Slack - rede social - plataforma de comunicação - computador - macbook - notebook - ambiente de trabalho - usuario Foto: Leandro Fonseca data: 08/11/2021
Colunista
Publicado em 12 de junho de 2025 às 20h24.
Última atualização em 13 de junho de 2025 às 12h18.
Em um cenário empresarial cada vez mais competitivo, a busca por eficiência operacional e redução de custos tornou-se prioridade absoluta. Uma tendência que vem ganhando força no Brasil, embora ainda distante do patamar norte-americano, é o aluguel de notebooks e equipamentos de TI. O modelo, que transforma despesas de capital em custos operacionais previsíveis, está revolucionando a forma como empresas gerenciam seus recursos tecnológicos.
Enquanto nos Estados Unidos cerca de 80% das empresas já adotam o modelo de locação para seus equipamentos de TI, no Brasil esse número ainda é tímido: apenas 10% das companhias utilizam essa estratégia, segundo dados da International Data Corporation (IDC). No entanto, o cenário está mudando rapidamente.
Em 2021, o mercado de locação de computadores cresceu impressionantes 24% no país. Para 2022, a previsão da mesma consultoria foi de expansão de 21%, com investimentos na casa dos US$ 100 milhões. A tendência de crescimento continua, com a IDC projetando um aumento de 13% para o mercado de TI brasileiro em 2025.
O modelo tradicional de aquisição de equipamentos de TI apresenta desafios significativos para empresas de todos os portes. Grandes investimentos iniciais, rápida obsolescência tecnológica e custos imprevistos de manutenção são apenas alguns dos problemas enfrentados por gestores.
"Além de ser um investimento mais inteligente, a locação destes equipamentos é relevantíssima porque libera os CIOs e equipes de TI para focar suas energias no desenvolvimento de soluções que estejam diretamente ligadas à atividade-fim das empresas", explica Vittorio Danesi, CEO da Simpress, empresa que atua com outsourcing de equipamentos de tecnologia.
Para empresas no regime de lucro real, os benefícios fiscais são substanciais. A locação permite converter até 43,5% do valor em economia de impostos, transformando o que seria uma despesa de capital em custo operacional dedutível.
O setor de aluguel de equipamentos de TI no Brasil tem crescido exponencialmente, com diversos players se destacando. A Arklok, por exemplo, registrou um faturamento de R$ 320 milhões em 2024, com mais de 300 mil equipamentos próprios espalhados pelo país. "Saímos de uma empresa de locação de notebooks para nos tornarmos um dos maiores players de tecnologia como serviço do país", afirma Renan Torres, diretor comercial da Arklok.
Já a Voke, outra gigante do setor, faturou R$ 400 milhões em 2022, um aumento de 292% em relação ao ano anterior. Em 2024, a empresa faturou R$ 542 milhões. Desde 2019, foram mais de 550 mil equipamentos alugados, com a meta de chegar a 1 milhão até 2030. Segundo Rene Almeida, co-CEO da Voke, "as empresas têm buscado novas formas de consumir tecnologia, enquanto diminui o interesse pela compra de dispositivos."
Um exemplo notável dessa transformação é a parceria entre a Allu e a Acer. Como parceira exclusiva da fabricante no Brasil — e primeira parceira do mundo para aluguel
— a Allu está assinando milhares de máquinas por mês, oferecendo uma solução que combina tecnologia de ponta com atendimento diferenciado.
Fundada em 2016, a Allu é hoje a maior empresa de assinatura de eletrônicos da América Latina, com mais de 30.000 aparelhos assinados e presença em todos os estados brasileiros. Com uma robusta estrutura física em Belo Horizonte e Brasília, a empresa conta com mais de 185 funcionários e mais de 60 pontos de apoio espalhados pelo país.
O diferencial da Allu está no modelo Device as a Service (DaaS), que vai além do simples aluguel de hardware. "Diferente das tradicionais locadoras de eletrônicos, a Allu trabalha no conceito de device as a service, um modelo que agrega valor ao longo do uso do equipamento. Além do aluguel, o serviço inclui manutenção, upgrades planejados e suporte técnico especializado", explica um porta-voz da empresa.
Em um mercado onde a tecnologia se torna cada vez mais commoditizada, a experiência do cliente emerge como fator decisivo. A Voke, por exemplo, atua em 4,2 mil municípios brasileiros, oferecendo suporte técnico e logística integrada. Já a Arklok estruturou um modelo no qual fornece não apenas os equipamentos, mas toda a gestão de TI, desde logística e manutenção até softwares de monitoramento.
A Allu apostou fortemente nesse aspecto, oferecendo suporte técnico especializado com tempos de resposta impressionantes: troca de máquina em no máximo 24 horas no Sudeste e 48 horas no restante do Brasil.
"Companhias com centenas ou milhares de funcionários no país conectados via tablets e smartphones precisam destes dispositivos funcionando com a máxima taxa de uptime para garantir que seus negócios se mantenham operacionais", avalia Danesi, da Simpress, destacando a importância de um suporte ágil e eficiente.
Outro diferencial é a customização dos equipamentos. As máquinas podem sair configuradas da fábrica com sistemas e softwares específicos para cada cliente, eliminando o tempo de configuração e garantindo produtividade imediata.
Para empresas com 50 a 200 funcionários — exatamente o perfil que mais tem aderido ao modelo de locação — os benefícios econômicos são substanciais. A parceria direta da Allu com a Acer elimina intermediários, resultando em preços até 25% menores que a média do mercado.
Além da economia direta, há ganhos indiretos significativos. A eliminação da necessidade de grandes investimentos iniciais (CAPEX) libera capital para o core business da empresa. A previsibilidade de custos, com manutenção e suporte inclusos no contrato, elimina despesas inesperadas que frequentemente comprometem orçamentos de TI.
Para setores como terceirização de mão de obra, advocacia, engenharia, contabilidade e tecnologia — que têm mostrado maior adesão ao modelo — a flexibilidade para ajustar a frota de equipamentos conforme a demanda é outro benefício crucial. Empresas que trabalham por projetos ou licitações podem adaptar seu parque tecnológico sem comprometer margens.
A tendência de transformação de produtos em serviços, conhecida como "servitização", está redefinindo diversos setores da economia. No campo da tecnologia corporativa, o modelo "as a service" representa não apenas uma mudança na forma de aquisição, mas uma transformação completa na relação das empresas com seus recursos tecnológicos.
"89% das empresas pagam caro em algo que, com só uma mudança, adicionaria milhares de reais em seus lucros", afirma a Allu em seu material institucional, referindo- se à transição do modelo de compra para o de assinatura.
A expectativa é que até 2024, 70% das empresas brasileiras adotem tecnologias digitais avançadas, impulsionando ainda mais a demanda por soluções flexíveis de acesso a equipamentos. Nas companhias de médio porte (até 249 funcionários), o índice de adoção de tecnologias digitais já chega a 63%, enquanto nas grandes (mais de 250 funcionários) alcança 67%.
Um aspecto frequentemente negligenciado, mas cada vez mais valorizado, é a sustentabilidade. O modelo de locação contribui para práticas mais sustentáveis, com recuperação, renovação e reutilização de equipamentos.
A Simpress, por exemplo, recuperou mais de 20 mil equipamentos apenas no ano passado. Notebooks, PCs e impressoras resgatados de clientes que estão modernizando seus parques tecnológicos passam por avaliação criteriosa, com atualização de softwares e troca de componentes físicos essenciais.
A Allu segue caminho semelhante, com práticas que estendem a vida útil dos equipamentos e garantem descarte responsável ao final do ciclo, alinhando-se às crescentes exigências ESG (Environmental, Social and Governance) do mercado.
O crescimento acelerado do mercado de aluguel de notebooks e equipamentos de TI no Brasil, embora ainda distante do patamar norte-americano, sinaliza uma transformação irreversível na forma como empresas gerenciam seus recursos tecnológicos.
Para empresas de médio porte, especialmente aquelas com 50 a 200 funcionários, o modelo oferece vantagens competitivas significativas: economia direta, previsibilidade de custos, acesso a tecnologia de ponta e, talvez o mais importante, liberação de recursos — financeiros e humanos — para o core business.