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EXAME debate a diversidade no trabalho com lideranças femininas

Adriana Barbosa, CEO da Feira Preta, e Flavia Bittencourt, CEO da Adidas, conversaram sobre os desafios das mulheres para chegar ao topo das empresas

Adriana Barbosa, CEO da Feira Preta: “Precisamos de um novo entendimento e ressignificar nossa história e nossas crenças” (Renato Stockler/Feira Preta/Divulgação)
RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 23 de março de 2021 às 18h03.

Última atualização em 23 de março de 2021 às 22h15.

A EXAME recebeu virtualmente, na semana passada, Adriana Barbosa e Flavia Bittencourt, CEOs da Feira Preta e da Adidas, respectivamente. As duas líderes conversaram com a redação sobre os desafios enfrentados pelas mulheres para subir na hierarquia das empresas conquistar o respeito dos demais líderes, em sua maioria homens.

Barbosa e Bittencourt reforçaram a importância das metas de diversidade . “Eu só cheguei ao cargo de CEO da Adidas porque a empresa decidiu que teria uma mulher no shortlist ”, afirmou a executiva. “Se fossem selecionar apenas profissionais do mercado de esportes, não haveria opções”. Presente na lista final, Bittencourt se destacou e ganhou a posição.

Para a fundadora da Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, para aumentar a diversidade, é preciso pensar em áreas estratégicas. “Para definir uma política de diversidade, primeiro você tem de saber onde estão as mulheres e os negros. Depois, é preciso colocar as pessoas certas nos setores que causarão a maior transformação”, disse Barbosa. “Não basta aumentar a diversidade, é preciso vivê-la.”

Mudar a cultura das empresas tem um papel fundamental no processo de inclusão. Bittencourt chamou atenção para a bagagem emocional que as mulheres carregam, que gera um sentimento de culpa por não poder dar atenção aos filhos, por exemplo. “Os homens não carregam isso. Eles não sentem essa culpa”, afirmou. “É uma bagagem de insegurança, mas nada disso é verdade. É possível ser mãe e executiva e também não precisamos nos masculinizar para chegar lá.”

Flavia Bittencourt, CEO da Adidas: "É possível ser mãe e executiva e também não precisamos nos masculinizar para chegar lá” (Leandro Fonseca/Exame)

Mulheres negras enfrentam um desafio duplo por terem de lidar com o machismo e com o racismo. A educação é a chave para mudar essa realidade. “Conhecemos pouco da nossa história. Aprendemos que fomos escravizados, mas por que os povos africanos? Existe um motivo que nos trouxe até aqui e essa história não nos é contada”, disse Barbosa. “Precisamos de um novo entendimento e ressignificar nossa história e nossas crenças.”

Tendência de mercado

A maior preocupação com a diversidade nas empresas cresce a partir do momento em que isso se torna uma exigência dos consumidores. “À medida que as empresas precisam pensar em produtos para a diversidade, ela passa a se preocupar com a questão”, afirmou Barbosa. Para ela, o mundo corporativo começa a desenvolver metas mais claras de inclusão, o que se reflete em planos melhores.

Para Bittencourt, a disponibilidade de dados também tem ajudado. “Se não mede não atua em cima”, diz a executiva, que antes da Adidas ocupava a presidência da Sephora, do setor de cosméticos. O processo, no entanto, é lento. “Ninguém muda de patamar em um ano”, afirma. “Por isso, precisamos de metas.”

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A EXAME recebeu virtualmente, na semana passada, Adriana Barbosa e Flavia Bittencourt, CEOs da Feira Preta e da Adidas, respectivamente. As duas líderes conversaram com a redação sobre os desafios enfrentados pelas mulheres para subir na hierarquia das empresas conquistar o respeito dos demais líderes, em sua maioria homens.

Barbosa e Bittencourt reforçaram a importância das metas de diversidade . “Eu só cheguei ao cargo de CEO da Adidas porque a empresa decidiu que teria uma mulher no shortlist ”, afirmou a executiva. “Se fossem selecionar apenas profissionais do mercado de esportes, não haveria opções”. Presente na lista final, Bittencourt se destacou e ganhou a posição.

Para a fundadora da Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, para aumentar a diversidade, é preciso pensar em áreas estratégicas. “Para definir uma política de diversidade, primeiro você tem de saber onde estão as mulheres e os negros. Depois, é preciso colocar as pessoas certas nos setores que causarão a maior transformação”, disse Barbosa. “Não basta aumentar a diversidade, é preciso vivê-la.”

Mudar a cultura das empresas tem um papel fundamental no processo de inclusão. Bittencourt chamou atenção para a bagagem emocional que as mulheres carregam, que gera um sentimento de culpa por não poder dar atenção aos filhos, por exemplo. “Os homens não carregam isso. Eles não sentem essa culpa”, afirmou. “É uma bagagem de insegurança, mas nada disso é verdade. É possível ser mãe e executiva e também não precisamos nos masculinizar para chegar lá.”

Flavia Bittencourt, CEO da Adidas: "É possível ser mãe e executiva e também não precisamos nos masculinizar para chegar lá” (Leandro Fonseca/Exame)

Mulheres negras enfrentam um desafio duplo por terem de lidar com o machismo e com o racismo. A educação é a chave para mudar essa realidade. “Conhecemos pouco da nossa história. Aprendemos que fomos escravizados, mas por que os povos africanos? Existe um motivo que nos trouxe até aqui e essa história não nos é contada”, disse Barbosa. “Precisamos de um novo entendimento e ressignificar nossa história e nossas crenças.”

Tendência de mercado

A maior preocupação com a diversidade nas empresas cresce a partir do momento em que isso se torna uma exigência dos consumidores. “À medida que as empresas precisam pensar em produtos para a diversidade, ela passa a se preocupar com a questão”, afirmou Barbosa. Para ela, o mundo corporativo começa a desenvolver metas mais claras de inclusão, o que se reflete em planos melhores.

Para Bittencourt, a disponibilidade de dados também tem ajudado. “Se não mede não atua em cima”, diz a executiva, que antes da Adidas ocupava a presidência da Sephora, do setor de cosméticos. O processo, no entanto, é lento. “Ninguém muda de patamar em um ano”, afirma. “Por isso, precisamos de metas.”

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