Bitcoin vs ether: um rali de alta volatilidade com estimativas otimistas
Após alguns meses de queda, valorização nas últimas semanas aponta para um cenário positivo para mercado nos últimos trimestres do ano
Lucas Josa
Publicado em 28 de agosto de 2021 às 12h43.
As notícias dos últimos dias sobre o mercado criptoativos têm se concentrado nas principais moedas digitais para investimento de médio e longo prazo: bitcoin e ether.
Nos últimos 8 meses, as moedas apresentaram valorizações expressivas. O preço do bitcoin subiu quase 300% e o ether atingiu uma alta de 700%, em relação à 2020. Esses dados impulsionaram o mercado de criptomoedas a atingirem uma capitalização de mercado de 2 trilhões de dólares.
Mas, o que levou as criptomoedas a atingirem essa alta de preços e desencadear mais um intenso rali? O que fez com que o bitcoin atingisse mais de US$ 64.000 e recuasse para cerca de US$ 30.000 enquanto o ether disparou até os US$ 4.300 e depois recuou até os US$ 1.800? Apesar de complexo, existem uma série de razões para esse rali de mercado.
Mineração
É de amplo conhecimento, que a mineração de bitcoins consome uma grande quantidade de energia. A China, um dos maiores centros de mineração do mundo, foi responsável pela extração de cerca de dois terços dos bitcoins minerados no mundo inteiro em 2020. Para isso, utilizou 86 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, sendo que, minerações movidas a carvão acabaram emitindo em torno de 57 milhões de toneladas de CO2.
Como resultado, as autoridades chinesas passaram a reprimir a atividade, fechando cerca de 26 grandes centros de mineração, o que levou a perda de 70% da capacidade de extração de bitcoins no país. Essa ação levou a redução no preço da moeda, uma vez que, os mineradores, que possuem grandes quantidades do criptoativo, tiveram que vender parte de seus bitcoins para arcar com o custo de deslocamento e implantação de novos centros de mineração em destinos como Alberta no Canadá, Texas e Cazaquistão. Após esse período de movimentação e acomodação dos mineradores para outras regiões, o bitcoin começou a mostrar sinais de recuperação, e foi negociado em um patamar próximo aos US$ 50.000 na última semana.
Regulamentação
O governo Biden criou um projeto de lei de infraestrutura de US$ 1,2 trilhões e, uma emenda bipartidária ao projeto, que pode ameaçar a indústria americana de criptoativos e blockchain, pois já foi aprovada pelo Senado.
A emenda se refere a uma arrecadação financeira de US$ 28 bilhões para o projeto, a partir de transações realizadas com criptomoedas, mineradoras, validadores de nós, desenvolvedores, corretoras e, até mesmo, criadores de tokens NFTs, visto que a emenda estendeu a definição de corretor para qualquer pessoa que forneça serviços de transferências de ativos digitais. Essa alteração modifica a forma como o Internal Revenue Service (IRS) tributa ativos digitais, expandindo a incerteza do mercado e, consequentemente, aumentando a volatilidade do mercado.
Como próximo passo, o projeto deverá ser encaminhado para a Câmara dos Representantes para possíveis alterações e, posteriormente, será votado. O esclarecimento dessas regras de tributação, tendem a trazer mais segurança para investidores institucionais, o que consequentemente, que por sua vez, pode gerar um aumento substancial no fluxo de entrada de capital institucional nesta classe de ativos.
Investidores
Esse debate entre legisladores americanos sobre criptomoedas provocado pelo projeto de infraestrutura não afugentou investidores institucionais. Apesar das discussões, o governo tem demonstrado uma atenção em relação aos desdobramentos do projeto e, o apoio de investidores institucionais para criação de regulamentações para o setor tem evidenciado que a indústria está sendo reconhecida, aceita e fortemente adotada.
De acordo com a Glassnode, empresa de dados sobre blockchain localizada em Berlim, esses investidores impulsionaram o valor do bitcoin em cerca de 20%, por acreditarem mais na adoção do bitcoin como reserva de valor, do que em possíveis entraves jurídicos que sejam relevantes para o setor. Esse cenário pode ser comprovado com o aumento de 10% no volume de transações de bitcoin com um volume de pelo menos US$ 1 milhão.
O recente aumento no valor do bitcoin tem sido acompanhado também por outros criptoativos, como cardano, binance coin, ripple, solana e ether, que também tiveram um aumento exponencial desde a baixa dos últimos meses.
Ethereum 2.0
Essa valorização recente do ether, se dá em virtude da atualização da blockchain Ethereum, que altera seu mecanismo de consenso de proof-of-work para o proof-of-stake. Essa mudança irá minimizar as emissões de carbono da plataforma em até mil vezes, além de alterar as taxas de GAS (Gwei) e reduzir a quantidade ether disponível no mercado, que por sua vez, pode tornar o ativo deflacionário e ainda mais atrativo para os investidores.
Por conta da divulgação da atualização da plataforma Ethereum, o ether atingiu 26% do volume de comercialização de criptoativos na Coinbase no segundo trimestre, ultrapassando os respectivos o bitcoin, responsável por 24% do volume.
Crescimento de produtos no ecossistema Ethereum
A atualização da plataforma Ethereum, refletiu na expansão dos endereços de Ethereum em até 65%, bem como no aumento de 75% no número de transferências de NFTs, um outro aspecto responsável pela valorização da criptomoeda do ecossistema Ethereum, acompanhado pelas plataformas DeFi. A crescente popularização de produtos DeFi, como empréstimos e seguros, e o novo hype por trás da criação artes digitais utilizando tokens não-fungíveis, impulsionaram fortemente o aumento no preço do ether.
Forrest Przybysz, analista da Token Metrics, acredita que o ether atingirá US$ 8.000 até o final do ano, tornando-se uma reserva de valor. O Finder, site de comparação de finanças pessoais, reuniu 42 especialistas em criptoativos, que prevêem que o ether poderá atingir US$ 4.596, até o final do ano. Esses também consideram que a moeda poderá atingir US$ 17.810 no final de 2025 e US$ 71.763 até 2030 com a possibilidade de ultrapassar o próprio bitcoin durante esse período.
Já no cenário do bitcoin, para Mike McGlone da Bloomberg Intelligence, o valor da moeda digital continuará crescendo, com a possibilidade de alncançar a velha previsão dos US$ 100.000. Já os cautelosos como David Russell da TradeStation, acreditam que depois da grande alta, o preço do bitcoin se permanecerá estável.
Portanto, o que se vê é que mesmo com o histórico de volatilidade do mercado de criptoativos, existe uma perspectiva otimista para o futuro das moedas digitais, principalmente por conta de um possível aumento exponencial no número de investidores, que com certeza terão que continuar lidando com o risco de oscilação dos ativos, que é um risco permanente deste mercado.
*Alex Nascimento é autor do best seller "The STO Financial Revolution" e sócio da 7CC Blockchain Investments, além de professor de Blockchain & STOs na Universidade UCLA (EUA), onde atua como cofundador do Blockchain@UCLA Lab.
As notícias dos últimos dias sobre o mercado criptoativos têm se concentrado nas principais moedas digitais para investimento de médio e longo prazo: bitcoin e ether.
Nos últimos 8 meses, as moedas apresentaram valorizações expressivas. O preço do bitcoin subiu quase 300% e o ether atingiu uma alta de 700%, em relação à 2020. Esses dados impulsionaram o mercado de criptomoedas a atingirem uma capitalização de mercado de 2 trilhões de dólares.
Mas, o que levou as criptomoedas a atingirem essa alta de preços e desencadear mais um intenso rali? O que fez com que o bitcoin atingisse mais de US$ 64.000 e recuasse para cerca de US$ 30.000 enquanto o ether disparou até os US$ 4.300 e depois recuou até os US$ 1.800? Apesar de complexo, existem uma série de razões para esse rali de mercado.
Mineração
É de amplo conhecimento, que a mineração de bitcoins consome uma grande quantidade de energia. A China, um dos maiores centros de mineração do mundo, foi responsável pela extração de cerca de dois terços dos bitcoins minerados no mundo inteiro em 2020. Para isso, utilizou 86 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, sendo que, minerações movidas a carvão acabaram emitindo em torno de 57 milhões de toneladas de CO2.
Como resultado, as autoridades chinesas passaram a reprimir a atividade, fechando cerca de 26 grandes centros de mineração, o que levou a perda de 70% da capacidade de extração de bitcoins no país. Essa ação levou a redução no preço da moeda, uma vez que, os mineradores, que possuem grandes quantidades do criptoativo, tiveram que vender parte de seus bitcoins para arcar com o custo de deslocamento e implantação de novos centros de mineração em destinos como Alberta no Canadá, Texas e Cazaquistão. Após esse período de movimentação e acomodação dos mineradores para outras regiões, o bitcoin começou a mostrar sinais de recuperação, e foi negociado em um patamar próximo aos US$ 50.000 na última semana.
Regulamentação
O governo Biden criou um projeto de lei de infraestrutura de US$ 1,2 trilhões e, uma emenda bipartidária ao projeto, que pode ameaçar a indústria americana de criptoativos e blockchain, pois já foi aprovada pelo Senado.
A emenda se refere a uma arrecadação financeira de US$ 28 bilhões para o projeto, a partir de transações realizadas com criptomoedas, mineradoras, validadores de nós, desenvolvedores, corretoras e, até mesmo, criadores de tokens NFTs, visto que a emenda estendeu a definição de corretor para qualquer pessoa que forneça serviços de transferências de ativos digitais. Essa alteração modifica a forma como o Internal Revenue Service (IRS) tributa ativos digitais, expandindo a incerteza do mercado e, consequentemente, aumentando a volatilidade do mercado.
Como próximo passo, o projeto deverá ser encaminhado para a Câmara dos Representantes para possíveis alterações e, posteriormente, será votado. O esclarecimento dessas regras de tributação, tendem a trazer mais segurança para investidores institucionais, o que consequentemente, que por sua vez, pode gerar um aumento substancial no fluxo de entrada de capital institucional nesta classe de ativos.
Investidores
Esse debate entre legisladores americanos sobre criptomoedas provocado pelo projeto de infraestrutura não afugentou investidores institucionais. Apesar das discussões, o governo tem demonstrado uma atenção em relação aos desdobramentos do projeto e, o apoio de investidores institucionais para criação de regulamentações para o setor tem evidenciado que a indústria está sendo reconhecida, aceita e fortemente adotada.
De acordo com a Glassnode, empresa de dados sobre blockchain localizada em Berlim, esses investidores impulsionaram o valor do bitcoin em cerca de 20%, por acreditarem mais na adoção do bitcoin como reserva de valor, do que em possíveis entraves jurídicos que sejam relevantes para o setor. Esse cenário pode ser comprovado com o aumento de 10% no volume de transações de bitcoin com um volume de pelo menos US$ 1 milhão.
O recente aumento no valor do bitcoin tem sido acompanhado também por outros criptoativos, como cardano, binance coin, ripple, solana e ether, que também tiveram um aumento exponencial desde a baixa dos últimos meses.
Ethereum 2.0
Essa valorização recente do ether, se dá em virtude da atualização da blockchain Ethereum, que altera seu mecanismo de consenso de proof-of-work para o proof-of-stake. Essa mudança irá minimizar as emissões de carbono da plataforma em até mil vezes, além de alterar as taxas de GAS (Gwei) e reduzir a quantidade ether disponível no mercado, que por sua vez, pode tornar o ativo deflacionário e ainda mais atrativo para os investidores.
Por conta da divulgação da atualização da plataforma Ethereum, o ether atingiu 26% do volume de comercialização de criptoativos na Coinbase no segundo trimestre, ultrapassando os respectivos o bitcoin, responsável por 24% do volume.
Crescimento de produtos no ecossistema Ethereum
A atualização da plataforma Ethereum, refletiu na expansão dos endereços de Ethereum em até 65%, bem como no aumento de 75% no número de transferências de NFTs, um outro aspecto responsável pela valorização da criptomoeda do ecossistema Ethereum, acompanhado pelas plataformas DeFi. A crescente popularização de produtos DeFi, como empréstimos e seguros, e o novo hype por trás da criação artes digitais utilizando tokens não-fungíveis, impulsionaram fortemente o aumento no preço do ether.
Forrest Przybysz, analista da Token Metrics, acredita que o ether atingirá US$ 8.000 até o final do ano, tornando-se uma reserva de valor. O Finder, site de comparação de finanças pessoais, reuniu 42 especialistas em criptoativos, que prevêem que o ether poderá atingir US$ 4.596, até o final do ano. Esses também consideram que a moeda poderá atingir US$ 17.810 no final de 2025 e US$ 71.763 até 2030 com a possibilidade de ultrapassar o próprio bitcoin durante esse período.
Já no cenário do bitcoin, para Mike McGlone da Bloomberg Intelligence, o valor da moeda digital continuará crescendo, com a possibilidade de alncançar a velha previsão dos US$ 100.000. Já os cautelosos como David Russell da TradeStation, acreditam que depois da grande alta, o preço do bitcoin se permanecerá estável.
Portanto, o que se vê é que mesmo com o histórico de volatilidade do mercado de criptoativos, existe uma perspectiva otimista para o futuro das moedas digitais, principalmente por conta de um possível aumento exponencial no número de investidores, que com certeza terão que continuar lidando com o risco de oscilação dos ativos, que é um risco permanente deste mercado.
*Alex Nascimento é autor do best seller "The STO Financial Revolution" e sócio da 7CC Blockchain Investments, além de professor de Blockchain & STOs na Universidade UCLA (EUA), onde atua como cofundador do Blockchain@UCLA Lab.