Quando pensamos que estamos saindo de uma crise do COVID, existem várias outras nos assombrando. Guerra da Ucrânia x Rússia, aquecimento global, inflação, governo. Estamos em constantes crises, e nós não temos o poder de controlar tudo que acontece a nossa volta, mas somente o de como reagir a tudo isso. Um tema que chamou bastante atenção e que foi bastante debatido, é sobre o aumento das calamidades climáticas e o quanto se espera que as empresas estejam preparadas para isso.
Em média, 21,5 milhões de pessoas por ano são deslocadas à força por eventos relacionados ao clima (tempestades, incêndios florestais, furacões) denominadas eco migração. As empresas mais atentas já estão saindo na frente e colocando pessoas especialistas no tema no board, pois mudanças climáticas afetam toda a cadeia de suprimentos globais. Devemos ficar atentos.
Desenvolvimento humano
Muito se falou sobre atração, retenção e engajamento dos colaboradores. Não se fala mais só sobre a experiência do cliente, mas também a experiência do colaborador. Algumas ferramentas, softwares, inteligência artificial, para entender o que o colaborador deseja. Trazer uma cultura mais flexível e inclusiva, e trazer o colaborador para o centro, como embaixador da marca.
Retail Media
É uma forma de monetizar o varejo que está ganhando muita força. Segundo dados da Insider Intelligence apresentados por Andrew Lipsman, será um mercado de USD 45 bilhões em 2023 e 55 bilhões em 2024, apenas nos Estados Unidos. A Amazon domina este mercado concentrando 75% de todo o investimento de mídia no segmento. Grandes lojas, supermercados, entre outros, devem pensar nesse modelo de negócio para o seu varejo.
Comunicação e Influência
Acredita-se que está acontecendo uma descentralização da mídia digital, com comunicação cada vez mais nicho.Os Micros Influenciadores,influenciadores regionais têm ganhado força, para atingir públicos mais fiéis.
Personalização e/ou hiperpersonalização
Estamos na era das comunidades, onde todos querem se sentir pertencentes a algo. Dentro dessas comunidades, há muitos produtos personalizados para você se sentir único. Um exemplo é a Salesforce, que tem uma pegada totalmente sustentável e que junto com a grande Yves Saint Laurent, criaram um software que ao analisar sua face, descobrem qual o melhor tom de maquiagem para você e na hora a maquiagem é desenvolvida (sim, uma máquina do tamanho de uma garrafa pet de 500ml, que já faz o seu batom ali mesmo) e você já pode levar para casa.
Tecnologias avançadas
Diversas soluções de self checkout e também diversas soluções e softwares para coletar dados dos seus clientes, muito mais avançados. Antes as tecnologias eram desenvolvidas para captar os dados, e hoje são desenvolvidas para saber como usá-los. O varejo não é uma jornada linear e por isso devemos sempre estar atentos às mudanças que vem acontecendo ao nosso redor. E nesse quesito a NRF é o local certo para entender esses movimentos.
Para finalizar, durante uma das gravações do podcast Bora Varejo, escutei uma frase do Eduardo Terra, especialista em varejo e conselheiro de várias empresas, que me chamou atenção: “O varejo é uma corrida de 100 metros e uma maratona ao mesmo tempo” Ao mesmo tempo em que deve-se olhar para o curto prazo, há uma necessidade de não se esquecer do longo prazo.
Por Manuela Mendes
Meu primeiro ano de NRF, e muitos insights para dividir com vocês. Os Estados Unidos sempre esteve na frente em diversos aspectos, mas acompanhar de perto e ficar imerso nas tendências do varejo, com certeza fez ampliar meu olhar para 2023. Depois de andar na feira, trocar com diversas pessoas, de diversos lugares do mundo, você passa a ter um olhar muito mais clínico ao entrar em uma loja física. Uma aula de varejo é o outlet Woodbury, que fica uns 40 minutos de NY – Manhattan. Já imaginaram outlet de luxo? Lá você encontra mais de 220 lojas e todas as “High Brands” com grandes descontos.
Ao entrar na Moncler, por exemplo, as placas de precificação são em dois idiomas: inglês e chinês, nota-se então que o grande público deles é asiático e que eles estão tendo uma clareza sobre quem é o cliente final deles. Outro exemplo que pude notar, é que grande parte das lojas concedem descontos (bem relevantes) caso você passe seu e-mail para cadastro ou baixe o aplicativo da marca, demonstrando a preocupação em ter uma ferramenta para se aproximar do seu cliente, e poder proporcionar experiências futuras para eles, sem falar que o desconto é ótimo para a experiência do momento, afinal, somos atraídos por bom preço e descontos sempre.
Outra coisa que me chamou atenção é a preocupação pelo bom atendimento. Lembro que muitos anos atrás quando eu ia em outlet, era praticamente um autosserviço, você mesmo procurava pelos produtos dentro da loja. Hoje não. Hoje as filas que você vê para entrar nas lojas, principalmente as de alto valor, é para ter um vendedor direcionado para cada cliente. Não sei até que ponto isso é bom para o consumidor, pois na era que vivemos de tudo ser muito rápido, as filas vão na contramão.
Saindo do Woodbury e indo para a 5th Avenue, a Uniqlo (marca japonesa de fast fashion), dá uma aula de tecnologia e experiências. Eles conseguem entregar preço, produto e principalmente suprirem a maior dor de toda loja, o check out. Já vi diversas lojas com self check out, mas a de lá possuía uma tecnologia de check out, pagamento, antifurto incrível. Você simplesmente coloca os produtos dentro da máquina, e ali já lia automaticamente quantos itens tinha, quais itens era, já dava o valor, você passava o cartão, e logo após o cartão, você recebe uma mensagem que suas peças já estavam sem o alarme antifurto.
Tudo isso em questão de segundos... Brasil deveria começar a adotar isso por aqui... Bom, voltando para a feira, conseguimos perceber diversos temas e discussões que chamaram atenção. Vale ressaltar, que muitos desses insights eu também tive na gravação do Podcast Bora Varejo, dirigido pelo Alfredo Soares, referência no assunto no Brasil, que aconteceu na sede da Vtex em NY, uma plataforma brasileira que está presente em todo o mundo, onde acompanhei dois dias de gravação, com convidados de peso e várias dessas pautas foram discutidas por lá.
Sustentabilidade e Diversidade
Tema que já vem sendo discutido há alguns anos, porém agora conseguimos visualizar ações efetivas. Muitas marcas aderindo o resale e repair. Um exemplo é a Patagônia, que dedica um andar inteiro para esse consumo consciente. Hoje os consumidores estão optando por marcas que valorizem a sustentabilidade. Quando o assunto é diversidade, foi notório a presença de mais mulheres nos palcos e em papéis de destaque. E as empresas atribuindo a diversidade com criatividade. Entendendo que um time diverso tem mais capacidade criativa.
Policrises
Quando pensamos que estamos saindo de uma crise do COVID, existem várias outras nos assombrando. Guerra da Ucrânia x Rússia, aquecimento global, inflação, governo. Estamos em constantes crises, e nós não temos o poder de controlar tudo que acontece a nossa volta, mas somente o de como reagir a tudo isso. Um tema que chamou bastante atenção e que foi bastante debatido, é sobre o aumento das calamidades climáticas e o quanto se espera que as empresas estejam preparadas para isso.
Em média, 21,5 milhões de pessoas por ano são deslocadas à força por eventos relacionados ao clima (tempestades, incêndios florestais, furacões) denominadas eco migração. As empresas mais atentas já estão saindo na frente e colocando pessoas especialistas no tema no board, pois mudanças climáticas afetam toda a cadeia de suprimentos globais. Devemos ficar atentos.
Desenvolvimento humano
Muito se falou sobre atração, retenção e engajamento dos colaboradores. Não se fala mais só sobre a experiência do cliente, mas também a experiência do colaborador. Algumas ferramentas, softwares, inteligência artificial, para entender o que o colaborador deseja. Trazer uma cultura mais flexível e inclusiva, e trazer o colaborador para o centro, como embaixador da marca.
Retail Media
É uma forma de monetizar o varejo que está ganhando muita força. Segundo dados da Insider Intelligence apresentados por Andrew Lipsman, será um mercado de USD 45 bilhões em 2023 e 55 bilhões em 2024, apenas nos Estados Unidos. A Amazon domina este mercado concentrando 75% de todo o investimento de mídia no segmento. Grandes lojas, supermercados, entre outros, devem pensar nesse modelo de negócio para o seu varejo.
Comunicação e Influência
Acredita-se que está acontecendo uma descentralização da mídia digital, com comunicação cada vez mais nicho.Os Micros Influenciadores,influenciadores regionais têm ganhado força, para atingir públicos mais fiéis.
Personalização e/ou hiperpersonalização
Estamos na era das comunidades, onde todos querem se sentir pertencentes a algo. Dentro dessas comunidades, há muitos produtos personalizados para você se sentir único. Um exemplo é a Salesforce, que tem uma pegada totalmente sustentável e que junto com a grande Yves Saint Laurent, criaram um software que ao analisar sua face, descobrem qual o melhor tom de maquiagem para você e na hora a maquiagem é desenvolvida (sim, uma máquina do tamanho de uma garrafa pet de 500ml, que já faz o seu batom ali mesmo) e você já pode levar para casa.
Tecnologias avançadas
Diversas soluções de self checkout e também diversas soluções e softwares para coletar dados dos seus clientes, muito mais avançados. Antes as tecnologias eram desenvolvidas para captar os dados, e hoje são desenvolvidas para saber como usá-los. O varejo não é uma jornada linear e por isso devemos sempre estar atentos às mudanças que vem acontecendo ao nosso redor. E nesse quesito a NRF é o local certo para entender esses movimentos.
Para finalizar, durante uma das gravações do podcast Bora Varejo, escutei uma frase do Eduardo Terra, especialista em varejo e conselheiro de várias empresas, que me chamou atenção: “O varejo é uma corrida de 100 metros e uma maratona ao mesmo tempo” Ao mesmo tempo em que deve-se olhar para o curto prazo, há uma necessidade de não se esquecer do longo prazo.