Pfizer: vacina contra o novo coronavírus tem eficácia de 95% (Justin Tallis/Pool/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 14h32.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 14h39.
Relatos de reações alérgicas às vacinas contra o novo coronavírus que começaram a ser aplicadas nos Estados Unidos e no Reino Unido estão preocupando autoridades de saúde. E com razão. Ainda que raros, os efeitos adversos em algumas pessoas, podem ser considerados graves. Nesta semana, dois profissionais de saúde que tomaram a vacina da Pfizer/BioNTech precisaram ser hospitalizados no Alaska.
Conforme reportado pelo The New York Times, as reações alérgicas começaram minutos após os profissionais receberem a aplicação dos imunizantes. O caso chama a atenção porque um dos voluntários, até então, nunca havia apresentado qualquer quadro alérgico em relação à anafilaxia. Segundo o Instituto de Segurança de Vacinas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, a reação que causa irritação na pele, náuseas, vômitos, dificuldade respiratória e choque hemorrágico. Por isso, pode ser fatal.
Já o segundo voluntário hospitalizado no Alaska apresentou sintomas diferentes após receber a vacina. O trabalhador apresentou um quadro de olhos inchados, tontura, garganta arranhada. Tudo em menos de 10 minutos após a aplicação. Ele foi tratado com epinefrina e anti-histamínicos. A recuperação levou cerca de uma hora.
Em ambos os casos, os profissionais de saúde mostraram preocupação de que suas alergias, ainda que raras, possam desencorajar outras pessoas a tomarem a vacina. “As reações alérgicas às vacinas são raras, mas não inéditas. E isso acontece na maioria das vacinas”, afirmou Jason Schwartz, professor assistente de política de saúde na Escola de Saúde Pública, da Universidade de Yale. Schwartz disse ainda que isto não é motivo para que as campanhas de vacinação sejam interrompidas, adiadas ou canceladas.
Reações alérgicas mais graves após a aplicação da vacina também foram notadas no Reino Unido, mas os voluntários que apresentaram sintomas mais sérios já tinham um quadro alérgico. O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a aprovar a vacina da Pfizer com a BioNTech. A campanha de vacinação teve início na terça-feira (8).
O órgão regulador britânico atualizou suas orientações aos serviços de saúde alertando que “qualquer pessoa com histórico de reação alérgica significativa a uma vacina, medicamento ou alimento (como histórico de reação anafilactoide ou aqueles que foram aconselhados a transportar um autoinjetor de adrenalina) não devem receber a vacina Pfizer BioNTech".
O motivo dos casos estarem aparecendo agora e não durante os testes com a vacina é porque a Pfizer e a BioNTech não incluíram voluntários que já tiveram reações anafiláticas em seus ensaios clínicos, segundo Schwartz. Isso não significa que a vacina seja perigosa. Vale lembrar que foram realizados diferentes testes com o imunizante da Pfizer/BioNTech, que tem eficácia de 95% para o combate do vírus SARS-CoV-2.
Com os casos recentes, autoridades de saúde, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), recomendam que a maioria das pessoas seja monitorada por 15 minutos após receber a vacina contra a covid-19. “O tratamento médico apropriado para controlar as reações alérgicas imediatas deve estar imediatamente disponível no caso de uma reação anafilática aguda”, informou o CDC.
O Brasil convive com uma discussão diária em relação ao tema. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro criticou uma decisão do Supremo Tribunal Federal que torna obrigatória a aplicação da vacina. “O que o Supremo decidiu? Se você não quiser tomar vacina, eu, o presidente da República, os governadores ou prefeitos podem impor medidas restritivas a você. Não pode tirar passaporte, carteira de habilitação, pode botar em prisão domiciliar, olha que lindo”, reclamou o presidente em sua live semanal.