Ciência

Vendas de vacinas contra covid podem gerar até US$ 190 bi para fabricantes

Sinovac e Sinopharm devem responder por pelo menos 25% da receita total

Pessoas em fila para vacinação no Brasil (Foto/Bloomberg)

Pessoas em fila para vacinação no Brasil (Foto/Bloomberg)

Por James Paton, da Bloomberg

Fabricantes de vacinas contra a covid-19 devem gerar até US$ 190 bilhões em vendas neste ano se atingirem as metas de produção, sendo que duas empresas chinesas responderão por pelo menos 25% da receita.

A estimativa da Airfinity lança luz sobre como nove empresas, incluindo as americanas Pfizer e Moderna, juntamente com as chinesas Sinovac Biotech e Sinopharm, dividirão a participação no mercado de vacinas contra a covid. Restrições e menor produção podem reduzir as vendas finais de 2021 para a faixa acima de US$ 115 bilhões, segundo a empresa de pesquisa.

Desenvolvidos em tempo recorde e muitas vezes com forte apoio de fundos públicos, os imunizantes ajudam a salvar vidas, reabrir sociedades e evitar trilhões de dólares em custos econômicos. O acesso às doses para muitos países de baixa renda, no entanto, continua difícil, em parte por causa dos custos e concentração de vacinas em nações mais ricas.

“Este era um mercado que não existia há um ano”, disse Rasmus Bech Hansen, CEO da Airfinity, em entrevista. “São números muito significativos e é também por isso que nem todos os países conseguiram garantir os suprimentos necessários; porque requer um investimento considerável para vacinar toda a população.”

As previsões de receita dependem do preço e se as empresas atingem as metas de produção e entrega, onde algumas já enfrentaram desafios. A produção real de 2021 pode ser até 42% menor do que os níveis previstos pelas farmacêuticas, o que colocaria a receita em apenas US$ 97 bilhões, disseram os pesquisadores.

A Novavax, por exemplo, projetou aumentar a capacidade de fabricação para mais de 2 bilhões doses este ano; a Airfinity estima pouco mais de 400 milhões de doses da vacina, que ainda não foi liberada para uso emergencial. A empresa espera ter capacidade para fabricar 100 milhões de doses por mês até o final do terceiro trimestre e chegar a 150 milhões de doses mensais até o quarto trimestre.

“Ainda esperamos atingir uma taxa de execução de aproximadamente 2 bilhões de doses por ano até o fim de 2021 e ao longo de 2022”, disse uma porta-voz por e-mail.

A China tem um papel de peso na imunização mundial, pelo menos por enquanto, tendo enviado mais doses para o exterior do que todas as outras nações combinadas, enquanto a Índia enfrenta uma nova onda de covid que interrompeu as exportações de vacinas. A Sinovac pode faturar até US$ 25 bilhões, e a Sinopharm até US$ 23 bilhões, com cada uma atraindo pelo menos US$ 16 bilhões, mostram os dados. As vendas indicam que a China vê oportunidade de ganhar vantagem comercial, além do peso geopolítico.

A falta de detalhes nos contratos dificulta prever as vendas, pois fabricantes de medicamentos frequentemente usam modelos de preços com base nos níveis de renda dos países.

Pfizer e Moderna podem responder por até US$ 44 bilhões e US$ 32 bilhões, respectivamente, embora os números devam ser menores. A Pfizer tem previsão de vendas de US$ 26 bilhões este ano para sua vacina desenvolvida com a BioNTech, enquanto a Moderna calcula receita de cerca de US$ 19 bilhões.

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