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Agência O Globo
Publicado em 13 de agosto de 2021 às 19h35.
A variante Gama do Sars-CoV-2, a mais comum no Brasil, já está sofrendo mutações que a deixam mais parecida com a Delta, a cepa que tem provocado novas ondas de contágio pelo mundo.
A nova versão da Gama foi identificada pelo Genov, projeto científico da Dasa de vigilância por sequenciamento amostral do SARS-CoV-2 no Brasil, que já identificou seu avanço por diversos estados.
— Essa Gama identificada tem algumas mutações a mais do que a tradicional, algumas semelhantes a que a Delta tem. Por isso, poderíamos dizer que ela seria uma intermediária entre a Gama e a Delta.
A Gama plus seria fruto da evolução convergente, como explica o geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba. Isso significa que, se as mutações que formaram a Delta tornam o vírus mais bem adaptado, a tendência natural é que ele faça essa evolução.
Para Raskin, há maior risco de transmissibilidade porque a Gama Plus tem uma mutação específica, a P681H, que facilita a entrada do coronavírus na célula humana. A mesma mutação está presente na Delta. No entanto, ainda não há comprovação que Gama plus seja mais transmissível que a Gama tradicional.
Das 11 amostras de maio que registraram a mutação P681H, cinco são do estado de Goiás, duas do Tocantins, uma do Mato Grosso, uma do Ceará, uma de Santa Catarina e uma do Paraná. Em junho foram identificadas, ainda, três amostras da variante Delta no Paraná (Curitiba, Cascavel e Matinhos) e um caso no Rio de Janeiro.
— Essa mutação [a P681H] já havia sido vista em outras variantes no mundo, incluindo todas as variantes de preocupação, mas não era muito comum na Gama. No entanto, temos visto um aumento em sua ocorrência nas amostras brasileiras — explica o coordenador do Genov e virologista da Dasa, José Eduardo Levi.