Ciência

Vírus modificado pode ajudar a bloquear coronavírus, diz estudo

Novo estudo aponta que vírus da parainfluenza 5 pode ser útil em tratamentos contra o novo coronavírus

Coronavírus: novo estudo indica tratamento com vírus com adição genética (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

Coronavírus: novo estudo indica tratamento com vírus com adição genética (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 10 de abril de 2020 às 08h57.

Última atualização em 10 de abril de 2020 às 08h57.

Conforme os casos do novo coronavírus aumentam em todo o mundo, cientistas ainda estão desenvolvendo vacinas ou remédios que possam ser utilizados em tratamentos. Diversos estudos clínicos estão sendo feitos todos os dias e, entre eles, está um estudo realizado pela Sociedade Americana de Microbiologia, nos Estados Unidos, que indica uma abordagem com laser para encontrar uma estratégia para combater o vírus SARS-Cov-2. 

A abordagem foi utilizada, pela primeira vez, durante o surto da Síndrome Respiratória do Oriente Médio, MERS, em 2012. O método consiste em adicionar um gene extra a um vírus de RNA, que é o vírus da parainfluenza 5 - PIV5. Esse vírus é responsável por causar crises de tosse em cães, mas é, até então, inofensivo para seres humanos.

Com a adição do gene, os pesquisadores perceberam que as células infectadas produziram a glicoproteína S, que é presente no organismo de quem foi infectado pela MERS. Para testar a vacina, Paul McCray, da Universidade de Iowa, criou um modelo de camundongo que consegue imitar infecções de seres humanos. Tendo como base os animais geneticamente modificados, foi possível usar a proteína para entrar nas células humanas. 

Quatro semanas após os ratos terem recebido a vacina por via intranasal, os cientistas os expuseram a uma cepa do vírus da MERS, que foi adaptada para causar uma infecção letal. Os animais foram divididos em dois grupos: os que foram vacinados com os genes da proteína S - que deixa o MERS inativo -, e os que receberam a vacina sem os genes.

Os que receberam a vacina com o gene conseguiram sobreviver, enquanto os que receberam a vacina com o MERS ativo acabaram morrendo. Sendo assim, apenas 25% dos ratos de laboratório sobrevivem a infecção letal - os que não morreram apresentaram níveis acima da média de eosinófilos e glóbulos brancos, que representam infecção ou inflamação.

Em comentário no estudo, McCray comentou que esse é o início de vários testes com vírus: "Estamos bastante interessados ​​em usar vírus como veículos de entrega de genes", que adicionou que investigou estratégias similares para tratar pacientes do novo coronavírus, e que pretende continuar utilizando camundongos geneticamente modificados.

Segundo ele, os cientistas estão correndo contra o tempo para desenvolver uma vacina eficaz: "Cem por cento da população não será exposta ao vírus na primeira vez, o que significa que haverá mais pessoas para infectar quando voltar. Ainda não sabemos se as pessoas têm imunidade duradoura contra a infecção por SARS-CoV-2, por isso é importante pensar em maneiras de proteger a população", completou o pesquisador.

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