Ciência

Vacinas para covid-19 em fase 3 não significa estar "quase lá", diz OMS

Há seis candidatas já na fase 3, sendo três da China, uma da AstraZeneca em parceria com a Universidade Oxford, outra da Moderna e a última, da Pfizer

Vacina: fato de haver várias candidatas, não apenas na fase 3, mas também em etapas anteriores do processo, é um fator positivo, segundo a OMS (Bill Oxford/Getty Images)

Vacina: fato de haver várias candidatas, não apenas na fase 3, mas também em etapas anteriores do processo, é um fator positivo, segundo a OMS (Bill Oxford/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 14h49.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 17h41.

Diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan afirmou nesta quinta-feira, 6, que o fato de uma candidata a vacina para covid-19 chegar à fase 3 de ensaios clínicos não significa que ela esteja "quase lá" para ser utilizada.

Durante entrevista coletiva, Ryan lembrou que há seis candidatas já na fase 3, sendo três da China, uma da AstraZeneca em parceria com a Universidade Oxford, outra da Moderna e a última, da Pfizer, mas também notou que não necessariamente uma delas será bem-sucedida.

"A fase 3 não significa quase lá. Significa que é a primeira vez que a vacina será aplicada na população em geral, em indivíduos saudáveis, para ver se ela os protegerá", detalhou Ryan. "Na verdade, é o início. Até agora, todos os estudos têm sido sobre segurança, imunidade", entre outros pontos. "Agora, é uma corrida para a vacina comprovar que é eficaz em um grande número de pessoas ao longo do tempo."

Ryan disse que há elementos positivos nessa busca, como o fato de haver várias candidatas, não apenas na fase 3, mas também em etapas anteriores do processo. Ele também afirmou ser positivo o fato de que há métodos distintos entre elas, a partir de diferentes países.

"Não há garantia que nenhuma dessas seis nos dará a resposta e provavelmente precisaremos de mais de uma vacina para fazer esse serviço", disse, enfatizando o trabalho feito pela OMS com parceiros pelo mundo para acompanhar as pesquisas, realizar testes clínicos em países com alta contaminação e coordenar esse esforço.

Alternativa ao lockdown

Diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan afirmou nesta quinta-feira, 6, durante entrevista coletiva que a adoção de restrições mais duras à circulação (lockdowns) é um "instrumento brusco", que suprime os contágios da covid-19 ao afastar as pessoas. Segundo ele, uma alternativa a isso é buscar "uma estratégia mais sofisticada, em tempo real, localizada, orientada e abrangente", baseada em dados locais e em ações locais para conter o quadro.

Ryan disse que governos e comunidades devem buscar "um novo acordo". As pessoas devem ser orientadas e participar do esforço contra o vírus, por exemplo com o uso de máscaras e evitando locais lotados, além de fazer quarentena, se necessário.

Também presente na coletiva, a líder da resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove, enfatizou a necessidade de que os países tenham a capacidade de detectar casos da doença, combatendo o problema com rapidez e evitando novos focos de contágio.

Ryan ainda foi questionado sobre o impacto da doença sobre os indígenas. "Esse impacto é real", apontou. Segundo ele, há dúvidas se elementos como a genética ou a etnicidade dessas populações influenciam no caso do vírus. Existe, de qualquer modo, a certeza de que alguns fatores nessas populações são riscos, como muitas vezes a falta de acesso a cuidados de saúde adequados, a pobreza, o racismo e doenças pré-existentes, disse.

 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusOMS (Organização Mundial da Saúde)PandemiaSaúdeVacinas

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus