(Agência Brasil)
Colunista
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 23h09.
Por Mateus Vitoria Oliveira
A economia brasileira entra em 2025 com desafios bem mapeados, crescimento mais moderado, inflação ainda exigindo atenção e a necessidade de manter o equilíbrio fiscal. No entanto, longe de ser um cenário de pessimismo, o momento é de ajustes e adaptação para um novo ciclo de expansão. O Brasil já demonstrou sua capacidade de superação em diversas crises passadas e, mais uma vez, tem todos os elementos para transformar dificuldades em oportunidades.
Com um ambiente global que pode favorecer o setor exportador, um mercado interno ainda dinâmico e setores estratégicos com grande potencial de crescimento, o país pode surpreender nos próximos anos. Empresas e investidores que se posicionarem para esse novo momento poderão colher bons resultados.
Após um crescimento de 3,6% em 2024, impulsionado pelo agronegócio e pela recuperação do consumo, o PIB deve avançar 2,0% em 2025 e 1,0% em 2026.
Nesse contexto, a estabilização da inflação e a expectativa de redução gradual da taxa Selic ao longo dos próximos anos deverão melhorar as condições de crédito e incentivo a novos investimentos. As empresas que se anteciparem a esse novo ciclo poderão aproveitar oportunidades antes da concorrência.
Paralelo a isso, outro fator positivo é o impacto da digitalização e da inovação nos setores produtivos. Muitas empresas já têm adotado tecnologia para ganhar eficiência e competitividade, o que pode gerar ganhos de produtividade e sustentar o crescimento mesmo em um cenário de juros mais elevados.
A projeção do IPCA para 2025 está em 6,1%, mas a tendência é de desaceleração para 4,5% em 2026, refletindo os efeitos da política monetária e a maior estabilidade nos preços internacionais de commodities.
Nesse sentido, a taxa Selic, atualmente em 13,25%, deve seguir em queda em 2026. Com a inflação sob controle e um cenário global mais previsível, o Banco Central terá mais liberdade para reduzir os juros, o que beneficiará empresas e consumidores.
Diante desse panorama, esse cenário cria boas oportunidades para setores dependentes de crédito, como a construção civil e o varejo, que deverão obter lucros nos próximos anos. Além disso, empresas que investem em eficiência operacional poderão se destacar em um ambiente de juros ainda elevados, mas em queda.
O Brasil continua como um dos grandes players do comércio global de commodities. Com a recuperação dos preços internacionais, o agronegócio e a mineração devem seguir como motores de crescimento.
Além disso, a indústria brasileira pode se beneficiar de um movimento de reindustrialização e diversificação de mercados. As empresas que investem em inovação, automação e tecnologia terão condições de competir num cenário global cada vez mais exigente.
A transição energética e a demanda crescente por fontes renováveis também colocam o Brasil em uma posição privilegiada. Com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e um enorme potencial para energia solar, eólica e hidrogênio verde, o país poderá atrair investimentos bilionários nos próximos anos.
O Brasil ainda tem um grande déficit de infraestrutura, mas isso é uma oportunidade. O aumento dos investimentos em rodovias, ferrovias, portos e energia renovável pode acelerar o crescimento e gerar investimentos em diversas regiões do país.
As parcerias público-privadas e concessões devem desempenhar um papel importante nesse processo. O governo já sinalizou que pretende avançar com novos projetos, e há um grande interesse do setor privado em investir nessas áreas. Para as empresas do setor de construção e engenharia, esse é um momento estratégico para expandir suas operações e atender a uma demanda crescente por infraestrutura de qualidade.
Além disso, o avanço da digitalização e da conectividade também abre espaço para investimentos em tecnologia e telecomunicações. Com o crescimento do 5G e a demanda por soluções de inteligência artificial e automação, há um enorme potencial para inovação em diversos setores.
Apesar do crescimento mais modesto da economia como um todo, alguns setores devem se destacar nos próximos anos. O agronegócio e a exportação de commodities continuam como pilares, impulsionados pela recuperação dos preços internacionais e pelo aumento da demanda global por alimentos, proteínas e minerais, consolidando o Brasil como um dos principais exportadores mundiais.
Ao mesmo tempo, a transição energética global vem acelerando investimentos em fontes renováveis, como solar, eólica e proteção verde, setor no qual o país tem vantagens competitivas e potencial para atrair grandes investimentos internacionais. A infraestrutura e a construção civil também despontam como áreas estratégicas, com o déficit estrutural e os novos projetos de concessões e parcerias público-privadas criando oportunidades para empresas de engenharia, construção e logística.
Além disso, a tecnologia e a inovação seguem como fatores-chave para o crescimento empresarial, com destaque para empresas que investem em digitalização, automação e inteligência artificial, diferenciais essenciais em um ambiente econômico cada vez mais competitivo.
Cabe ainda mencionar o setor financeiro e de crédito que tendem a expandir à medida que os juros forem reduzidos nos próximos anos, facilitando o acesso a financiamentos e impulsionando fintechs, bancos e demais instituições financeiras.
O Brasil tem desafios à frente, mas também tem muitas oportunidades para aqueles que se souberem se posicionar estrategicamente. O crescimento pode ser mais moderado nos próximos anos, mas isso não quer dizer estagnação.
Empresas e investidores que souberem identificar as tendências e se prepararem para o novo ciclo poderão sair na frente e colher bons resultados. O país já passou por crises muito mais severas e conseguiu se recuperar. Agora, com um ambiente global mais favorável e setores estratégicos em ascensão, há espaço para um novo ciclo de crescimento.
O país sempre encontra um caminho para avançar. E, desta vez, não será diferente.