Ciência

Vacina de Oxford é 10% eficaz contra variante da África do Sul, mas evita mortes

A África do Sul, local onde a variante apareceu pela primeira vez, aprovou a vacina de Oxford, mas, neste domingo, 7, suspendeu o uso dela no país

Oxford: vacina é pouco eficaz contra nova variante (Ricardo Moraes/Reuters)

Oxford: vacina é pouco eficaz contra nova variante (Ricardo Moraes/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 11h06.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2021 às 11h39.

A vacina da Oxford/AstraZeneca contra o novo coronavírus oferece cerca de 10% de proteção contra a variante encontrada na África do Sul, segundo um novo estudo divulgado nesta segunda-feira, 8.

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A pesquisa, que teve uma pequena amostra, afirmou que a eficácia do imunizante protegeu "um pouco" as pessoas contra casos leves e moderados da covid-19, mas eles esperam que a vacina "ainda conseguirá oferecer uma proteção significante contra infecções mais sérias".

A África do Sul, local onde a variante apareceu pela primeira vez, aprovou a vacina de Oxford, mas, neste domingo, 7, suspendeu o uso dela no país. O motivo, segundo o governo, é que a vacina oferece “proteção limitada” contra doenças leves e moderadas causadas pela variante do vírus.

Para o ministro de saúde do Reino Unido, uma dose anual da vacina pode se tornar "o novo normal" para todas as pessoas ao mesmo passo em que cientistas trabalham para atualizar os imunizantes conforme as mutações do vírus vão acontecendo.

Em entrevista à BBC, o professor Shabir Madhi, da Universidade Witwatersrand, que comandou o teste, afirmou que, apesar de o estudo ser pequeno, "foi focado em determinar se a vacina tinha ao menos 60% de eficácia contra a covid-19 em qualquer grau de severidade".

"Os resultados que nós temos agora contra a variante estimam uma eficácia de 10%. Claramente isso é bem distante dos 60% e, mesmo com um estudo maior, você tem poucas chances de conseguir uma eficácia de 40% ou 50%", disse ele. "O que o estudo nos diz é que, em um grupo de pessoas relativamente jovens – com prevalência baixa de comorbidades como hipertensão e diabetes – a vacina não protege contra infecções leves e moderadas."

Para ele, a eficácia contra quadros mais graves pode ser inferida com base na vacina da americana Johnson & Johnson, que usa uma tecnologia similar à de Oxford. A expectativa é que o imunizante britânico funcione tão bem quanto o da J&J.

Nos testes realizados pelos cientistas, os anticorpos foram, em média, 81% eficazes em neutralizar o vírus, bem como no bloqueio de outras variantes mais antigas. Isso significa que a mutação E484K não deve afetar dramaticamente a proteção da vacina.

Na semana passada, a AstraZeneca divulgou que sua vacina teve uma eficácia estimada de 75%, ante 84% para outras variantes mais antigas.

As americanas Johnson & Johnson e Novavax descobriram que seus imunizantes também são menos eficazes contra a cepa encontrada na África do Sul.

A eficácia da vacina da J&J apresentou uma variação nos locais em que foi testada. Nos Estados Unidos, ela teve 72% de eficácia, 66% na América Latina e 57% na África do Sul.

Já a Novavax, anunciou que a eficácia de sua vacina (89,3%) e afirmou que ela também não é tão eficaz contra a cepa encontrada no país africano, aumentando a preocupação com as vacinas já aprovadas no mundo todo.

Produzir (ou atualizar) uma vacina que funcione contra as novas variantes do vírus se tornou essencial nos últimos meses, com o surgimento de novas mutações.

Todos os vírus existentes no mundo passam por mutações – até mesmo a gripe. Isso acontece porque, uma vez no organismo humano, o vírus tende a procurar formas de evoluir geneticamente, tornando-se mais resistentes ao uso de medicamentos, por exemplo.

Isso não significa que as vacinas não funcionam, mas sim que elas precisarão ser atualizadas frequentemente – quase como a da gripe.

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