(Bora Varejo/Divulgação)
Colunista
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 09h27.
A National Retail Federation (NRF) é conhecida por sediar, anualmente, o maior encontro global de varejo. Este evento, realizado no Javits Center em Nova York, reúne milhares de especialistas, empreendedores e executivos de todo o planeta, trazendo reflexões sobre inovação, transformação digital, comportamento do consumidor, pagamentos eletrônicos, omnichannel, live streaming, inteligência artificial, entre outros temas que estão moldando o futuro do setor.
Neste ano, o movimento Bora Varejo formou uma comitiva especial de empresários brasileiros dispostos a cobrir a feira de ponta a ponta. Dentre os nomes que participaram desta jornada estão Stefano Willig, CEO da Awise, Marlon Rocha, CEO da Formatar Consultoria, Lincoln Fracari, CEO da China Link, Rafael Figueiredo, CEO da Teclat, além de diversos outros profissionais que, ao longo de três dias intensos, compartilharam insights, tendências e aprendizados obtidos nas palestras, mesas redondas, visitas guiadas e contatos diretos com grandes players do varejo mundial.
A seguir, um panorama dos principais destaques observados nesses três dias de NRF:
No primeiro dia, as discussões giraram em torno da cultura como motor de transformação nas empresas. Brian Cornell (Target) e Michael Bush (Great Place to Work) sublinharam a importância de promover um ambiente de trabalho inclusivo, que valoriza as pessoas e incentiva inovações orientadas a resultados. A tônica foi clara: a capacidade de errar rápido e aprender é essencial para a inovação constante.
Também foi pontuado como as empresas estão cada vez mais recorrendo à Inteligência Artificial (IA) para otimizar processos. Doug Herrington, da Amazon, detalhou como a robótica e a IA generativa estão transformando a cadeia de distribuição, personalizando ofertas e permitindo decisões mais acertadas em tempo real. Isso se conecta com a discussão levantada no evento sobre a relevância de um varejo cada vez mais focado em “human centered design”, onde a tecnologia complementa, e não substitui, o toque humano.
Foi uma introdução impactante para a delegação da Bora Varejo, que teve a chance de comparar os desafios culturais e estruturais das grandes redes americanas com o cenário brasileiro, percebendo caminhos de aprendizado mútuo.
No segundo dia, a palavra-chave foi omnichannel. A necessidade de integrar o varejo físico e o digital surgiu em diversas palestras, com exemplos de redes que já dominam o “compre online, retire na loja”, devoluções cross-channel (compre online, devolva na loja) e estratégias de marketing unificadas. Dados recentes de diversas consultorias – incluindo a Euromonitor International – mostram que a expectativa do consumidor moderno é de uma jornada fluida, sem barreiras entre canais.
Outro ponto crucial discutido foram os novos meios de pagamento. De acordo com o “The Global Payments Report” da Worldpay (2023/2024), as carteiras digitais devem superar a casa de 46% de participação nas transações em POS globalmente até 2027. No e-commerce, esse percentual chega a 61%, apontando para uma revolução em que o cartão físico perde terreno para soluções digitais. No Brasil, o contactless ganhou destaque: o volume transacionado por aproximação passou de R$ 234,5 bilhões no 1S22 para R$ 644,2 bilhões no 1S24, segundo dados da Abecs.
Para a comitiva Bora Varejo, especialmente para empresas como a Teclat (de tecnologia) e a China Link (especializada em comércio com o país asiático), esses dados revelaram oportunidades de desenvolvimento de soluções que combinem IA, segurança e velocidade na oferta de pagamentos. As trocas de experiências com players globais permitiram enxergar como a adoção do contactless e do embedded finance é capaz de impulsionar receitas e aumentar o engajamento do consumidor brasileiro, que já adere fortemente ao PIX e outras modalidades de pagamento digital.
O terceiro dia aprofundou o debate sobre live commerce e os ecossistemas de varejo digital. Gigantes como Alibaba e Amazon, além de aplicativos chineses como Douyin (TikTok na China) e Kuaishou, evidenciaram o poder das transmissões ao vivo para alavancar vendas imediatas e engajamento. A Euromonitor International projeta que os gastos em plataformas de transmissão ao vivo podem chegar a US$ 650 bilhões em 2027, reforçando o potencial do “shopstreaming” na América Latina.
Discussões sobre plataformas e ecossistemas ressaltaram que o caminho além do omnichannel passa por grandes estruturas que ofereçam não só compra e venda de produtos, mas também serviços financeiros (embedded finance), entretenimento, logística integrada e análise de dados em tempo real.
Para empresas como a Formatar Consultoria, a grande sacada foi notar que o live streaming, aliado a um bom conhecimento dos hábitos do público alvo, pode ser uma ferramenta estratégica para PMEs que buscam ampliar seu alcance sem depender exclusivamente de marketplaces tradicionais. E, para a Awise, que atua em soluções de IA, essa tendência reforça a importância de plataformas robustas de recomendação de produtos em tempo real, com experiências personalizadas.
A cobertura realizada pelo movimento Bora Varejo, em conjunto com estes empresários, não apenas reuniu as principais inovações, mas também promoveu uma troca sólida de percepções, fortalecendo a rede de contatos e oportunidades de negócio. A convergência entre cultura organizacional, tecnologia e atendimento ao cliente se mostrou fundamental para encarar um varejo cada vez mais competitivo e acelerado.
Ao final do terceiro dia, a delegação brasileira retornou com ideias para aplicar no cenário local: desde a intensificação do contactless em pequenos varejistas até a criação de lives de vendas em redes sociais para engajar públicos de nicho. A perspectiva de um varejo integrado (loja física + e-commerce + redes sociais) deixou claro que o grande diferencial está em compreender o consumidor em cada ponto de contato, entregando valor, personalização e conveniência de forma transparente e rápida.
Segundo dados do ShopperScape (janeiro a novembro de 2024), 65% dos consumidores concordam que “valor é o que você recebe, não o que paga”, reforçando a necessidade de oferecer experiências de compra sem estresse, economizando tempo e promovendo conexão genuína com a marca. É nesse sentido que a Bora Varejo pretende continuar atuando: disseminando insights, promovendo encontros e abrindo horizontes para que o varejo brasileiro acompanhe as melhores práticas globais e, simultaneamente, encontre soluções adequadas à nossa realidade.