Ciência

Vacina da Pfizer pode ser ineficaz contra variante da covid-19, diz estudo

Pesquisa recente mostra que dois terços de amostras de sangue já vacinas foram infectadas com a cepa sul-africana do vírus Sars-CoV-2

Covid-19: variantes da doença preocupam empresas farmacêuticas (Justin Tallis/Pool/Getty Images)

Covid-19: variantes da doença preocupam empresas farmacêuticas (Justin Tallis/Pool/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 10h11.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2021 às 13h34.

As novas variantes do vírus Sars-CoV-2 preocupam cada vez mais a comunidade científica. Um estudo recente aponta que a vacina produzida pela Pfizer em conjunto com a BioNTech pode ser menos efetiva para imunizar pacientes contra a variante sul-africana do novo coronavírus. De acordo com a pesquisa, a vacina pode ser até dois terços menos efetiva contra esta cepa.

Publicado no New England Journal of Medicine, o estudo mostra que a vacina ainda seria capaz de neutralizar o vírus. Ao mesmo tempo, os pesquisadores notaram uma redução na atividade dos anticorpos que lutam contra a mutação sul-africana do coronavírus, o que tornaria o imunizante menos eficiente contra esta variante da covid-19.

Para realizar o estudo, cientistas das duas empresas envolvidas na fabricação da vacina e pesquisadores da Universidade do Texas desenvolveram um vírus que continha as principais mutações já descobertas da covid-19. Este vírus criado em laboratório, por sua vez, foi testado contra amostras de sangue de pessoas que já receberam o imunizante. Dois terços das amostras foram infectadas com a doença.

A taxa de dois terços assusta em um primeiro momento. Mas é preciso relativizar. Como não existe uma média padrão que defina o nível dos anticorpos necessários para proteger um organismo contra o vírus, ainda é incerto afirmar que os um resultado de dois terços de ineficiência em amostras testadas em laboratório sirvam de parâmetro para declarar que a vacina é mais ou menos eficiente contra novas cepas.

Por isso, uma discussão mais detalhada acerca do tema deverá ser realizada nesta quinta-feira (18) por cientistas da África do Sul, conforme reportado pelo The Guardian. Dependendo do que for decidido, o governo local poderá optar pelo uso de outras vacinas e que podem apresentar resultados melhores na imunização contra esta cepa.

Ainda que não seja conclusiva, a nova pesquisa vai em direção ao que afirmou Albert Bourla, presidente Pfizer, no fim de janeiro. Segundo o executivo, seria possível que as atuais vacinas não fossem eficazes contra novas cepas do coronavírus. "É alta a possibilidade de que isso um dia aconteça", disse Bourla durante um evento digital do Fórum Econômico Mundial de Davos.

Mais recentemente e com base em um estudo científico, porém, a farmacêutica almã informou que sua vacina garantia imunidade contra as variantes da covid-19 após os pacientes tomarem as duas doses do imunizante. A pesquisa foi realizada por uma equipe de virologistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e ainda precisa ser revisada.

Em todo o caso, os resultados do estudo mais recente sobre o imunizante se tornaram um motivo a mais de preocupação com a pandemia. Questionada sobre outros testes, a Pfizer já informou que está realizando pesquisas similares para avaliar a eficácia de sua vacina contra outras variantes do novo coronavírus, como uma encontrada nas últimas semanas no Brasil.

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