Ciência

Visão de homem cego é parcialmente restaurada com nova terapia genética

Homem francês de 58 anos tem caso incomum de retinite pigmentosa; a primeira coisa que o paciente enxergou foi uma faixa de pedestres

Montagem experimental, onde o voluntário foi solicitado a dizer se o copo estava ou não sobre a mesa branca. As respostas comportamentais e a atividade cerebral foram registradas simultaneamente (Nature Medicine/Reprodução)

Montagem experimental, onde o voluntário foi solicitado a dizer se o copo estava ou não sobre a mesa branca. As respostas comportamentais e a atividade cerebral foram registradas simultaneamente (Nature Medicine/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 26 de maio de 2021 às 06h00.

Uma equipe de cientistas na França anunciou na última segunda-feira, 24, que restaurou parcialmente a visão de um homem cego através de uma nova terapia genética chamada optogenética.

A optogenética é uma ferramenta que usa luz para ativar células cerebrais específicas. O relatório foi publicado na revista Nature Medicine e é o primeiro a descrever o uso bem-sucedido desse tratamento.

O paciente é um homem francês de 58 anos com um caso incomum de retinite pigmentosa. Como suas células detectoras de luz na retina haviam morrido há muito tempo, os médicos inseriram uma proteína comumente encontrada em algas que os ajuda a migrar em direção a fontes de luz.

Nova no mundo da medicina, a ferramenta de optogenética ainda está muito longe de oferecer visão total. Há uma grande diferença entre algas fotossintéticas e o olho humano, portanto, a nova terapia não restaurou a visão do homem aos níveis normais.

O voluntário também não conseguiu ver cores e teve que usar óculos especiais para conseguir ver objetos borrados em um campo de visão estreito a primeira coisa que ele viu, inclusive, foi uma faixa de pedestres, meses após o início do procedimento.

Quando o homem retornou ao laboratório, os pesquisadores descobriram que ele podia estender a mão e tocar um caderno sobre a mesa, mas tinha menos sorte com uma caixa menor de grampos. O voluntário também conseguiu contar o número de copos em sua frente corretamente 12 de 19 vezes.

“Este paciente inicialmente ficou um pouco frustrado porque demorou muito entre a injeção e o momento em que ele começou a ver algo”, disse o doutor José-Alain Sahel, médico que tratou do paciente, à BBC. “Mas quando ele começou a relatar espontaneamente ele conseguiu ver as listras brancas do outro lado da rua, você pode imaginar que ele estava muito animado. Estávamos todos entusiasmados.”

A retinite pigmentosa é uma doença genética complexa e as proteínas das algas são uma solução brusca. Mesmo assim, os autores do relatório estão otimistas com o resultado e afirmam que ele é uma prova de que tratamentos mais eficazes estão por vir.

Acompanhe tudo sobre:CegosGenética

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada